Laboratórios privados registram alta de casos de covid e procura por testes
Em meio ao avanço da variante ômicron, a procura por testes de covid e a proporção de casos positivos vem disparando em laboratórios particulares brasileiros no rastro das festas de fim de ano.
Com 900 unidades no país, a rede Dasa registrou, de novembro para dezembro, um aumento de 55,3% na quantidade de exames RT-PCR. No estado de São Paulo, o crescimento neste período foi ainda maior: 83,2%. A empresa não divulga números absolutos.
Nos últimos dias, a taxa de testes positivos na Dasa mais que dobrou. O índice passou de 12,72% em 27 de dezembro para 27,22% em 2 de janeiro. No dia 4 de dezembro, era de apenas 1,38%.
Quadro semelhante ocorre nos laboratórios do Grupo Fleury, que possui 250 unidades em dez estados e no Distrito Federal. Neste caso, a disparada foi concentrada na última semana de dezembro. Neste período, houve uma média diária de 6.300 exames. Entre o início de novembro e a terceira semana de dezembro, essa média havia sido de 3 mil testes.
A proporção de exames positivos também deu um salto: na comparação entre os dois mesmos períodos, saiu de 2%, em média, para 20%.
Tendência é de avanço de casos, diz infectologista
Carolina Lázari, infectologista do Fleury, destaca que o aumento súbito da taxa de positividade, mesmo com boa parte da população vacinada com duas doses, indica a chegada da nova variante. Ela disse crer que o quadro deve se intensificar nas próximas semanas.
"Não há porque esperarmos que haja uma queda no período de férias, em que muitas pessoas estão viajando. A tendência é haver um aumento progressivo, que começamos a detectar por volta do dia 20 de dezembro."
Carolina afirma que a testagem de covid tem sido realizada inclusive por pessoas assintomáticas. São aquelas que tiveram contato com outras que testaram positivo ou estão se preparando para uma viagem.
"Como temos boa parte da população vacinada, os casos são menos sintomáticos. A pessoa está com nariz escorrendo e faz o teste. Aí, dá positivo e me perguntam se não podem viajar mesmo assim. No caso da covid, a quarentena deve ser de dez dias a partir do início dos sintomas. Para os assintomáticos, o mesmo prazo, a partir da data da coleta."
Apagão em dados oficiais
Os dados da rede particular podem servir como um termômetro do avanço de casos, diante de um apagão de dados do Ministério da Saúde. Há mais de um mês, sequer se sabe ao certo sobre quantos testes estão sendo feitos.
Na sexta (31), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que ainda não há uma data precisa para que o DataSUS volte a divulgar os dados normalmente. A expectativa é de que isso aconteça até o fim da primeira quinzena de janeiro.
A corrida na procura por testes também tem se refletido nas farmácias. Dados da Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias), que englobam 3 mil unidades em todo o país, mostram um aumento expressivo ao longo do mês de dezembro.
No dia 1º, foram realizados somente 9.434 testes, com 524 resultados positivos (5,5%). Os números foram aumentando principalmente a partir da terceira semana. No dia 22, já eram 22.126 exames, com 3.090 positivos (13,9%). Na última data registrada, 29 de dezembro, foram 25.998 testes, com 5.334 positivos (20,5%).
Aumento também de casos de influenza
Os efeitos dos surtos de influenza também se refletem nos números dos laboratórios privados. A Dasa divulgou que o volume de testes de gripe subiu 634% de novembro para dezembro. A taxa de positividade também cresceu: de 9% em novembro para 22% em dezembro de 2021.
Os maiores índices no mês de dezembro para influenza foram no Paraná (27%), Goiás (25%) e Distrito Federal (24%). No Rio de Janeiro, a positividade para influenza caiu para 11% na última semana de dezembro. O pico foi 25% na segunda semana do mesmo mês.
No caso do Fleury, em novembro, foram feitos apenas 615 testes, com taxa de testes positivos entre 10% e 15%. No mês seguinte, foram 36.980, com 48% positivos.
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