Covid: 'Pior ainda está por vir', diz ex-secretário do Ministério da Saúde
O epidemiologista Wanderson Oliveira disse hoje que "o pior ainda está por vir", em relação à pandemia da covid-19 no Brasil. De acordo com o ex-secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, o número de casos ainda deve aumentar com a chegada do inverno ao país a partir de junho.
A questão é que nós teremos uma probabilidade de uma nova recrudescência da pandemia em meados de 20 de junho, mais ou menos, por causa do inverno."
Wanderson Oliveira, em entrevista à rádio CBN
Atualmente secretário de serviços integrados de saúde do Supremo Tribunal Federal (STF), ele citou o histórico de aumento da circulação de vírus respiratórios durante a estação e comparou com o crescimento de casos da covid-19 no verão.
"Nós fizemos com que o vírus se comportasse de uma maneira atípica num período que não era esperado ter esse aumento de casos. Se você observar o que foi o verão no hemisfério norte entre junho e agosto de 2020, era daquela maneira que nós precisávamos ter vivido."
Vacinação não resolve o problema agora
Segundo o ex-secretário do Ministério da Saúde, nem mesmo o aumento da vacinação pode conter um novo pico da pandemia, uma vez que o país deveria ter vacinado ao menos todas as pessoas acima de 50 anos até maio.
"A vacinação que estamos fazendo é para que, em 2022, a gente ter, talvez, um verão muito menos trágico do que tivemos agora", declarou.
Além disso, Oliveira também prevê que a imunização contra a covid-19 pode ocorrer anualmente, a exemplo do que acontece com a vacina da gripe.
O epidemiologista avaliou que o Brasil deve chegar à imunidade coletiva somente no ano que vem.
"[Para a] imunidade coletiva, nós precisamos ter uma vacinação que atinja de modo homogêneo pelo menos entre 70% e 85% de toda a população. Se eu não posso vacinar as pessoas com menos de 18 anos, a população que pode receber vacina representa em torno de 74%", afirmou. "Eu não creio que teremos essa proporção ainda em 2021, quiçá em 2022."
Wanderson também foi crítico à posição do governo federal quanto à aquisição de vacinas durante a gestão de Eduardo Pazuello, a quem atribuiu o atraso da vacinação à sua "falta de experiência e compreensão" em relação à procura por tecnologias contra o avanço do coronavírus.
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