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Hallal: Não adianta Brasil ter 90% de vacinados se África tem menos de 10%

Colaboração para o UOL

29/11/2021 18h53

A pandemia de covid-19 só será controlada com um esforço mundial de vacinação, avalia o epidemiologista Pedro Hallal. Em entrevista ao UOL News, o especialista falou sobre a variante ômicron, identificada na África e classificada com risco global "muito alto" pela OMS (Organização Mundial de Saúde).

Segundo Hallal, a pandemia não será superada com "olhar individual" de cada país para seus habitantes, mas sim com um olhar coletivo do avanço da imunização em todas as nações.

"A população mundial vai estar livre da pandemia quando estiver vacinada. Não adianta o Brasil vacinar 90% da população, os Estados Unidos 70%, a Europa 70% com a segunda, terceira, quarta dose se na África tem menos de 10% de vacinados", disse.

"Enquanto a sociedade não tiver noção de que precisamos enfrentar coletivamente, infelizmente o coronavírus vai seguir sendo essa montanha-russa, nos causando dano por mais uns bons meses se a gente continuar com essa postura individualista", completou.

'Resposta capenga'

O epidemiologista também criticou as medidas adotadas pelo Brasil para monitorar e rastrear a entrada da nova variante no país. De acordo com ele, o Brasil deixou de adotar ações importantes contra a covid-19 desde o início da pandemia por acabar "politizando" uma questão de saúde pública,

"Sabemos que o principal meio para enfrentar a pandemia agora é a vacina. Temos que manter nossos esforços de vacinação e, para evitar a chegada da variante, a gente sempre precisa estar preocupado com os transportes, especialmente os aeroportos", disse. "Mas as outras medidas que deveriam ser realizadas o Brasil não fez e continua não fazendo: testagem, rastreamento de contato [com infectados] e isolamento."

"Sempre temos uma resposta capenga porque o que o Brasil precisava fazer de mais importante não fez e continua até hoje politizando. Até hoje, no Brasil, quem pode nos proteger é a vacinação, as demais iniciativas que têm que ser feitas não vejo nenhuma esperança que sejam."