Queiroga diz que discutirá 'abertamente' trabalho à frente da Saúde em CPI
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou hoje que vai discutir "abertamente" seu trabalho à frente da pasta na CPI da Covid, se chamado pelos senadores, o que deve acontecer nas próximas semanas.
A Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar ações e eventuais omissões do governo federal na pandemia, além do uso de recursos da União repassados a estados e municípios, foi instalada ontem no Senado.
Governistas tentaram suspender a sessão e barrar a indicação de Renan Calheiros (MDB-AL) como relator do colegiado, sem sucesso. Renan já afirmou que pretende chamar todos os ministros da Saúde do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para prestar explicações.
"Já falei para vocês que a minha preocupação imediata é com a (sic) CTI (Centro de Terapia Intensiva). A CPI é uma atribuição do Parlamento. Se eles me convocam, eu vou lá. E vou discutir abertamente o que eu tenho feito no Ministério da Saúde. Vocês todos estão vendo. Então, vamos contribuir com a sociedade brasileira. Vamos prestar as informações que os senhores senadores desejarem. E eu acredito que estamos todos juntos no objetivo do enfrentamento à pandemia", afirmou Queiroga.
A declaração foi dada no Palácio do Planalto após reunião do comitê federal de enfrentamento à crise sanitária.
Hoje, mais cedo, a apoiadores, o presidente Bolsonaro voltou a criticar a CPI retomando o discurso de que repassou dinheiro a estados e municípios. Ainda questionou se a comissão vai querer fazer "Carnaval fora da época". Sem citar nomes, ele disse que a CPI tem pessoas bem-intencionadas, mas também há quem só "quer fazer onda".
Ontem, Renan pregou isenção e imparcialidade à frente do trabalho no colegiado e negou que a CPI será uma "inquisição". No entanto, afirmou que eventuais culpados devem "ser punidos imediatamente e emblematicamente".
Renan também criticou ações do governo federal, como a designação de militares à frente do Ministério da Saúde em meio à pandemia da covid-19, e disse que "nossa cruzada será contra a agenda da morte".
Um plano de trabalho, já levando em consideração pedidos de convocação e de requerimentos de informação, com sugestões de colegas, deve ser analisado amanhã.
Os trabalhos da CPI devem acontecer de forma semipresencial. A expectativa é que o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta compareça à CPI na próxima terça (4).
Uma CPI pode convocar pessoas para depor, ouvir testemunhas, solicitar a análise de documentos e determinar diligências, entre outras ações. Ao seu final, a comissão pode compartilhar suas conclusões — pela mudança da legislação sobre o assunto pertinente, por exemplo — inclusive com o Ministério Público, para a responsabilização civil e criminal dos eventuais infratores.
Ao contrário do que pretendia o Planalto, a maioria dos membros da CPI elegeu um senador independente, Omar Aziz (PSD-AM), como presidente, e um opositor, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), como vice do colegiado.
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