TV: família critica tratamento paliativo dado a paciente na Prevent Senior
Familiares de um ex-paciente da Prevent Senior acusam a operadora de Saúde de recomendar a adoção do tratamento paliativo ao advogado Tadeu Frederico de Andrade, de 65 anos, e que não estava em estado terminal, segundo reportagem exibida pela GloboNews, na tarde de hoje.
Os cuidados paliativos são indicados a pessoas com doença grave, progressiva e que ameaça a continuidade de sua vida. A família do advogado acredita que o objetivo dessa recomendação feita pela empresa seria para redução de custos.
"A sensação que me dá é que, na visão da diretoria da Prevent Senior, o paciente é visto apenas como um cálculo financeiro. Não há nenhum entendimento médico ou humanitário. Eu me senti um cifrão que poderia ter morrido no primeiro mês porque eu estava dando prejuízo. No entanto, estou aqui vivo graças à resistência da minha família em ser contra ao trata", relatou o advogado, agora recuperado.
Segundo a GloboNews, Andrade começou a sentir os primeiros sintomas da covid no dia 24 de dezembro. No dia seguinte, o paciente entrou em contato com a Prevent Senior e fez a sua primeira consulta, via telemedicina. O médico que o atendeu teria recomendado o chamado "kit covid", composto por medicamentos que não possuem a eficácia contra a covid comprovada.
Os medicamentos foram enviados por meio de um motoboy, e Andrade começou a tomá-los no dia 27, sem, sequer, ter feito o teste para covid. O quadro clínico foi piorando e, no dia 30 de dezembro, Andrade foi encaminhado para um hospital, transferido para uma UTI (Unidade de Terapida Intensiva) e intubado.
Cerca de um mês depois, diz a família, uma médica os procurou dizendo que ele não tinha chances de cura e que, por isso, deveria ser transferido para ala de tratamento paliativo. A família não concordou, e procurou ajuda de um médico de fora da rede, em busca de outro diagnóstico. Familiares do advogado acreditam que a operadora de Saúde queria transferi-lo para ala de paliativos para a redução de custos.
Após a recuperação, Andrade procurou a CPI da Covid e também o Ministério Público para fazer uma denúncia contra Prevent Senior.
"Muitas famílias perderam o seu ente querido por desconhecer o que é o tratamento paliativo e, infelizmente, as famílias não lutaram por seu ente querido. Ou não puderam lutar. Essas famílias foram enganadas", afirmou Andrade.
Em nota enviada à GloboNews, a PreventSenior disse que "não toma decisões com base em custos" e que, no caso em questão, "a empresa deu todo o suporte ao paciente, acatando a vontade dos familiares".
Dossiê, suspeitas e escândalo
A Prevent Senior, que já é alvo de investigações no Ministério Público, na Polícia Civil e na CPI da Covid, é acusada de supostamente pressionar seus médicos conveniados a tratar pacientes com substâncias do "kit covid", como hidroxicloroquina, que não tem eficácia comprovada contra a covid-19.
Ela também é suspeita de ter conduzido um estudo sobre a hidroxicloroquina no tratamento da doença sem avisar pacientes nem seus parentes. Tal estudo teria omitido mortes de pacientes, influenciando o resultado para dar a impressão de que o medicamento seria eficaz.
O procurador-geral de Justiça, Mario Sarrubbo, criou uma espécie de força-tarefa —composta pelos promotores Everton Zanella, Fernando Pereira, Nelson dos Santos Pereira Júnior e Neudival Mascarenhas Filho— para investigar as denúncias contra a Prevent Senior.
Diante das acusações, a empresa vem argumentando que não havia orientação direta para uso da hidroxicloroquina ou cloroquina porque os médicos são livres para prescrever o medicamento que julgarem mais adequado para cada paciente.
A empresa também nega que tenha adulterado qualquer estudo clínico. Há suspeita de que pacientes que morreram em decorrência da covid tiveram seus atestados de óbito emitidos sem referência à doença causada pelo coronavírus, como a mãe do empresário Luciano Hang, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
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