Em Brasília, evangélicos oram pelos políticos pecadores
Brasília, 30 Ago 2016 (AFP) - Se as orações do pastor Francisco Carlos Soares de Menezes forem atendidas, a presidente afastada Dilma Rousseff não será o último líder a arder no fogo do inferno político.
Tudo aponta que a presidente de 68 anos, suspensa desde maio, será destituída nesta terça-feira, quando o Senado votar para decidir se ela é culpada de ter maquiado as contas públicas.
Muitos dos que atacam Dilma, entretanto, são acusados em processos criminais que vão desde desvios de fundos públicos até compras de voto e suborno.
De Menezes, um pastor da Igreja Memorial Batista de Brasília, representante do grande movimento cristão evangélico em ascensão nos últimos anos, afirma tristemente que o pecado tem estado presente "desde que a humanidade se afastou de Deus".
Mas o terremoto político dos últimos meses mostra, segundo ele, que Deus está trazendo mudanças.
Este pastor de 57 anos aponta a grande operação anti-corrupção conhecida como "Lava Jato", que trouxe uma enxurrada de acusações e prisões contra a elite política e financeira do país no último ano.
"Deus está agindo", assegura no extenso complexo da igreja. "Acreditamos que muitas das coisas que estão acontecendo são as respostas às nossas orações", reflete.
Poder crescenteApesar de o Brasil ainda ser um país de maioria católica e com o maior número de fieis desta confissão no mundo, a classe política e religiosa tem cada vez mais integrantes do poderoso setor evangélico, que agora agrega um quarto da população.
Igrejas como a Assembleia de Deus ou a Igreja Universal, ambas lideradas por pastores-magnatas multimilionários, captam almas e influência a toda velocidade.
Nas eleições de 2014, os candidatos evangélicos não só conquistaram um número recorde de cadeiras no Congresso, como a ambientalista da igreja Pentecostal, Marina Silva, ficou perto do segundo turno.
E agora a potente bancada evangélica está exercendo sua influência para destituir Dilma, julgada formalmente de maquiar as contas públicas, mas que, no fundo, é culpada pelo declínio econômico do Brasil.
O bloco lançou toda sua força no processo de impeachment em abril, quando citou "a grave crise econômica, moral, ética e política que o Brasil atravessa".
RefúgioEm Brasília, capital onde as passadas de perna e a corrupção são velhos conhecidos, a Igreja Memorial Batista pode ser vista como um santuário da bondade.
Enquanto em um edifício ecoam as vozes dos ensaios de um coral de adultos, em outro, as crianças aprendem sobre a Bíblia.
Pequenos grupos de jovens se sentam em círculos na grama ou nas escadarias da igreja tocando violão ou falando de religião. Todos sorriem.
"Quero agradecer a Deus por meus bons resultados nas provas", diz uma adolescente de voz suave para seus amigos.
Os seguidores da religião evangélica no Brasil se orgulham, também, de seu ativismo social e de sua habilidade para resgatar as pessoas da violência e do crime.
Estas igrejas - como a réplica de 300 milhões de dólares do antigo Templo de Salomão, em Jerusalém, construído em São Paulo - são muitas vezes locais luxuosos. Com suas paredes espelhadas e portas de segurança, um desses centros situado em um subúrbio de Brasília se assemelha mais a uma companhia de seguros.
Mas nas vizinhanças mais pobres - incluindo as quase sempre ignoradas favelas - é muito fácil encontrar pequenas e rudimentares igrejas evangélicas que são também um refúgio para fugir dos traficantes de drogas e das facções criminosas.
"Quanto mais gente pudermos afastar das drogas e reconduzir até um bom caminho, melhor", assegura Antônio Mendes de Lima, de 42 anos, que trabalha como faxineiro na Igreja Adventista do 7º Dia, em Brasília.
Alcançados pelo pecadoO dinheiro e a política, no entanto, estão arrastando os evangélicos para seus próprios pecados.
Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados e ator principal da abertura do processo de impeachment contra Dilma, despontou como apresentador de uma rádio evangélica e costuma colocar trechos com referências religiosas em seus discursos.
Cunha é acusado de se beneficiar da fraude da Petrobras e de mentir no Congresso sobre contas que teria na Suíça, e que poderiam estar por trás de seu luxuoso estilo de vida. Depois de muita resistência, renunciou em julho à presidência da Câmara e enfrenta agora um processo de destituição como deputado.
Outra figura proeminente da luta a favor do impeachment assombrado pela corrupção é o senador conservador, pregador e cantor gospel, Magno Malta.
Jair Pereira, segundo pastor da Igreja Memorial Batista, afirma que o desastre no Congresso o deixa com pouca fé nos políticos ou nos efeitos da destituição de Dilma.
"Toda a classe política está em perigo", afirmou Pereira, de 44 anos.
Questionado se algum político poderia salvar a alma do Brasil, respondeu rindo: "De maneira nenhuma!".
Tudo aponta que a presidente de 68 anos, suspensa desde maio, será destituída nesta terça-feira, quando o Senado votar para decidir se ela é culpada de ter maquiado as contas públicas.
Muitos dos que atacam Dilma, entretanto, são acusados em processos criminais que vão desde desvios de fundos públicos até compras de voto e suborno.
De Menezes, um pastor da Igreja Memorial Batista de Brasília, representante do grande movimento cristão evangélico em ascensão nos últimos anos, afirma tristemente que o pecado tem estado presente "desde que a humanidade se afastou de Deus".
Mas o terremoto político dos últimos meses mostra, segundo ele, que Deus está trazendo mudanças.
Este pastor de 57 anos aponta a grande operação anti-corrupção conhecida como "Lava Jato", que trouxe uma enxurrada de acusações e prisões contra a elite política e financeira do país no último ano.
"Deus está agindo", assegura no extenso complexo da igreja. "Acreditamos que muitas das coisas que estão acontecendo são as respostas às nossas orações", reflete.
Poder crescenteApesar de o Brasil ainda ser um país de maioria católica e com o maior número de fieis desta confissão no mundo, a classe política e religiosa tem cada vez mais integrantes do poderoso setor evangélico, que agora agrega um quarto da população.
Igrejas como a Assembleia de Deus ou a Igreja Universal, ambas lideradas por pastores-magnatas multimilionários, captam almas e influência a toda velocidade.
Nas eleições de 2014, os candidatos evangélicos não só conquistaram um número recorde de cadeiras no Congresso, como a ambientalista da igreja Pentecostal, Marina Silva, ficou perto do segundo turno.
E agora a potente bancada evangélica está exercendo sua influência para destituir Dilma, julgada formalmente de maquiar as contas públicas, mas que, no fundo, é culpada pelo declínio econômico do Brasil.
O bloco lançou toda sua força no processo de impeachment em abril, quando citou "a grave crise econômica, moral, ética e política que o Brasil atravessa".
RefúgioEm Brasília, capital onde as passadas de perna e a corrupção são velhos conhecidos, a Igreja Memorial Batista pode ser vista como um santuário da bondade.
Enquanto em um edifício ecoam as vozes dos ensaios de um coral de adultos, em outro, as crianças aprendem sobre a Bíblia.
Pequenos grupos de jovens se sentam em círculos na grama ou nas escadarias da igreja tocando violão ou falando de religião. Todos sorriem.
"Quero agradecer a Deus por meus bons resultados nas provas", diz uma adolescente de voz suave para seus amigos.
Os seguidores da religião evangélica no Brasil se orgulham, também, de seu ativismo social e de sua habilidade para resgatar as pessoas da violência e do crime.
Estas igrejas - como a réplica de 300 milhões de dólares do antigo Templo de Salomão, em Jerusalém, construído em São Paulo - são muitas vezes locais luxuosos. Com suas paredes espelhadas e portas de segurança, um desses centros situado em um subúrbio de Brasília se assemelha mais a uma companhia de seguros.
Mas nas vizinhanças mais pobres - incluindo as quase sempre ignoradas favelas - é muito fácil encontrar pequenas e rudimentares igrejas evangélicas que são também um refúgio para fugir dos traficantes de drogas e das facções criminosas.
"Quanto mais gente pudermos afastar das drogas e reconduzir até um bom caminho, melhor", assegura Antônio Mendes de Lima, de 42 anos, que trabalha como faxineiro na Igreja Adventista do 7º Dia, em Brasília.
Alcançados pelo pecadoO dinheiro e a política, no entanto, estão arrastando os evangélicos para seus próprios pecados.
Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados e ator principal da abertura do processo de impeachment contra Dilma, despontou como apresentador de uma rádio evangélica e costuma colocar trechos com referências religiosas em seus discursos.
Cunha é acusado de se beneficiar da fraude da Petrobras e de mentir no Congresso sobre contas que teria na Suíça, e que poderiam estar por trás de seu luxuoso estilo de vida. Depois de muita resistência, renunciou em julho à presidência da Câmara e enfrenta agora um processo de destituição como deputado.
Outra figura proeminente da luta a favor do impeachment assombrado pela corrupção é o senador conservador, pregador e cantor gospel, Magno Malta.
Jair Pereira, segundo pastor da Igreja Memorial Batista, afirma que o desastre no Congresso o deixa com pouca fé nos políticos ou nos efeitos da destituição de Dilma.
"Toda a classe política está em perigo", afirmou Pereira, de 44 anos.
Questionado se algum político poderia salvar a alma do Brasil, respondeu rindo: "De maneira nenhuma!".
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