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Casos de coronavírus fora da China "podem ser fagulha" para incêndio maior, diz OMS

Greg Baker/AFP
Imagem: Greg Baker/AFP

Shivani Singh e Stephanie Nebehay

Pequim (China) e Genebra (Suíça)

10/02/2020 20h29

A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou hoje que a propagação de casos do coronavírus entre pessoas que não estiveram na China poderia ser "a fagulha que se torna um incêndio maior" e que a raça humana não pode deixar que a epidemia saia do controle.

A província chinesa de Hubei, epicentro de um surto de coronavírus, registrou 2.097 novos casos e 103 novas mortes em 10 de fevereiro, informou a autoridade de saúde local nesta terça-feira (horário local).

Antes desses dados, por volta das 2h (horário de Brasília) de hoje 40.235 casos haviam sido confirmados na China e 909 mortes, assim como 319 casos em 24 outros países, incluindo uma morte, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

O número de mortos na epidemia aumentou em 97 no domingo - maior número registrado em um único dia desde que o vírus foi detectado na cidade chinesa de Wuhan em dezembro.

O navio de cruzeiro Diamond Princess com 3.700 pessoas —entre passageiros e tripulação— a bordo continuava em quarentena no porto japonês de Yokohama, com mais 65 casos detectados, levando o número de casos confirmados na embarcação para 135.

Com cientistas correndo para desenvolver testes e tratamentos, a OMS disse que 168 laboratórios em todo o mundo têm a tecnologia certa para diagnosticar o vírus. Mais empresas estão lutando para encontrar amostras clínicas do vírus para validar os testes que desenvolveram.

As procupações com o coronavírus mantiveram os investidores nos chamados portos seguros, elevando a cotação do ouro e fazendo o dólar atingir na segunda-feira o nível mais alto em quatro meses em relação ao euro.

Na Europa, as ações de empresas automobilísticas expostas à China tiveram forte queda, enquanto os preços do petróleo, minério de ferro e cobre caíram por conta da demanda mais fraca chinesa em função do surto da doença.

A British Airways cancelou todos os seus voos para a China até o final de março.

Na China continental, onde as pessoas estão aos poucos voltando ao trabalho após um feriado estendido de Ano Novo Lunar, 3.062 novos casos foram confirmados no domingo, de acordo com a Comissão Nacional de Saúde.

Wu Fan, vice-reitor da escola de Medicina da Universidade Fudan de Xangai, disse que existe esperança de um ponto de virada na epidemia. Mas Ghebreyesus, da OMS, afirmou que havia "casos preocupantes" de transmissões a partir de pessoas que não estiveram na China.

"Isso poderia ser uma faísca que se torna um incêndio maior", disse Ghebreyesus a jornalistas em Genebra. "Mas no momento é apenas uma faísca. Nosso objetivo continua sendo a contenção. Nós deveríamos realmente lutar muito como raça humana contra esse vírus, antes que ele saia fora de controle."

Uma equipe avançada de especialistas internacionais da OMS chegou à China para investigar a epidemia.

"Essa missão junta o melhor da Ciência chinesa, da Saúde Pública chinesa e da Saúde Pública do mundo", disse Mike Ryan, da OMS.

O número total de mortos por conta do coronavírus já ultrapassou o das vítimas da epidemia da Síndrome Aguda Respiratória Severa (SARS), que matou centenas entre 2002 e 2003.

Cidades chinesas se tornaram verdadeiras cidades fantasmas após os governantes do Partido Comunista ordenarem bloqueios, cancelarem voos e fecharem fábricas e escolas.

Dez dias extras foram adicionados aos feriados do Ano Novo Lunar, que deveria ter terminado no final de janeiro. Mas mesmo na segunda-feira, muitos locais de trabalho permaneciam fechados enquanto pessoas trabalhavam de casa.

Poucos usuários corajosos estiveram em uma das mais cheias linhas de metrô de Pequim no horário de pico matinal. Todos usavam máscaras.