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Drauzio: Bolsonaristas usaram vídeo em que avaliei mal o início da pandemia

Do UOL, em São Paulo

09/05/2023 13h01

O médico e escritor Drauzio Varella disse que avaliou mal o início da pandemia de covid-19. Ele foi o convidado de hoje do UOL Entrevista, com Fabíola Cidral e os colunistas Lúcia Helena e Josias de Souza.

Drauzio comentou que gravou um vídeo no início de 2020 amenizando a situação envolvendo o coronavírus, mas que uma semana depois pediu para que as pessoas desconsiderassem o que foi dito pois "a realidade mudou completamente".

Os coronavírus são uma das causas mais importantes de resfriados comuns. (...) Não havia razão para suspeitar. Haveria se tivéssemos dados do que estava acontecendo na China, mas não tínhamos."

Essa direita radical tem ódio do jornalismo de modo geral. (...) Alguém achou esse vídeo antigo e postou como se fosse atual. Eu tenho um profundo desprezo por eles, ele é tão profundo que eles não me atingem."

Mais Médicos

Drauzio comentou sobre suas viagens pelo Brasil para levar informação para populações vulneráveis e seu contato com os profissionais do programa do governo federal.

Onde tinha Mais Médicos, a população adorava e falava muito bem desses médicos todos. Porque eles iam comprometidos com o atendimento médico dessa população. Eles não estavam lá de castigo. Eles estavam lá porque foram formados — e muito bem formados, diga-se de passagem — para esse tipo de atendimento. Nunca vi um lugar em que os médicos cubanos não fossem respeitados — e muitas vezes idolatrados pela população."

Por razões políticas, nós acabamos com esse programa. Tiramos todo esse atendimento da população e até agora o que oferecemos em troca? Nada. Esses lugares não têm médicos e não vão ter, porque vai levar tempo para reorganizar um programa que estava funcionando muito bem."

Medicalização da vida

Drauzio também foi questionado sobre a alta medicalização da sociedade brasileira, principalmente em relação aos jovens. Ele associou o grande número de casos de ansiedade e depressão ao impacto das novas tecnologias na vida humana.

Nós passamos a viver isolados, com essa maldição que é o celular. A tela do celular foi uma invenção do diabo. (...) Porque você está o tempo todo online."

Nós temos uma limitação do quanto conseguimos armazenar as memórias. Se você fica com essa informação rápida o tempo inteiro, isso aturde a gente, sua memória se perde no meio de tantas coisas. (...) O ser humano não tem capacidade de lidar com tantos impactos assim."

Esse sistema não deu certo, e não vai dar, e não tem conserto. (...) Todas as invenções que surgiram vieram para nos fazer trabalhar mais e nos tornar mais eficientes. (...) Essa medicalização da vida é uma tendência que veio para ficar, além de todo o interesse econômico por trás disso."

Veja a íntegra do UOL Entrevista