Igreja aberta durante pandemia fere princípio do amor ao próximo, a base da religião, afirma CONIC
O Supremo Tribunal Federal discute nessa quarta-feira (7) a polêmica questão da abertura das igrejas e outros templos durante a pandemia, após uma série de declarações contraditórias sobre o fechamento obrigatório dos locais de culto no país. O Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (CONIC), que preconiza as atividades online desde o início do surto em 2020, critica a dimensão política do episódio e lembra que ao desrespeitar as regras sanitárias, se fere um dos princípios de base de qualquer religião: a preservação da vida e o amor ao próximo.
"Desde o início da pandemia, em março do ano passado, a nossa decisão foi orientar pela não realização de celebrações presenciais", explica Romi Bencke, secretária-geral do CONIC. "As igrejas membros do Conselho se organizaram e a maioria das atividades tem sido feita de forma online. A opção, quando há atividades presenciais, é fazer de forma híbrida: a celebração é transmitida via youtube, por exemplo, e a participação [no templo] é limitada", detalha.
Mas isso não quer dizer que todos os líderes religiosos respeitem a regra e a situação varia de uma comunidade para outra. "As igrejas, como a sociedade, também têm as suas polarizações internas. Existem lideranças religiosas que não aceitam o fato de não poder ir até a igreja fazer a sua celebração", comenta a pastora da Igreja evangélica de confissão luterana no Brasil.
Ela explica que, quando esse tipo de divergência ocorre, o CONIC não pode intervir e se restringe a lembrar as preconizações e aconselhar os líderes religiosos. "Tem comunidades que não aceitam não se reunir. Nesses casos, o que se tem feito é estabelecer um limite de número de pessoas, a utilização de máscaras, e fazer atividades em ambientes bem arejados".
Igreja como curral eleitoral
Mas para Romi Bencke o debate sobre a abertura ou não dos locais de culto é também político, com igrejas que fazem lobby junto às instituições governamentais. "Isso é grave pois muitas vezes se cede a essas pressões por causa de questões relacionadas a voto", alerta a secretária-geral do CONIC. "Muitas igrejas têm se tornado o que a gente chama de curral eleitoral. E isso é o pano de fundo dessa discussão atual no Brasil, pois no ano que vem tem eleição e parte dessas pressões tem muito a ver com negociação para apoio eleitoral no futuro", denuncia.
No entanto, ela insiste que a partir do momento em que há qualquer forma de pressão para manter uma atividade presencial nas igrejas e templos, muito além da questão política, trata-se de um desrespeito dos fundamentos da religião. "Está se ferindo um dos principais mandamentos da nossa tradição religiosa, que é o amor ao próximo e o cuidado com a vida".
"O Brasil, daqui poucas semanas, pode alcançar a marca de 400 mil mortes", insiste a pastora, "E a gente sabe que a aglomeração, dentro ou fora da igreja, é um dos desencadeadores da Covid-19. Então a nossa responsabilidade maior agora precisa ser evitar as aglomerações, em coerência com o mandado religioso de cada comunidade de fé", finaliza.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.