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"Matança continuará em maio e junho", diz pesquisadora da Fiocruz

Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz - Reprodução/CNN Brasil
Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz Imagem: Reprodução/CNN Brasil

Colaboração para o UOL

29/04/2021 15h06

Pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Margareth Dalcolmo disse que maio também será um mês triste para o Brasil por causa da covid-19. Em entrevista ao jornal O Globo, a médica disse que "todos os indicadores sinalizam que a matança continuará em maio e junho". Hoje, o país chegou à marca de 400 mil mortes por causa da doença.

Dalcomo relembra que em quatro meses de 2021 morreram mais pessoas do que em todo o ano de 2020. Para a pesquisadora, a marca alcançada de 400 mil mortos escancara o que o país não fez para conter a pandemia.

"Muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas com vacinação e com medidas não farmacológicas, isto é, distanciamento social, uso de máscaras e testagem em massa. Não precisávamos ter tantas mortes, mesmo com as variantes", disse.

A pesquisadora afirma que o número de testes foi abaixo do necessário, o que seria fundamental para identificar pessoas contaminadas e isolá-las. Além disso, seria importante que se testasse ao menos quatro pessoas com quem a pessoa infectada tivesse tido contato.

Dalcolmo diz que a contestação da ciência por parte do governo agravou ainda mais a situação. "O governo não usou os meios de comunicação de massa para informar corretamente a população e ainda faltou aos médicos uma retórica homogênea e com consistência, a favor dos fatos científicos", alega.

Desde o começo da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contesta as medidas de restrição impostas por governadores e prefeitos, além de ser contrário ao distanciamento social. Ele também foi crítico da CoronaVac, uma das duas vacinas distribuídas no Brasil, até o começo deste ano.

As novas variantes

As novas variantes que têm surgido são resultado da alta circulação do vírus. As vacinas AstraZeneca (que tem sido utilizada no Brasil) e NovaVax não tiveram uma boa resposta às variantes indicana e sul-africana, por isso, "devemos rezar para que não espalhem por aqui", afirma Dalcomo.

Margareth Dalcolmo ainda diz que o país precisa acelerar muito o ritmo da vacinação, além de ter mais transparência quanto ao número de doses compradas, distribuídas e aplicadas.