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Farc pedem reforma eleitoral para trocar 'balas por votos' na Colômbia

26/05/2016 16h31

Havana, 26 Mai 2016 (AFP) - As Farc apresentaram nesta quinta-feira ao Congresso uma proposta de reforma eleitoral que lhes permita trocar "balas por votos" - uma mensagem incomum, enviada aos deputados que estão em Havana, onde o governo celebra o processo de paz com a guerrilha.

O chefe das negociações da organização armada comunista, Iván Márquez, pediu ao poder legislativo colombiano a renovar as regras eleitorais para que as Farc possam participar em eleições, assim que depuserem as armas, no âmbito das negociações de paz, que estão a ponto de terminar com sucesso.

"Além das óbvias garantias de segurança para nosso exercício político, do que se trata é mudar nossos instrumentos de luta, de balas por votos, se requer reformar as regras do jogo para tornar possível uma equilibrada disputa eleitoral", disse Márquez.

O líder rebelde enviou um vídeo com a proposta de uma audiência pública, convocada pela Câmara de Representantes (baixa) para discutir uma reforma política na Colômbia.

Márquez pediu um novo marco eleitoral que permita às Farc competir nas urnas de forma transparente e que aponte o processo de paz com o qual pretendem por fim a um conflito de meio século.

"Para a paz e a participação eleitoral, não só das Farc, mas da imensa maioria de colombianos e colombianas que hoje não vão às urnas, urgem, pois, medidas efetivas de inclusão, modernização e transparência eleitoral", destacou.

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) negociam desde novembro de 2012 um pacto com o governo de Juan Manuel Santos, que inclui garantias para que os rebeldes possam depor as armas e agir como grupo político.

Em sua mensagem, Márquez lembrou que ainda não existe um estatuto que propicie o exercício livre e certo da oposição na Colômbia, apesar de ser um mandato constitucional.

Ao mesmo tempo, admitiu que "aqueles que se beneficiaram do viciado sistema eleitoral" durante o conflito colombiano, "dificilmente" farão a "reforma política que a paz requer".

Ainda assim, confiou em que o futuro acordo de Havana ativará "uma onda de transformações" que poderá contribuir "a forjar um novo sistema político inclusivo e democrático" na Colômbia.

A guerrilha e o governo já acertaram quatro dos seis pontos da agenda de paz e estão em vias de anunciar uma cessação definitiva do enfrentamento armado e o mecanismo de referendamento dos convênios.