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Israel presta última homenagem a Peres e prepara chegada de líderes para funeral

29/09/2016 20h31

Jerusalém, 29 Set 2016 (AFP) - O povo israelense se despediu de Shimon Peres, nesta quinta-feira (29), antes da chegada de inúmeros líderes estrangeiros a Jerusalém para o enterro, na sexta (30), desta grande figura histórica.

O ex-presidente americano Bill Clinton se inclinou diante do caixão de Shimon Peres na Esplanada da Knesset (Parlamento), em Jerusalém, unindo-se aos milhares de israelenses que prestam uma última homenagem ao prêmio Nobel da Paz, falecido aos 93 anos na última quarta-feira (28).

Na sexta, Bill Clinton assistirá ao funeral de Peres, ao lado de dezenas de líderes mundiais, incluindo o presidente palestino, Mahmud Abbas, e o presidente americano, Barack Obama.

Shimon Peres será sepultado com todas as honras no Cemitério Nacional Monte Herzl, em Jerusalém.

As principais autoridades israelenses - o presidente Reuven Rivlin, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o presidente do Parlamento, Yuli Edelstein, e o líder opositor Isaac Herzog - iniciaram a homenagem popular em uma cerimônia sem discursos, durante a qual depositaram coroas de flores ao redor do caixão.

Autoridades palestinas confirmaram a presença de Abbas no funeral. Há alguns anos, o presidente da Palestina não fazia uma visita oficial a Jerusalém.

O presidente americano, Barack Obama, embarcou nesta quinta-feira à tarde para Jerusalém. O avião presidencial Air Force One, onde também ia o secretário de Estado, John Kerry, decolou da base militar Andrews, em Maryland, perto de Washington, pouco antes das 15h locais (16h, horário de Brasília).

Obama, cuja única visita dea Israel como presidente remonta a 2013, irá na manhã de sexta-feira ao Cemitério Nacional de Monte Herzk, onde Shimon Peres será sepultado.

Entre outros líderes que comparecerão destacam-se o presidente francês François Hollande, que viajou com o ex-presidente Nicolas Sarkozy, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, e o filósofo Bernard Henri-Levy.

O presidente alemão Joachim Gauck, o rei da Espanha Felipe VI e o príncipe Carlos de Inglaterra também comparecerão.

Em meio a um impressionante dispositivo de segurança, milhares de israelenses de todas as idades e origens sociais caminharam diante do caixão de Peres, que estava coberto com a bandeira de Israel.

O governo mobilizou 8.000 policiais em Jerusalém. "É uma operação de uma amplitude sem precedentes", declarou o chefe da Polícia local, Roni Alsheij.

Israel não vivia um acontecimento dessa magnitude desde o funeral, em 1995, de Yitzhak Rabin, o primeiro-ministro assassinado por um extremista judeu. Junto com Peres e com o então líder palestino, Yasser Arafat, Rabin foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz, em 1994, pelos Acordos de Paz de Oslo.

Na sexta-feira, o Monte Herzl, onde Shimon Peres será enterrado, e grande parte de Jerusalém permanecerão isolados do mundo.

As cerimônias fúnebres coincidem com o início do recesso das grandes festas judaicas e as autoridades israelenses temem uma retomada da violência palestina.

Peres faleceu na quarta-feira, aos 93 anos, no hospital em que estava internado por um acidente vascular cerebral sofrido no dia 13, data de aniversário dos Acordos de Paz de Oslo.

Ele era o último sobrevivente da geração dos pais fundadores do Estado de Israel.

Homenagens ao redor do mundoO anúncio da morte provocou uma série de homenagens em todo o mundo, com menções à visão, coragem e tenacidade de um homem que vários líderes mundiais chamavam de "amigo".

O papa Francisco expressou sua "profunda tristeza" e espera que sua "herança" seja respeitada, em um momento que parece cada vez mais distante a possibilidade de uma solução negociada do conflito israelense-palestino.

Obama ordenou que as bandeiras da Casa Branca e de todos os prédios oficiais e militares nos Estados Unidos e no exterior permaneçam a meio pau até a noite de sexta-feira.

Presente nas grandes batalhas da curta história do Estado hebreu e em suas agudas controvérsias políticas, Peres mudou sua imagem de guerreiro para a de um político de consenso, sendo considerado um sábio da nação.

Ele entrou para a política aos 25 anos, graças ao fundador de Israel, David Ben Gurion, e foi um dos arquitetos do programa nuclear de Israel. O país é considerado a única potência atômica militar do Oriente Médio.

Duas vezes primeiro-ministro (1984-1986 e 1995-1996), foi presidente de 2007 a 2014. Durante sua longa carreira, foi ministro em várias ocasiões, ocupando cargos como o Ministério das Relações Exteriores, Defesa e Finanças.