Diretora da OMS admite atraso na Covax Facility, mas crê em melhora
Mariângela Simão, vice-diretora geral da área de medicamentos da OMS (Organização Mundial da Saúde), afirmou que a entrega de vacinas ao Brasil pelo Covax Facility está atrasada por conta de problemas na fabricação, mas a tendência é que a situação se acerte nesse mês de abril.
"O Brasil está recebendo vacinas pelo Covax da AstraZeneca, que é produzida na Coreia do Sul. Era para ter recebido 2,5 milhões, mas recebeu apenas 1 milhão nessa primeira entrada porque o produto informou à OMS que estava com problemas na produção no mês de março", explicou à CNN.
Segundo a vice-diretora da OMS, a expectativa é que o Brasil possa receber todas as nove milhões de doses que foram alocadas para o país até o próximo mês, ou no mais tardar em junho. Mariângela Simão afirmou que há "bastante solidariedade com relação ao Brasil", mas alertou que o "suprimento global de vacinas no primeiro semestre está bastante comprimido".
"Ainda existe muita instabilidade na produção e na disponibilidade. Bom que vão entrar outras vacinas. A gente já tem a Jhonson e Jhonson com contrato no Covax Facility. Com relação a doação de doses nos EUA, estamos em negociações faz algum tempo. Os EUA têm colocado que primeiramente vão terminar a vacinação de seus cidadãos. Ainda estão com algum tempo para fazer isso", relatou a diretora da OMS.
Mariângela afirmou que o Covax Facility tem contratado 2.3 bilhões de doses de vacinas para esse ano e que a prioridade é a imunização de pessoas com maior risco e trabalhadores da saúde.
Auxílio da OMS ao Brasil
A vice-diretora da OMS criticou os questionamentos feitos de que o órgão não estivesse apoiando o Brasil durante a pandemia. Segundo ela, a Organização Mundial da Saúde vem auxiliando através da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), braço regional da OMS, "inclusive no momento com a compra de insumos emergenciais para as UTIs".
"Há um esforço global em auxiliar o Brasil neste momento, inclusive no esforço da produção local. Ainda inclui a importação de alguns dos produtos que são utilizados para fazer a vacina", afirmou Mariângela.
Passaporte da vacina
A vice-diretora da OMS criticou a ideia de um passaporte da vacina exigido para poder entrar e sair de alguns países. Segundo ela, a proposta é "excludente".
"Essa é uma questão que a OMS tem sido bastante clara. É claro que o indivíduo tem o direito de ter uma certificação de que tomou a vacina. Agora, um passaporte que seja utilizado para fins de turismo é altamente excludente porque no momento tem populações que já tiveram acesso à vacina e um enorme quantitativo da população que não teve acesso à vacina", ponderou.
Mariângela ressaltou que, até o momento, não há clareza nas evidências científicas de que as vacinas que temos impedem a transmissão do vírus.
"O que a gente tem clareza é que ela impede o desenvolvimento de doença severa e pode evitar que pessoas morram. Mas quem está tomando vacina está sujeito ao uso de máscaras e a outras prevenções", explicou.
Mariângela ainda chamou o passaporte da vacina de "contraproducente" e que vai "priorizar populações mais ricas e que já tiveram acesso".
"Não faz sentido do ponto de vista epidemiológico", finalizou.
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