Vacinação reduz pela metade morte entre idosos com 80 anos, diz estudo
Desde o início da campanha de vacinação no Brasil, a proporção de mortes por covid-19 entre idosos de 80 anos ou mais caiu pela metade. É o que mostra estudo liderado pela UFPel (Universidade Federal de Pelotas).
Em 2020, as mortes de idosos acima de 80 anos representavam de 25% a 30% do total de vítimas fatais da covid. Em janeiro de 2021, as mortes da faixa etária respondiam por 28% do total. Três meses depois, no final de abril, o percentual recuou para 13% —o menor registrado para o grupo etário durante toda a pandemia, ressaltou a UFPel.
O estudo aponta que a queda é um reflexo da vacinação no Brasil, que começou em 17 de janeiro.
"Estudos têm demonstrado a associação entre vacinação e declínio no número de hospitalizações e mortes em populações como a de Israel, por exemplo. No entanto, até agora, nenhum dos estudos populacionais sobre mortalidade havia sido realizado em um cenário de predominância da variante P.1, como é o caso do Brasil", disse o epidemiologista e líder do estudo Cesar Victora, da Universidade Federal de Pelotas.
A variante P.1 foi descoberta na cidade de Manaus em janeiro deste ano. Mais transmissível, a cepa já responde por 90% das amostras analisadas pelo Instituto Adolfo Lutz no estado de São Paulo.
Para o estudo, pesquisadores da UFPel utilizaram dados sobre mortes por covid-19 e cobertura vacinal contra o coronavírus do Ministério da Saúde no intervalo de 3 de janeiro a 22 de abril. No período, o Brasil registrou 171.454 mortes pela doença.
De acordo com o levantamento, o número de óbitos por covid-19 em todas as idades aumentou a partir do final de fevereiro "em decorrência da rápida disseminação da variante P.1 em todo o país".
Além disso, do total de 377.124 mortes causadas pelo coronavírus desde o início da pandemia, mais de 45% (171.454) aconteceram em 2021.
Mortalidade entre idosos cai
A UFPel também descobriu que a taxa de mortalidade entre idosos de 80 anos ou mais, que era 13,7 vezes maior do que para pessoas de 0 a 79 anos, caiu para 6,9 vezes no início de abril.
Dados preliminares da semana de 11 a 17 de abril apontam uma taxa de 5,8 vezes, sugerindo a continuação da tendência de queda.
Os pesquisadores ainda estimam que a redução observada corresponde a 13.824 vidas salvas entre meados de fevereiro e abril.
"A explicação mais provável para a queda proporcional de mortes entre os mais idosos em comparação com indivíduos mais jovens é o rápido aumento da cobertura vacinal entre brasileiros com 80 ou mais anos, com esse aumento precedendo o declínio das mortes", comenta Victora.
Na primeira quinzena de fevereiro, 50% dos idosos com 80 anos ou mais tinham recebido a 1ª dose da vacina. Na segunda quinzena de fevereiro, eram 80%, e o número se estabilizou em torno de 95% em março.
Outra conclusão importante do estudo é que os atuais resultados sugerem proteção pelas vacinas mesmo em um cenário onde a variante P.1 predomina.
"Uma vez que medidas não farmacológicas, como distanciamento social e uso de máscara, não estão sendo uniformemente aplicadas na maior parte do país, o rápido progresso da vacinação continua sendo a abordagem mais promissora para controlar a pandemia em um país onde quase 400 mil vidas já foram perdidas para a covid-19", conclui o pesquisador.
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