Situação 'assustadora' na zona leste de Aleppo, onde regime sírio cerca os rebeldes
Alepo, Síria, 29 Nov 2016 (AFP) - A ONU expressou nesta terça-feira sua preocupação com a situação "assustadora" dos civis na zona leste de Aleppo, onde as forças do regime sírio têm acuado os rebeldes no seu reduto transformado em um campo de ruínas por bombardeios sem precedentes.
No momento em que o regime parece perto de sua maior vitória desde o início do conflito, em 2011, a França pediu uma reunião imediata do Conselho de Segurança da ONU para apoiar a "cidade mártir".
Em três dias, as tropas de Bashar al-Assad tomaram mais de 30% do território rebelde na segunda maior cidade do país, o principal desafio do conflito sírio que já custou mais de 300.000 mortos em mais de cinco anos.
Este rápido avanço provocou a fuga de quase vinte mil civis da zona leste de Aleppo nos últimos dias, informou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), em um comunicado, destacando que a cifra é uma estimativa.
O êxodo prosseguia na terça-feira, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), que informou sobre vários combates em diferentes bairros, como o de Bab al nayrab, onde dez civis morreram em um bombardeio.
Segundo a ONU, 10.000 foram para a zona oeste de Aleppo, controlada pelo regime, enquanto entre 4.000 e 6.000 encontraram refúgio no pequeno enclave de Sheikh Maqsud, nas mãos das forças curdas.
Milhares de outros civis fugiram para o sudeste de Aleppo, após a captura pelo regime dos bairros do nordeste da cidade.
'Bombardeios às cegas'O encarregado das operações humanitárias da ONU, Stephen O'Brien, disse estar "muito preocupado com a situação dos civis", que qualificou como "alarmante e assustadora".
Além da "intensificação dos combates terrestres e dos bombardeios às cegas", "não funciona nenhum hospital e as reservas de alimentos estão quase esgotadas".
As rações de comida fornecidas pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA) estão esgotadas desde 13 de novembro e as reservas das demais agências humanitárias "diminuem", informou o porta-voz da ONU, Stéphane Djuarric.
Frente à catástrofe humanitária de Aleppo, o chanceler francês, Jean-Marc Ayrault, pediu uma reunião imediata do Conselho de Segurança da ONU para "examinar a situação desta cidade mártir e maneiras de trazer alívio para a população".
Nos últimos meses, o exército sírio lançou várias ofensivas para retomar o leste de Aleppo, nas mãos dos rebeldes desde 2012.
Mas não conseguiu grandes avanços até a última operação, lançada em 15 de novembro, que permitiu romper as defesas rebeldes com a ajuda de seus aliados estrangeiros, como a aviação russa e o Hezbollah libanês.
Segundo o OSDH, a última ofensiva do exército deixou mais de 250 civis mortos no leste de Aleppo desde 15 de novembro. Os rebeldes mataram, por sua vez, pelo menos 40 civis em seus ataques a zonas governamentais.
No leste de Aleppo, "não há nem alimentos, nem água, nem meios de transporte", declarou Ibrahim Abu Laith, porta-voz dos Capacetes Brancos, o serviço de socorristas da zona rebelde.
Crianças expostasA organização Save the Children anunciou temer que o ataque do regime possa dividir as famílias e deixar milhares de pessoas, inclusive crianças, sem refúgio e expostas ao perigo.
"Com tanta gente presa em um espaço cada vez mais reduzido, as crianças só são alvos das bombas", declarou sua diretora, Sonia Khush.
A queda do leste de Aleppo representaria a pior derrota dos rebeldes desde 2011 e permitiria ao regime se concentrar na retomada de outras cidades.
A guerra da Síria foi se tornando cada vez mais complexa desde 2011, com a intervenção de múltiplos atores, como as grandes potências e os grupos extremistas, principalmente o Estado Islâmico (EI) em um território completamente dividido.
Aliada da oposição, a coalizão internacional liderada por Washington, que combate o EI, admitiu na terça-feira ter bombardeado por engano as forças leais a Al Assad em setembro passado perto de Deir Ezzor, uma cidade do leste dividida em setores nas mãos do EI e outros bairros controlados pelo regime.
Além disso, França e Reino Unido anunciaram que apresentariam a seus sócios do Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução para sancionar as autoridades sírias culpadas de ter usado armas químicas.
Por outro lado, o exército sírio anunciou que dois de seus soldados desapareceram na Síria, onde combatem o EI, depois que a agência de notícias dos extremistas, Amaq, afirmou que estes tinham sido tomados como reféns.
kar-sah-burs/ram/jri/gm-jvb/mvv
No momento em que o regime parece perto de sua maior vitória desde o início do conflito, em 2011, a França pediu uma reunião imediata do Conselho de Segurança da ONU para apoiar a "cidade mártir".
Em três dias, as tropas de Bashar al-Assad tomaram mais de 30% do território rebelde na segunda maior cidade do país, o principal desafio do conflito sírio que já custou mais de 300.000 mortos em mais de cinco anos.
Este rápido avanço provocou a fuga de quase vinte mil civis da zona leste de Aleppo nos últimos dias, informou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), em um comunicado, destacando que a cifra é uma estimativa.
O êxodo prosseguia na terça-feira, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), que informou sobre vários combates em diferentes bairros, como o de Bab al nayrab, onde dez civis morreram em um bombardeio.
Segundo a ONU, 10.000 foram para a zona oeste de Aleppo, controlada pelo regime, enquanto entre 4.000 e 6.000 encontraram refúgio no pequeno enclave de Sheikh Maqsud, nas mãos das forças curdas.
Milhares de outros civis fugiram para o sudeste de Aleppo, após a captura pelo regime dos bairros do nordeste da cidade.
'Bombardeios às cegas'O encarregado das operações humanitárias da ONU, Stephen O'Brien, disse estar "muito preocupado com a situação dos civis", que qualificou como "alarmante e assustadora".
Além da "intensificação dos combates terrestres e dos bombardeios às cegas", "não funciona nenhum hospital e as reservas de alimentos estão quase esgotadas".
As rações de comida fornecidas pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA) estão esgotadas desde 13 de novembro e as reservas das demais agências humanitárias "diminuem", informou o porta-voz da ONU, Stéphane Djuarric.
Frente à catástrofe humanitária de Aleppo, o chanceler francês, Jean-Marc Ayrault, pediu uma reunião imediata do Conselho de Segurança da ONU para "examinar a situação desta cidade mártir e maneiras de trazer alívio para a população".
Nos últimos meses, o exército sírio lançou várias ofensivas para retomar o leste de Aleppo, nas mãos dos rebeldes desde 2012.
Mas não conseguiu grandes avanços até a última operação, lançada em 15 de novembro, que permitiu romper as defesas rebeldes com a ajuda de seus aliados estrangeiros, como a aviação russa e o Hezbollah libanês.
Segundo o OSDH, a última ofensiva do exército deixou mais de 250 civis mortos no leste de Aleppo desde 15 de novembro. Os rebeldes mataram, por sua vez, pelo menos 40 civis em seus ataques a zonas governamentais.
No leste de Aleppo, "não há nem alimentos, nem água, nem meios de transporte", declarou Ibrahim Abu Laith, porta-voz dos Capacetes Brancos, o serviço de socorristas da zona rebelde.
Crianças expostasA organização Save the Children anunciou temer que o ataque do regime possa dividir as famílias e deixar milhares de pessoas, inclusive crianças, sem refúgio e expostas ao perigo.
"Com tanta gente presa em um espaço cada vez mais reduzido, as crianças só são alvos das bombas", declarou sua diretora, Sonia Khush.
A queda do leste de Aleppo representaria a pior derrota dos rebeldes desde 2011 e permitiria ao regime se concentrar na retomada de outras cidades.
A guerra da Síria foi se tornando cada vez mais complexa desde 2011, com a intervenção de múltiplos atores, como as grandes potências e os grupos extremistas, principalmente o Estado Islâmico (EI) em um território completamente dividido.
Aliada da oposição, a coalizão internacional liderada por Washington, que combate o EI, admitiu na terça-feira ter bombardeado por engano as forças leais a Al Assad em setembro passado perto de Deir Ezzor, uma cidade do leste dividida em setores nas mãos do EI e outros bairros controlados pelo regime.
Além disso, França e Reino Unido anunciaram que apresentariam a seus sócios do Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução para sancionar as autoridades sírias culpadas de ter usado armas químicas.
Por outro lado, o exército sírio anunciou que dois de seus soldados desapareceram na Síria, onde combatem o EI, depois que a agência de notícias dos extremistas, Amaq, afirmou que estes tinham sido tomados como reféns.
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