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Após Queiroga, Doria se adianta e anuncia 3ª dose para idosos em 6/09

Henrique Sales Barros, Lucas Borges Teixeira e Rayanne Albuquerque

Do UOL, em São Paulo

25/08/2021 12h54Atualizada em 25/08/2021 15h44

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), confirmou hoje o plano de aplicar a terceira dose em idosos de 60 anos para cima a partir do dia 6 de setembro. O anúncio, feito em coletiva, se deu horas depois de o Ministério da Saúde implementar a medida nacionalmente a partir de 15 de setembro.

Doria não anunciou calendário. Até então, a única regra, semelhante à do Ministério da Saúde, é que os idosos tenham sido vacinados com a segunda dose há pelo menos seis meses. Diferentemente do anúncio nacional, os imunossuprimidos transplantados ainda não foram contemplados.

Esta decisão foi finalizada hoje pela manhã e, para aumentar a proteção do público com mais de 60 anos, o estado de São Paulo vai iniciar a aplicação da terceira dose a partir de 6 de setembro."
João Doria, governador de São Paulo

Nesta manhã, o ministro Marcelo Queiroga anunciou a aplicação da terceira dose para idosos acima de 70 anos a partir do dia 15 de setembro. Também diminuiu o intervalo de espera para completar o esquema vacinal com AstraZeneca e Pfizer de 12 para 8 semanas. Doria, que já estava avaliando a questão, decidiu se adiantar e apresentou até cartão de vacinação.

Segundo João Gabbardo, coordenador-executivo do Comitê Científico, antigo Centro de Contingência, o escalonamento vai ser feito de acordo com a idade, em ordem decrescente.

As pessoas de 60 anos que serão vacinadas são aquelas que já completaram seis meses da segunda dose. Se a segunda dose ocorreu há menos de seis meses, ela deverá aguardar os seis meses. É a partir dos seis meses que há a possibilidade de uma queda na imunidade. Antes disso, não faz sentido dar uma dose adicional."
João Gabbardo, coordenador-executivo do Comitê Científico

A medida já estava sendo discutida pelo governo paulista, antes resistente à aplicação, desde a semana passada. Em reunião nesta semana, o Comitê Científico deu o parecer favorável à adoção em idosos acima de 60 anos e imunossuprimidos.

A questão, para o governo Doria, passou a ser, então, a quantidade de doses disponíveis. Atualmente, o estado vacina adolescentes de 12 a 17 anos com comorbidades. A possibilidade adotada pelo estado seria adiantar as segundas doses de AstraZeneca e Pfizer, como também anunciou Queiroga, para depois ir aos idosos.

Para fazer a antecipação da Pfizer e da AstraZeneca, precisamos de mais doses de vacina. Estamos trabalhando e vendo quem é essa população a ser antecipada e, dentro da possibilidade do calendário, o faremos. Mas precisamos de mais doses de vacinas para que a gente possa fazer essa antecipação.
Regiane de Paula, coordenadora do PEI

Em coletiva nesta manhã, Doria disse que o martelo seria batido em reunião do PEI (Programa Estadual de Imunização) amanhã e possivelmente anunciado na sexta (27). Horas depois, foi furado por Queiroga.

Segundo o governo, para contornar este problema, a terceira dose poderá ser aplicada com qualquer vacina, não necessariamente da mesma fabricante das outras duas.

"Essa terceira dose pode ser utilizada com a vacina que tivermos disponível. Quando chegar a vez da Janssen, de dose única, também haverá uma dose de reforço. A vacina, o fabricante, vai ficar conforme a disponibilidade", declarou Gabbardo.

Não teria sentido aguardar mais tempo para responder à população. Essa é uma ansiedade de todos."
João Gabbardo, coordenador-executivo do Comitê Científico

Diferentes países já adotaram a 3ª dose

A terceira dose já está sendo sido adotada por alguns países para diferentes idades, como Israel (a partir dos 30) e Hungria (toda a população), mas ainda não havia sido garantida pelo governo paulista. Ontem, o Rio de Janeiro anunciou a medida após divulgar um estudo com aumento de mortes e internações para idosos imunizados.

A avaliação tanto do governo Doria quanto do Butantan é que ainda não havia estudos consistentes que recomendassem a dose de reforço para quem tomou CoronaVac, apesar de algumas pesquisas já indicarem a necessidade. O Chile, país que também usou o imunizante em massa, já começou a aplicar a dose de reforço nos adultos de 55 anos ou mais.

O que o governo paulista chegou a especular foi uma campanha de vacinação periódica, a começar a partir de janeiro, ao marcar um ano do início da imunização contra a covid-19 no país.

3ª dose com 'vacina disponível' em SP

João Gabbardo declarou que a dose de reforço contra a doença será feita com as vacinas que estiverem disponíveis, independente de quem tomou um tipo ou outro de vacina.

A vacina que foi disponibilizada primeiro e que atendeu a população de maior risco foi a CoronaVac. A grande maioria utilizou a primeira e a segunda dose a CoronaVac. Mas, em outros países, com vacinas diferentes, também está sendo feito isso."
João Gabbardo

A vacina produzida pelo laboratório paulista não foi incluída, por enquanto, nos planos federais para as doses adicionais. "Esse ataques repetidos à CoronaVac não são novidade. Nós convivemos com isso quase que vindo diariamente. O nosso contrato com o MS vence esse mês. Vamos entregar as 100 mi de doses e não temos programação de entregar mais doses", afirmou.

"Agora, isso é um fato que não tem relação com a efetividade da associação de vacinas. A CoronaVac acrescenta, como terceira dose, um aumento de até cinco vezes a estimulação de anticorpos, então isso não está baseado em regra técnica, é uma preferência do ministro para atingir a CoronaVac", pontuou.

O especialista em saúde afirmou que o momento pede a antecipação de doses e a diminuição do período entre a primeira e segunda dose, além do esforço em mobilizar o estado para proteger os idosos.

O governo do estado tem percebido uma melhora progressiva dos indicadores da pandemia. Paulo Menezes, coordenador do Comitê científico, disse que a presença crescente da variante delta fez com que o grupo se reunisse para pensar em alternativas.

O Comitê Cientifico reuniu as evidências de todo o mundo. Estamos vendo em vários países essa questão da terceira dose para a sua população e, por isso, o Comitê Cientifico julgou que é adequado, então, nesse momento [aplicar uma terceira dose em maiores de 60 anos]."
Paulo Menezes

Terceira dose anunciada pelo Ministério da Saúde

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou a aplicação da terceira dose dos imunizantes contra a covid-19 para os idosos e imunossuprimidos. O reforço será distribuído à população a partir do dia 15 de setembro.

No mesmo dia, a pasta irá reduzir o intervalo da aplicação da segunda dose dos imunizantes da Pfizer e AstraZeneca das atuais 12 semanas para oito semanas. Queiroga afirmou que no dia 10 de setembro o Ministério da Saúde vai finalizar a distribuição de imunizantes.

A nova remessa servirá para a aplicação da primeira dose em toda a população brasileira com mais de 18 anos. A medida abre espaço para a antecipação e o reforço vacinal anunciado.

Queiroga afirmou ainda que a decisão foi tomada em meio a possibilidade de disseminação da variante delta no país.