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Afinal, a pandemia da covid-19 acabou? Como se chega a essa conclusão?

Pandemia da covid-19 chegou ao fim? - D-Keine/Getty Images/iStockphoto
Pandemia da covid-19 chegou ao fim? Imagem: D-Keine/Getty Images/iStockphoto

Rafael Souza

Colaboração para o UOL

20/10/2022 04h00

Com o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras, grandes festivais ocorrendo pelo mundo e pouca preocupação com aglomerações, a impressão é que a pandemia da covid-19 já é coisa do passado.

O Ministério da Saúde, inclusive, já decretou o fim da 'Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional da Covid-19 no Brasil'.

Mas, oficialmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda mantém o decreto de pandemia.

Para explicar o assunto, é preciso entender o significado de cada termo.

O que é a pandemia?

De acordo com a definição da OMS, a pandemia da covid-19 é um surto global da doença infecciosa causada pelo vírus da síndrome respiratória aguda grave coronavírus 2 (SARS-CoV-2), declarada em 11 de março de 2020.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) ainda acrescenta que o termo 'pandemia' é usado quando uma epidemia —surto que afeta uma região— se espalha por diferentes continentes com transmissão sustentada de pessoa para pessoa. É como aconteceu em outras épocas, como na gripe espanhola, que atingiu um quarto da população mundial entre 1918 e 1920.

Então, o que define o fim da pandemia?

No caso da covid-19, a OMS tem analisado, de três em três meses, os critérios que levaram o órgão a declarar a pandemia de covid-19 no mundo. Essa análise é feita por um comitê formado por especialistas internacionais, que verificam, por exemplo, se a doença ainda é uma ameaça para todo o mundo e se o vírus continua se disseminando.

Também durante o comitê, os membros chegam a uma conclusão, a fim de aconselhar o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, a declarar, ou não, o fim da pandemia.

Só que essa análise não é tão objetiva, pois depende de dados de todos os países, que muitas vezes são imprecisos.

Outro ponto a ser destacado é que não faria sentido declarar o fim da pandemia se ainda houver regiões (mesmo menores) em que o vírus ainda circula de forma intensa.

Para a OMS, mesmo em uma pequena região, existe a possibilidade do vírus se modificar e criar uma versão mais letal ou infecciosa que consegue driblar parte da imunidade das vacinas, como aconteceu com a variante Ômicron.

Portanto, não existe um número 'x' ou condições fixadas que definem quando uma pandemia começa ou termina, mas já existe no horizonte uma noção de que o fim da pandemia da covid-19 está se aproximando.

"Nunca estivemos em melhor posição para acabar com a covid-19 como uma emergência de saúde global. O número de mortes relatadas semanalmente está próximo do menor, desde o início da pandemia. Além disso, dois terços da população mundial estão vacinados, incluindo 75% dos profissionais de saúde e idosos", afirmou Tedros Adhanom, no dia 14 de setembro.

Outro dado importante é que o número de novas mortes semanais diminuiu 17% nas últimas duas semanas, segundo o mais recente boletim da OMS.

Apesar disso, cerca de 9 mil mortes foram relatadas durante o período. Ao todo, são mais de 622 milhões de casos registrados, com 6,5 milhões de mortes pela doença no mundo.

Ainda há muito a ser feito

No mesmo comunicado do dia 14 de setembro, Tedros fez questão de alertar que o fim da pandemia ainda requer um trabalho global, especialmente nessa atual fase.

O principal desafio ainda é manter a testagem e garantir a vacina para os países mais pobres.

"Apenas 19% da população de países de baixa renda são vacinados, em comparação com 75% em países de alta renda. Um novo relatório publicado ontem pelo ACT Accelerator Council destaca a queda das taxas de testes em todo o mundo. (...) Essas desigualdades não são apenas um risco para aqueles que afetam diretamente; eles são um risco para todos nós. (...) Temos as ferramentas para acabar com a fase aguda desta pandemia, mas somente se vacinarmos todos os profissionais de saúde e idosos, continuarmos testando e expandirmos o acesso a antivirais eficazes", disse o diretor-geral da OMS.