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Juízes concluem investigações sobre tragédia do voo Rio-Paris

O Airbus A330 da Air France, que transportava 228 passageiros e tripulantes, caiu em 1º de junho de 2009 no Oceano Atlântico  - Força Aérea/AP
O Airbus A330 da Air France, que transportava 228 passageiros e tripulantes, caiu em 1º de junho de 2009 no Oceano Atlântico Imagem: Força Aérea/AP

02/07/2014 14h05Atualizada em 02/07/2014 18h17

Os juízes encarregados da investigação do acidente com o voo da Air France Rio-Paris, que causou 228 mortes em junho de 2009, anunciaram nesta quarta-feira a conclusão das investigações, indicaram os advogados das famílias de passageiros.

Os juízes de instrução Sylvia Zimmermann e Sabine Kheris "nos deram a entender que as empresas Air France e Airbus (indiciadas por homicídios culposos) comparecerão ao tribunal correcional", declarou Alain Jakubowicz, um dos advogados da associação "Entraide et Solidarité AF447".

"O fim da instrução significa que as partes demandantes podem esperar por um processo rápido", afirmou.

"Acho que há elementos suficientes para que a Airbus e a Air France sejam condenadas por homicídios culposos", indicou à AFP Yassine Bouzrou, outro advogado das famílias das vítimas.

O fim das investigações abre um período durante o qual as partes podem fazer observações ou pedir esclarecimentos. Caberá ao tribunal de Paris receber e analisar esses pedidos, antes que os juízes de instrução tomem uma decisão.

Em nota, a Air France disse que tomou conhecimento da decisão, mesmo que não tenha tido conhecimento das infrações precisas que lhe possam ter sido imputadas pela Justiça.

O Airbus A330 da Air France, que transportava 228 passageiros e tripulantes, caiu em 1º de junho de 2009 no Oceano Atlântico quando fazia o trajeto Rio de Janeiro-Paris.

Parentes das vítimas tranquilizados

O anúncio do fim das investigações deu alívio a muitos parentes de vítimas presentes no tribunal. Eles esperavam denunciar nesta quarta as conclusões de uma contra-análise, recentemente adicionada ao dossiê do caso, que isentava a fabricante Airbus de qualquer responsabilidade pelo acidente.

O relatório, datado de 30 de abril, atribui toda a culpa pela tragédia à tripulação, antes de citar a Air France, que não teria dado orientações claras em caso de problema nos sensores de velocidade Pitot, ponto de partida do acidente.

"Consideramos essa contra-análise um insulto à verdade e à justiça, já que transparece a parcialidade dos autores", denunciou a associação "Entraide et solidarité AF447", em um comunicado.

Uma primeira avaliação, apresentada em julho de 2012 às famílias das vítimas, apontava que a queda do avião tinha sido causada por erro humano, falhas técnicas, mas também por procedimentos inadequados. A causa principal teria sido a perda de dados devido ao congelamento das sondas Pitot.

Para Alain Jakubowicz, o segundo relatório "é um não-evento, um insulto e merece ser desprezado."

A companhia aérea Air France, que corre o risco de ir para banco dos réus em caso de processos judiciais, também contestou a contra-análise e pediu a sua anulação à Corte de Apelações de Paris. A empresa considera, principalmente, que foi impedida de participar das investigações, realizadas "de maneira unilateral e não contraditória, violando o princípio do processo justo".