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Omar Aziz: CPI quer investigar financiamento de ações pró-cloroquina

Ana Carla Bermúdez, Andréia Martins e Letícia Lázaro

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL

24/05/2021 11h04Atualizada em 24/05/2021 12h38

O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid, afirmou hoje, durante o UOL Entrevista, que a comissão vai investigar se houve o financiamento de ações com dinheiro público para promover o tratamento precoce e o uso da cloroquina contra covid-19, ambos métodos sem eficácia comprovada por autoridades de saúde contra a doença.

Ele informou que serão solicitadas informações das empresas que trabalham para secretaria de Comunicação, tanto do governo federal quanto do Ministério da Saúde, "sejam da área de publicidade ou prestador de serviços", para saber se elas estão ligadas à rede de fake news "que espalharam que a cloroquina salva".

"Alguém está financiando isso. Se tiver dinheiro público, pior ainda, porque você não pode fazer divulgação de um produto com recursos públicos sem ter nenhuma comprovação científica. A partir dessas informações, você começa a fazer quebra de sigilo fiscal, uma série de quebras para chegar a essas informações que precisamos", disse, sem citar nomes.

Segundo Aziz, o governo usa um discurso para dizer que o uso ou não de medicamento como a cloroquina é uma questão "dividida", o que o senador nega. "Não há divisão nisso. O que há é a militância dentro das redes sociais defendendo a cloroquina", afirmou ele durante a entrevista, conduzida pela apresentadora Fabíola Cidral e pelos colunistas Josias de Souza e Thaís Oyama.

"Não tenha dúvida de que aquelas pessoas que foram responsáveis por gastar dinheiro público com produção de cloroquina, sabendo, tendo orientação da OMS [Organização Mundial da Saúde] que a cloroquina não funcionava, é recurso jogado fora. E tenho certeza absoluta que chegaremos a isso", completou Aziz.

Entre as informações solicitadas pela comissão, segundo Aziz, também está o pedido para que laboratórios farmacêuticos esclareçam qual foi a produção de cloroquina e ivermectina nos anos de 2018, 2019 e 2020.

Aqui [na Amazônia] a cloroquina era usada muito por causa da malária. Sabemos os efeitos colaterais que ela tem no fígado. Usada em excesso, ela prejudica o fígado e muito. Qualquer amazonense, qualquer homem da região sabe. O Brasil não tinha conhecimento da cloroquina. Tomou conhecimento agora, a grande maioria não sabia o que era a cloroquina.

Segundo o senador, as ações serão investigadas por ordem cronológica do primeiro ao quarto ministro da Saúde do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), assim como de quem partiu a ordem para que o Exército produzisse cloroquina.

"O Mandetta diz que não mandou produzir cloroquina. O Teisch diz que não mandou produzir cloroquina. O Pazuello diz que não mandou. Alguém mandou produzir essa cloroquina. O Exército não ia tomar essa iniciativa sem ter recebido ordem superior", disse ele.