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Covid: Brasil fecha o ano com impacto de apagão e média de 97 mortes

Luis Alvarenga/Getty Images
Imagem: Luis Alvarenga/Getty Images

Ricardo Espina e Leonardo Martins

Colaboração para o UOL e do UOL, em São Paulo

31/12/2021 20h05

Com uma média móvel de 97 mortes, hoje, o Brasil termina o ano de 2021 ainda sofrendo com a instabilidade nos dados da pandemia, principalmente, por conta do impacto do apagão de dados que aconteceu no começo do mês de dezembro.

Mais 85 brasileiros perderam suas vidas para a covid-19 nas últimas 24 horas, apontam os dados do consórcio de veículos de imprensa, do qual o UOL faz parte.

O número total de mortes causadas pela doença no país é de 619.109. Até o momento, mais de 22,2 milhões de brasileiros já receberam o diagnóstico positivo para covid-19.

Os números de hoje não contam com os estados de Roraima e Tocantins. O Acre não registrou mortes.

Em nota, a secretaria de Saúde de Roraima ressaltou que os dados continuam instáveis por conta do apagão e que hoje, amanhã e no domingo (2) o estado não publicará boletim com os dados da pandemia. Na segunda-feira (3), a pasta promete divulgar um balanço atualizado.

Há mais de 20 dias o apagão de dados causado por ataques hackers a sites e plataformas do Ministério da Saúde persiste. Por conta dele, desde 10 de dezembro, há falhas na divulgação dos dados relacionados à doença.

A falta de dados precisos dificulta a análise dos cenário da covid-19 no país. De acordo com o Ministério da Saúde, o e-SUS Notifica, plataforma que reúne informações sobre casos e mortes em decorrência da covid-19, foi restabelecido no último dia 21. Ainda assim, alguns estados dizem estar enfrentando problemas.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse hoje esperar os dados retornem à normalidade até a primeira quinzena de janeiro. Ele definiu a situação como uma "luta diária".

A média de mortes por dia é calculada a partir dos últimos sete dias. Essa é a melhor forma de analisar a evolução da pandemia, já que os registros de mortes costumam apresentar quedas artificiais em fins de semana e períodos de feriado.

Veja a situação por estado e no Distrito Federal

A comparação é feita em relação à situação de duas semanas antes. Considera-se queda quando a redução é igual ou maior a 15%; alta quando o aumento é igual ou maior que 15%.

No entanto, devido ao apagão de dados de covid, a variação não necessariamente espelha o que vem ocorrendo em cada estado.

Região Sudeste

  • Espírito Santo: queda (-25%)
  • Minas Gerais: queda (-57%)
  • Rio de Janeiro: queda (-17,7%)
  • São Paulo: queda (-54%)

Região Norte

  • Acre: estabilidade (0%)
  • Amazonas: estabilidade (13%)
  • Amapá: alta (600%)
  • Pará: queda (-43%)
  • Rondônia: queda (-16%)
  • Roraima: não divulgou dados hoje
  • Tocantins: não divulgou dados hoje

Região Nordeste

  • Alagoas: queda (-88%)
  • Bahia: estabilidade (2%)
  • Ceará: alta (41%)
  • Maranhão: estabilidade (0%)
  • Paraíba: estabilidade (0%)
  • Pernambuco: estabilidade (4%)
  • Piauí: queda (-36%)
  • Rio Grande do Norte: queda (-53%)
  • Sergipe: queda (-75%)

Região Centro-Oeste

  • Distrito Federal: queda (-50%)
  • Goiás: estabilidade (0%)
  • Mato Grosso: alta (55%)
  • Mato Grosso do Sul: estabilidade (0%)

Região Sul

  • Paraná: queda (-46%)
  • Rio Grande do Sul: queda (-57%)
  • Santa Catarina: estabilidade (2%)

Brasil não sabe se ômicron avança no país

A ciência já indicou em estudos recentes que a variante ômicron da covid-19 deve ser mais transmissível — ou seja, infecta outras pessoas com mais facilidade — do que outras cepas. Nos últimos dias, em meio às festas de final de ano, a variante provocou um salto de novos casos nos EUA e no Reino Unido.

Mas, aqui no Brasil, não é possível saber se a variante tem causado salto de infecções e nem se pode desenhar um cenário confiável do comportamento do vírus no país. Com sistemas fora do ar e dados desatualizados, o mapeamento da doença que matou mais de 600 mil pessoas no Brasil está defasado.

A instabilidade nos sistemas do Ministério da Saúde não é um problema novo e ainda não foi corrigido apropriadamente. Em setembro, o UOL noticiou essa subnotificação enquanto a pasta do governo federal alegava alterações no sistema para "melhor atender ações de vigilância".

Veículos se unem pela informação

Em resposta à decisão do governo Jair Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia de covid-19, os veículos de comunicação UOL, O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo, g1 e Extra formaram um consórcio para trabalhar de forma colaborativa para buscar as informações necessárias diretamente nas secretarias estaduais de Saúde das 27 unidades da Federação.

O governo federal, por meio do Ministério da Saúde, deveria ser a fonte natural desses números, mas atitudes de autoridades e do próprio presidente durante a pandemia colocam em dúvida a disponibilidade dos dados e sua precisão.