Governo tenta desvalorizar vacinas; Anvisa está certa, diz epidemiologista
Em entrevista ao UOL News, o epidemiologista Paulo Menezes, coordenador do Comitê Científico do governo de São Paulo, criticou a resistência do governo federal em exigir comprovante de vacinação contra a covid-19 para a entrada no Brasil.
Hoje, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou recomendação para que o governo federal adote a exigência de apresentação de certificado de imunização contra a doença para quem tentar entrar no país vindo do exterior, seja por terra ou avião. No entanto, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, já se posicionou contra a medida.
"É mais uma manifestação do governo federal no sentido de desvalorizar a importância das vacinas no enfrentamento da pandemia no mundo", afirmou Menezes. "A Anvisa está certa, o mundo tem tido essa preocupação e estratégia nas fronteiras."
Ele explicou que o aumento de casos e da transmissão da covid-19 no mundo facilita o surgimento de novas variantes, como, por exemplo, a nova cepa descoberta na África do Sul. Exigir o comprovante de vacinação dificultaria que estrangeiros trouxessem mutações do vírus para dentro do Brasil, apontou.
"A vacinação, se não impede completamente a infecção e transmissão por pessoas vacinadas, reduz sim e bastante. É um equívoco dizer que isso [o comprovante de imunização] não garante nada", disse Menezes.
"Não temos nunca uma garantia 100%, mas, sem dúvida, o passaporte vacinal para viajantes reduz a possibilidade de trazer novas variantes para o país."
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