Espanha: fim de dez meses de bloqueio político com investidura de Rajoy
Madri, 29 Out 2016 (AFP) - A Espanha colocou fim a dez meses de bloqueio político no país neste sábado (29), ao investir novamente como presidente de governo o conservador Mariano Rajoy, que terá de governar com o apoio de uma minoria em um Congresso fragmentado.
O líder conservador, de 61 anos, obteve 170 votos a favor - de seu Partido Popular (137), do liberal Ciudadanos (32) e de uma deputada regionalista das Ilhas Canárias - e a abstenção de 68 deputados de seu rival histórico, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE).
A ideia de permitir um governo conservador dividiu o PSOE e provocou a renúncia ao cargo de deputado de seu ex-líder, Pedro Sánchez, desbancado por uma rebelião interna devido à sua firme oposição a Rajoy.
No poder desde 2011, o conservador pediu estabilidade para seu futuro governo. "A Espanha precisa de algo mais do que uma simples investidura, precisa de um governo que esteja em condições de governar, não de ser governado", disse em um discurso ante os deputados.
"Não estou disposto a derrubar o construído" nos quatro anos anteriores, advertiu.
"Pode-se melhorar, sem dúvida, mas que ninguém espere que eu contribua com sua demolição", acrescentou.
O porta-voz socialista, Antonio Hernando, avisou, porém, que o partido não pretende "convalidar suas odiosas reformas" trabalhistas e que se dedicará a "vigiar cada passo que ele der".
Tentando se erigir como principal porta-voz opositor, o líder do Podemos, Pablo Iglesias, arremeteu contra "a humilhação" socialista e assegurou que, ao não mudar sua política, Rajoy "definiu as bases para que cedo ou tarde" o Podemos termine governando.
Sánchez vai para voltarRajoy não poderia prever que chegaria à atual situação dez meses atrás, quando o Partido Popular (PP) registrou seu pior resultado desde 1993 e dois novos partidos, Ciudadanos (centro-direita) e Podemos (esquerda anti-austeridade), deixaram o Congresso muito fragmentado.
Vários em sua própria formação, desgastada pela corrupção e gestão austera da crise, viam um governo sem saída.
Mas Sánchez não foi capaz de tecer um governo com Podemos e Ciudadanos, e novas eleições gerais foram convocadas em 26 de junho.
O panorama ficou mais claro. O PP se manteve em primeiro lugar, e ainda mais reforçado com 14 deputados, enquanto o PSOE registrou seu pior resultado, com 85 assentos, e o Ciudadanos terminou apoiando Rajoy como presidente de governo.
Sánchez, cuja bandeira era o "não" a Rajoy, era seu último obstáculo. Mas uma rebelião interna em seu partido, que temia que o bloqueio levasse a uma terceira eleição, forçou sua saída e a abstenção de seus deputados.
Em uma "encruzilhada", entre falhar com seu partido, ou quebrar seu compromisso com os eleitores, Sánchez optou neste sábado por renunciar ao cargo de deputado e começar a trabalhar para recuperar "um PSOE autônomo e desvinculado" do PP.
Cerca de 15 deputados fiéis ao antigo líder desacataram a orientação do partido e votaram "não" a Rajoy.
TurbulênciasRajoy terá dificuldades para governar com apenas 137 de 350 deputados. Nunca um governo teve tão pouco apoio no Parlamento, de modo que se aproxima uma legislatura "mais turbulenta do que foi qualquer uma das anteriores", estima o professor de Ciência Política Pablo Simón.
Embora tenha prometido diálogo sobre questões fundamentais, como educação, aposentadoria, emprego e unidade do país, ameaçada pelo separatismo na Catalunha, Rajoy deixou claro que não pretende mudar substancialmente sua política.
"Não se pode pretender que eu governe e traia meu projeto político", afirmou.
Uma das primeiras medidas a tomar será o corte de 5,5 bilhões de euros em gastos públicos em 2017 para cumprir o objetivo de redução do déficit público acordado com Bruxelas, rejeitado pela maioria dos parlamentares.
Se não puder governar confortavelmente, Rajoy ainda poderá dissolver o Parlamento e convocar novas eleições, um cenário que os socialistas querem evitar a todo custo, segundo Simón.
Além disso, dispõe de uma maioria absoluta no Senado para bloquear reformas que não lhe convenham.
A nova legislatura foi recebida com uma manifestação em frente ao Congresso. Milhares de pessoas se concentraram para protestar contra uma investidura que consideram "ilegítima", fruto de uma aliança entre a "corrupta" elite dominante.
"Vai continuar o mesmo governo dos últimos quatro anos, que foi nefasto para a Espanha", protestava Carmen López, uma aposentada de 65 anos, lembrando dos cortes em serviços sociais.
Outros, como Darío Gómez, criticavam a "traição" dos socialistas.
"O PSOE é do proletariado, não tem que estar com a classe dominante", reclamou esse comerciante de 50 anos.
O líder conservador, de 61 anos, obteve 170 votos a favor - de seu Partido Popular (137), do liberal Ciudadanos (32) e de uma deputada regionalista das Ilhas Canárias - e a abstenção de 68 deputados de seu rival histórico, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE).
A ideia de permitir um governo conservador dividiu o PSOE e provocou a renúncia ao cargo de deputado de seu ex-líder, Pedro Sánchez, desbancado por uma rebelião interna devido à sua firme oposição a Rajoy.
No poder desde 2011, o conservador pediu estabilidade para seu futuro governo. "A Espanha precisa de algo mais do que uma simples investidura, precisa de um governo que esteja em condições de governar, não de ser governado", disse em um discurso ante os deputados.
"Não estou disposto a derrubar o construído" nos quatro anos anteriores, advertiu.
"Pode-se melhorar, sem dúvida, mas que ninguém espere que eu contribua com sua demolição", acrescentou.
O porta-voz socialista, Antonio Hernando, avisou, porém, que o partido não pretende "convalidar suas odiosas reformas" trabalhistas e que se dedicará a "vigiar cada passo que ele der".
Tentando se erigir como principal porta-voz opositor, o líder do Podemos, Pablo Iglesias, arremeteu contra "a humilhação" socialista e assegurou que, ao não mudar sua política, Rajoy "definiu as bases para que cedo ou tarde" o Podemos termine governando.
Sánchez vai para voltarRajoy não poderia prever que chegaria à atual situação dez meses atrás, quando o Partido Popular (PP) registrou seu pior resultado desde 1993 e dois novos partidos, Ciudadanos (centro-direita) e Podemos (esquerda anti-austeridade), deixaram o Congresso muito fragmentado.
Vários em sua própria formação, desgastada pela corrupção e gestão austera da crise, viam um governo sem saída.
Mas Sánchez não foi capaz de tecer um governo com Podemos e Ciudadanos, e novas eleições gerais foram convocadas em 26 de junho.
O panorama ficou mais claro. O PP se manteve em primeiro lugar, e ainda mais reforçado com 14 deputados, enquanto o PSOE registrou seu pior resultado, com 85 assentos, e o Ciudadanos terminou apoiando Rajoy como presidente de governo.
Sánchez, cuja bandeira era o "não" a Rajoy, era seu último obstáculo. Mas uma rebelião interna em seu partido, que temia que o bloqueio levasse a uma terceira eleição, forçou sua saída e a abstenção de seus deputados.
Em uma "encruzilhada", entre falhar com seu partido, ou quebrar seu compromisso com os eleitores, Sánchez optou neste sábado por renunciar ao cargo de deputado e começar a trabalhar para recuperar "um PSOE autônomo e desvinculado" do PP.
Cerca de 15 deputados fiéis ao antigo líder desacataram a orientação do partido e votaram "não" a Rajoy.
TurbulênciasRajoy terá dificuldades para governar com apenas 137 de 350 deputados. Nunca um governo teve tão pouco apoio no Parlamento, de modo que se aproxima uma legislatura "mais turbulenta do que foi qualquer uma das anteriores", estima o professor de Ciência Política Pablo Simón.
Embora tenha prometido diálogo sobre questões fundamentais, como educação, aposentadoria, emprego e unidade do país, ameaçada pelo separatismo na Catalunha, Rajoy deixou claro que não pretende mudar substancialmente sua política.
"Não se pode pretender que eu governe e traia meu projeto político", afirmou.
Uma das primeiras medidas a tomar será o corte de 5,5 bilhões de euros em gastos públicos em 2017 para cumprir o objetivo de redução do déficit público acordado com Bruxelas, rejeitado pela maioria dos parlamentares.
Se não puder governar confortavelmente, Rajoy ainda poderá dissolver o Parlamento e convocar novas eleições, um cenário que os socialistas querem evitar a todo custo, segundo Simón.
Além disso, dispõe de uma maioria absoluta no Senado para bloquear reformas que não lhe convenham.
A nova legislatura foi recebida com uma manifestação em frente ao Congresso. Milhares de pessoas se concentraram para protestar contra uma investidura que consideram "ilegítima", fruto de uma aliança entre a "corrupta" elite dominante.
"Vai continuar o mesmo governo dos últimos quatro anos, que foi nefasto para a Espanha", protestava Carmen López, uma aposentada de 65 anos, lembrando dos cortes em serviços sociais.
Outros, como Darío Gómez, criticavam a "traição" dos socialistas.
"O PSOE é do proletariado, não tem que estar com a classe dominante", reclamou esse comerciante de 50 anos.
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