Topo

FBI busca autores de cartas com ameaças a mesquitas nos EUA

29/11/2016 01h39

Los Angeles, 29 Nov 2016 (AFP) - O FBI informou, nesta segunda-feira (28), que investiga os autores de uma série de cartas com mensagens de ódio enviadas a mesquitas nos Estados Unidos e pediu que qualquer instituição que tenha recebido ameaças similares denuncie o assunto às autoridades.

"Eu lhes peço que, se receberem cartas como essas, denunciem", disse o chefe da Divisão de Antiterrorismo do FBI em Los Angeles, Stephen Woolery, em entrevista coletiva no Centro Islâmico do Sul da Califórnia, acompanhado da Polícia e de líderes religiosos.

"Sabemos que nem todos os crimes que acontecem são reportados", completou.

Segundo ele, as mensagens enviadas a três mesquitas na Califórnia e outra na Geórgia contêm uma "linguagem atroz", mas não apresentam ameaças específicas, motivo pelo qual não constitui crime de ódio.

Dirigidas aos "filhos de Satanás", as cartas classificam os muçulmanos de "gente vil e suja", ao mesmo tempo em que elogiam o presidente eleito Donald Trump, garantindo que "ele vai fazer com os muçulmanos o que Hitler fez com os judeus".

"Seu dia de prestar contas chegou", dizia uma das cartas, de acordo com o Conselho de Relações Islâmico-Americanas (Cair, na sigla em inglês).

"Tem um novo xerife na cidade, o presidente Donald Trump. Ele vai limpar a América e fazê-la brilhar de novo. E vai começar com os muçulmanos", acrescenta o texto, assinada por "Americanos por uma via melhor".

O chefe adjunto da Polícia de Los Angeles, Michael Downing, indicou que as mensagens enviadas para as mesquitas na Califórnia foram seladas no correio em 19 de novembro.

Em 2015, o FBI registrou um aumento de 67% dos atos contra os muçulmanos americanos. Eles representam 1% da população.

O Cair disse ter constatado um "aumento dos atos contra muçulmanos americanos desde a eleição presidencial", em 8 de novembro passado.

Outras associações que lutam contra o racismo e o Partido Democrata também denunciaram uma escalada da violência contra as minorias após a vitória do republicano Donald Trump. Sua campanha foi marcada por um discurso especialmente refratário a muçulmanos e a imigrantes.