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Lockdown seria 'fruto do fracasso de medidas de proteção', diz Queiroga

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga - WALLACE MARTINS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga Imagem: WALLACE MARTINS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Hanrrikson de Andrade e Rafael Bragança

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

24/04/2021 20h13

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, minimizou hoje as críticas de Jair Bolsonaro (sem partido) à possibilidade de um "lockdown" (paralisação total das atividade) como opção para frear a pandemia do coronavírus. Ele também não fez menção direta aos comentários do presidente sobre usar ou não as Forças Armadas para impedir que estados e municípios realizem medidas de restrição.

Na visão do representante do governo, a alternativa mais radical, se adotada, simbolizaria um "fracasso" na adoção de "medidas não farmacológicas" (como uso de máscara, distanciamento social, entre outras).

"O Ministério da Saúde não reage, ele age. Claro que se usarmos as medidas não farmacológicas, nunca vamos chegar ao lockdown. Lockdown é fruto do fracasso dessas medidas, e é nesse sentido que o presidente se manifesta", disse ele, em coletiva concedida na sede do ministério na tarde de hoje, em Brasília.

"Bom que fica bem claro. E as recomendações são para todos os brasileiros. Vamos trabalhar em um contexto para levar harmonia para a sociedade brasileira, para que consigamos vencer."

Desde que Queiroga assumiu o ministério, a gestão federal passou a defender ações que vêm sendo recomendadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde), especialistas e autoridades sanitárias desde o começo da pandemia, no ano passado. Além da importância do uso de máscara, há também o desincentivo às aglomerações.

Até pouco tempo, no entanto, Bolsonaro criticava aberta e explicitamente tais medidas de prevenção, sob argumento de que há danos à economia.

Com Queiroga à frente da pasta e o agravamento do caos social e sanitário provocado pela pandemia, o presidente amenizou o tom das críticas nos últimos meses e começou até mesmo a usar máscara em aparições públicas.

Bolsonaro, no entanto, não abriu mão do repúdio às restrições de circulação, interrupção de atividades comerciais e o estímulo ao distanciamento. Ontem (23), em entrevista para uma emissora de TV amazonense, o governante disse que eventualmente poderia acionar as Forças Armadas contra medidas de restrição adotadas nos estados e municípios.

"(...) Nossas Forças Armadas podem ir para rua um dia, sim (...) para fazer cumprir o artigo 5º [da Constituição]: o direito de ir e vir, acabar com essa covardia de toque de recolher, direito ao trabalho, liberdade religiosa."

As declarações de Bolsonaro incomodaram altos oficiais das Forças Armadas com o que eles consideraram ser uma "bravata" do presidente, segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo.

Queiroga disse também que "fala com o presidente todos os dias sobre os temas" que são convenientes a Bolsonaro, de acordo com o julgamento do mandatário.

"Sou ministro da Saúde escolhido por ele para gerir essa situação e creio que todos estão vendo o trabalho do ministério da Saúde com apoio do presidente da República", relativizou.