Topo

Direita francesa elege candidato à presidência com Fillon como favorito

Christian Hartmann/Reuters
Imagem: Christian Hartmann/Reuters

Em Paris

27/11/2016 11h58

A direita francesa elege neste domingo (27) seu candidato à eleição presidencial de 2017, um duelo final em que o ex-primeiro ministro François Fillon, que promete reformas econômicas liberais, é o grande favorito.

A participação ao meio-dia era entre 10% e 15% maior que a do primeiro turno do domingo passado, segundo a comissão que organiza esta votação aberta a todos os franceses.

Mais de 10.000 centros eleitorais abriram suas portas às 08h locais (05h de Brasília) para o segundo turno destas primárias inéditas na história da direita francesa.

Os centros eleitorais fecharão às 19h (16h de Brasília), e os primeiros resultados serão comunicados às 20h30 (17h30 de Brasília).

François Fillon, um católico conservador de 62 anos que promete um plano de choque liberal, enfrenta o também ex-primeiro ministro Alain Juppé, 71 anos, que defende um programa mais moderado.

Ante uma esquerda governante impopular e dividida, o ganhador destas primárias tem grandes possibilidades de se tornar o presidente da França em maio do ano que vem, segundo as pesquisas.

Fillon, que foi primeiro-ministro do ex-presidente Nicolas Sarkozy durante cinco anos (2007-2012), promete um plano "radical" com a eliminação de 500.000 empregos públicos e um corte de 110 bilhões de euros em gastos públicos para salvar um país em "declínio".

"A França precisa mudar de modelo econômico e social", defende Fillon, grande admirador da "Dama de Ferro" Margaret Thatcher.

Este homem de caráter austero também ganhou apoio com sua linha dura contra o terrorismo jihadista, o islã e a migração, e pela sua defesa dos valores familiares tradicionais.

"A religião muçulmana deve aceitar o que todas as outras aceitaram no passado, o radicalismo e a provocação não têm lugar" na França, declarou na sexta-feira durante seu último comício em Paris.

"Identidade feliz"Juppé, ex-primeiro ministro do ex-presidente Jacques Chirac (1995-1997) e ex-ministro de Relações Exteriores de Sarkozy, considerado mais moderado, afirma que o programa do seu adversário é "brutal" e "irrealista".

Promete um equilíbrio do orçamento público em cinco anos através de um corte estrutural de entre 85 e 100 bilhões de euros.

Em oposição a seu rival, defende o conceito da "identidade feliz" aberta à diversidade cultural, apesar de uma inquietação generalizada sobre a imigração e o extremismo islâmico.

"Sou a melhor opção para derrotar Marine Le Pen", disse na sexta-feira, no último dia da campanha, em referência à candidata da extrema-direita.

No entanto, François Fillon, que obteve uma vantagem de 16 pontos e 650.000 votos no primeiro turno, é considerado o grande favorito.

Em Bordeaux, cidade na qual Juppé é prefeito, Gaétan, de 22 anos, admite que teve muitas dúvidas, mas que escolheu Fillon.

"Prefiro Juppé nos temas sociais, e Fillon nos econômicos. Mas prefiro ter um trabalho do que qualquer outra coisa", disse à AFP.

Fillon venceu o primeiro turno das primárias, no último domingo, com 44% dos votos, e desde então recebeu o apoio dos principais líderes da direita, inclusive o do ex-presidente Nicolas Sarkozy, que foi eliminado da corrida à presidência há uma semana.

As últimas pesquisas de opinião apontam que Fillon pode vencer com uma cômoda vantagem de mais de 20 pontos neste domingo.

Mas as pesquisas, que durante meses o relegaram ao quarto lugar, poderiam se enganar mais uma vez.

Corrida ao EliseuO ganhador desta disputa interna enfrentará nas eleições presidenciais um candidato socialista que ainda não foi definido e a líder do partido de extrema-direita Frente Nacional, Marine Le Pen.

O presidente socialista François Hollande, o mais impopular dos últimos 60 anos, com apenas 16% de aprovação, deve anunciar antes de 15 de dezembro se concorrerá a um novo mandato.

Segundo uma pesquisa divulgada na sexta-feira, o primeiro-ministro de Hollande, Manuel Valls, tem mais popularidade que o atual presidente.

Em uma entrevista publicada neste domingo, Valls anunciou que não exclui se candidatar às primárias do Partido Socialistas, que serão realizadas em janeiro.

As pesquisas mostram que Le Pen lideraria o primeiro turno da eleição presidencial de 23 de abril com cerca de 30% dos votos, mas seria derrotada no segundo turno, em 7 de maio, pelo candidato da direita.