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Covid: taxa de transmissão volta a subir no Brasil, aponta Imperial College

Colaboração para UOL, em Brasília

03/11/2021 08h58Atualizada em 03/11/2021 13h07

A taxa de transmissão (Rt) do novo coronavírus no Brasil está em 1,04, aponta o monitoramento do Imperial College de Londres, no Reino Unido. Isso significa que cada 100 pessoas com o vírus no país infectam outras 104. Na semana passada, a taxa estava em 0,68 —menor índice registrado desde abril de 2020. Qualquer valor acima de um significa que o contágio está acelerando.

A taxa de transmissão é uma das principais referências para se acompanhar a evolução da pandemia no país. Por ser uma média nacional, o Rt não indica que a doença esteja avançando nem retrocedendo da mesma forma nas diversas cidades, estados e regiões do Brasil.

Além disso, a universidade britânica — que não estima dados relativos ao atraso nas notificações e ao período de incubação do vírus— afirma que a precisão das projeções pode variar de acordo com a qualidade da vigilância e dos relatórios de cada país.

Queda de mortes com avanço da vacinação

O Brasil tem registrado queda no número de vítimas com o avanço da vacinação. No fim de junho, a média móvel de mortes em sete dias estava na casa dos 2 mil. Ontem, foi registrada média móvel abaixo de 270 óbitos pela primeira vez desde o fim de abril de 2020.

Especialistas têm atribuído essa melhora à ampla cobertura vacinal no país. Mas alertam: o uso de máscara, busca por ambientes ao ar livre e distanciamento quando possível ainda são precauções necessárias.

Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, o infectologista Marco Aurélio Sáfadi reforça que "todas as vacinas aprovadas são extremamente eficientes para prevenir morte e hospitalização", mas "elas não têm a mesma performance para prevenir transmissão".

Daniel de Oliveira Gomes, biólogo e professor da Universidade Federal do Espírito Santo, ressalta que pessoas vacinadas têm menos possibilidade de manifestar a doença nas fases moderada e severa e, portanto, de ser hospitalizada.

"É bom lembrar que são raras as vacinas que bloqueiam a transmissão; não é nenhum demérito da vacina da covid. Não impede a transmissão, mas previne uma evolução clínica com gravidade", pontua.

Na avaliação de Gomes, o passaporte sanitário é uma importante estratégia de política pública porque leva mais pessoas a se vacinar. "Porque se flexibilizadas todas as situações, sem necessidade de comprovação da vacina, o indivíduo que naturalmente é mais resistente vai falar que não precisa se vacinar. O passaporte é uma forma de fomentar a própria campanha de vacinação", argumenta.

Transmissão por pessoas vacinadas ocorre por menos tempo

Um estudo que reuniu pesquisadores das renomadas universidades de Harvard, Yale e Columbia revelou ainda que a transmissão do coronavírus por pessoas vacinadas acontece por menos tempo do que por quem ainda não foi imunizado. Na análise, eles avaliaram a proliferação do vírus em um grupo de 173 indivíduos contaminados, medindo o tempo necessário para atingir o pico da carga viral e em quanto tempo eles conseguiam eliminar o vírus do corpo.

O resultado mostrou que tanto vacinados como não vacinados atingiram o pico de carga viral de forma semelhante, por volta do terceiro dia. E não houve diferença significativa entre as variantes. No entanto, os imunizados conseguiram combater e estarem "limpos", sem carga viral detectável, em menos tempo, por volta do quinto dia.

Os não vacinados levaram de sete a oito dias para serem considerados livres da infecção. Na prática, isso significa que os vacinados ficaram menos tempo suscetíveis a passar o vírus para outras pessoas, já que sua carga viral permanece alta por menos tempo e o corpo deles conseguiu eliminar o vírus em um período menor de dias.

A vacina, porém, não é um passe-livre para as pessoas deixarem de usar as máscaras e também fazerem aglomerações.

"Infelizmente é isso que as pessoas esperam, elas querem algo que seja 100% eficaz, ou seja, protege completamente. Você está vacinado, você fica de corpo fechado e, de preferência, 0% de efeitos diversos. Isso não existe. O que existe sempre é uma redução do risco e um aumento do benefício", explica a microbiologista Natalia Pasternak.

O oncologista Drauzio Varella também alerta para que as pessoas não relaxem com as medidas de proteção contra covid-19, mesmo já vacinadas ou para quem já foi infectado pela doença. "A vacina não é um salvo-conduto, de jeito nenhum. Eu estou vacinado, vou sair de máscara, não vou me aglomerar, vou tentar reduzir ao máximo o risco de entrar em contato com o vírus", explica o médico.

Média de mortes abaixo de 270

O país registrou ontem uma média móvel abaixo de 270 óbitos pela primeira vez desde o final de abril de 2020. De acordo com dados obtidos pelo consórcio dos veículos de imprensa, do qual o UOL faz parte, junto às secretarias estaduais de Saúde, foram registradas 164 mortes entre segunda e terça, e a média ficou em 261 óbitos. Essa é a menor média desde 26 de abril de 2020, quando ela foi de 258 óbitos.

O total de óbitos pela doença no Brasil chegou a 608.118, de acordo com o consórcio. O número é o segundo maior do mundo — atrás apenas dos Estados Unidos, que têm mais de 768,8 mil óbitos, e à frente da Índia, com 459,2 mil mortes pela doença.

O país registrou 164 mortes por covid e 6.383 casos da doença, ontem. O Amapá não registrou mortes. Aos domingos, segundas e feriados, os dados da pandemia costumam ser menores, por atrasos de notificação nas secretarias de saúde, que, nesses períodos, têm a força de trabalho reduzida.

54,5% dos brasileiros já se imunizaram

O Brasil registrou 476.630 doses de vacinas contra covid-19 na terça. De acordo com dados das secretarias estaduais de Saúde, foram 71.263 primeiras doses e 273.707 segundas. Também foram registradas 609 doses únicas e 131.051 doses de reforço.

Ao todo, 154.807.386 pessoas receberam pelo menos a primeira dose de uma vacina contra a covid no Brasil —111.738.021 delas já receberam a segunda dose do imunizante.

Somadas as doses únicas da vacina da Janssen contra a covid, já são 116.267.212 pessoas com esquema vacinal completo no país., o país já tem 72,57% da população com a 1ª dose e 54,50% dos brasileiros com esquema vacinal completo. Considerando somente a população adulta, os valores são, respectivamente, de 95,51% e 71,73%.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que informava a primeira versão do texto, o Brasil é o segundo país com mais mortes por covid, e não o terceiro. A informação foi corrigida.