MP-SP cria grupo para apurar denúncias contra operadora Prevent Senior
O MP-SP (Ministério Público Estadual de São Paulo) criou hoje uma força-tarefa para investigar as denúncias contra a operadora de saúde Prevent Senior. Os promotores Everton Zanella, Fernando Pereira, Nelson dos Santos Pereira Júnior e Neudival Mascarenhas Filho farão parte desse grupo. O procurador-geral de Justiça, Mario Sarrubbo, determinou "atenção total" à investigação desse caso.
A empresa já é alvo de investigações no MP, na Polícia Civil e na CPI da Covid por supostamente pressionar seus médicos conveniados a tratar pacientes com substâncias do "kit covid", como hidroxicloroquina, contraindicada para a covid-19.
Órgãos de atenção ao consumidor e a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) também avaliam a conduta da Prevent, acusada ainda de ter conduzido um estudo sobre a eficácia da hidroxicloroquina sem avisar pacientes nem seus parentes. Tal estudo teria omitido mortes de pacientes, influenciando o resultado para dar a impressão de que o medicamento seria eficaz.
De acordo com relatos, a empresa se alinhou ao discurso de Jair Bolsonaro (sem partido) e do governo federal. Na contramão da ciência, o governante tem sido entusiasta, desde o começo da pandemia, do uso de remédios comprovadamente ineficazes para o enfrentamento à covid-19 —na terça-feira, por exemplo, durante discurso na Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), o presidente voltou a defender o falso tratamento precoce com esses medicamentos.
Outro lado
Apesar de uma série de relatos de médicos e pacientes e centenas de documentos colhidos desde o começo do ano por parte da promotoria, a empresa vem argumentando ao MP que não havia orientação direta para uso da hidroxicloroquina ou cloroquina porque os médicos são livres para prescrever o medicamento que julgarem mais adequado para cada paciente.
A empresa também nega que tenha adulterado qualquer estudo clínico. Há suspeita de que pacientes que morreram em decorrência da covid tiveram seus atestados de óbito emitidos sem referência à doença causada pelo coronavírus, como a mãe do empresário Luciano Hang, apoiador do presidente Bolsonaro.
Em depoimento à CPI da Covid, ocorrido ontem, o diretor-executivo da empresa, Pedro Batista Júnior, argumentou que o dossiê contra a operadora enviado à comissão reunindo as denúncias investigadas inclusive pelo MP contém informações "manipuladas" por médicos demitidos da rede. Ele, no entanto, admitiu que a operadora recomendou que os médicos alterassem o CID de pacientes com Covid após 14 ou 21 dias do diagnóstico inicial. A afirmação revoltou o senador Otto Alencar (PSD-BA), que também é médico.
Batista Júnior perdeu o status de testemunha e passou a ser considerado investigado pela CPI da Covid.
O UOL entrou em contato com a Prevent Senior e aguarda posicionamento sobre a criação da força-tarefa por parte do MP-SP. Caso haja resposta, o texto será atualizado.
*Com informações da agência Estadão Conteúdo
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