A decolagem tardia das companhias 'low cost' na América Latina
Montevidéu, 27 dez 2016 (AFP) - Voar na América Latina uma distância equivalente a Paris-Madri, que custa 100 dólares, vale seis vezes mais. As companhias aéreas "low cost", muito comuns na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia começam a decolar na região.
Uma comparação revela tarifas muito mais altas do que em outros lugares do mundo, seja para recorrer 1.000, 2.000 ou 3.000 quilômetros.
1.000 km: Paris-Madri = US$ 106 (Transavia), Lima-La Paz = US$ 599 (Latam)Martin Rötig e Hélène Le Bras, um casal de arquitetos na casa dos 30 anos, deram um tempo na vida parisiense para fazer uma viagem pelo mundo. Depois de visitar a Ásia, querem explorar a América do Sul no início de 2017, mas usarão, sobretudo, ônibus apesar das longas distâncias.
"Vamos tomar o menor número de aviões possível porque são muito mais caros do que na Ásia", contou à AFP Martin, que lembrou ter feito uma viagem de "ida e volta entre Kuala Lumpur e Osaka, um voo de sete horas, por 450 euros os dois pela Air Asia".
Esses mochileiros não são um caso isolado. Fóruns e blogs turísticos advertem sobre os altos preços dos voos na América Latina, por causa de um desenvolvimento insuficiente das companhias de baixo custo, as chamadas "low cost".
É fácil identificar os motivos: menos aeroportos secundários, distâncias mais longas e regulamentos mais rígidos por falta de um mercado comum como na Europa.
Na região, apenas Brasil, México e Colômbia têm companhias "low cost", mas com conexões principalmente locais e a preços menos econômicos dos que os da Europa.
Na América Latina, "o clima é bem pouco favorável, mas está evoluindo", resume Bertrand Mouly-Aigrot, sócio na empresa parisiense especializada em transporte aéreo, Archery Strategy Consulting.
A região "tem uma base de população importante, economias globais em crescimento, de uma verdadeira classe média, onde o turismo se desenvolve. Não há razão para que o fenômeno "low cost", que se impôs nas demais regiões do mundo, não se imponha na América Latina", avaliou o especialista.
2.000 km: Dallas-Los Angeles = US$ 293 (Spirit Airlines), Rio de Janeiro-Buenos Aires = US$ 475 (Gol)A guinada liberal adotada em Brasil e Argentina, dois mercados até agora muito regulados, os analistas ressaltam que uma densificação está em curso na rede de companhias "low cost".
Na Argentina, a companhia Flybondi, cujo acionista majoritário é Julian Cook, fundador da suíça Flybaboo, prevê lançar em breve uma dezena de rotas nacionais.
O grupo Viva, implantado no México com o VivaAerobus, e na Colômbia com a VivaColombia, acaba de inaugurar em novembro a Viva Air no Peru.
Um de seus acionistas é a Irelandia Aviation, a sociedade de investimentos de Declan Ryan, co-fundador da companhia irlandesa Ryanair e cujo modelo dobrou na Ásia (Tiger Airways) e nos Estados Unidos (Allegiant).
"Hoje, uma em cada quatro pessoas que viaja em companhias aéreas no mundo o faz em uma "low cost". No entanto, a América Latina ainda tem tarifas exorbitantes para trajetos muito curtos, é lamentável!", disse à AFP William Shaw, fundador e presidente da VivaColombia.
Para seu desenvolvimento, "estamos vendo Chile, Argentina, Venezuela e a região da América Central".
3.000 km: Kuala Lumpur-Taiwan = US$ 86 (AirAsia), Bogotá-Mexico = US$ 470 (Avianca)Segundo a Organização Mundial do Turismo, 96,6 milhões de turistas visitaram a América Latina em 2015 com um crescimento estimado entre 4% e 5% em 2016.
No tráfego de passageiros, a Boeing prevê uma alta de 5,8% na região durante os próximos 20 anos, informou à AFP Donna Hrinak, sua presidente para a América Latina, com a maior parte de voos na classe econômica, "refletindo um contínuo crescimento de transportes de baixo custo e a expansão de redes na América Latina e no Caribe".
"Definitivamente, há muito potencial na América Latina", confirmou Carlos Ozores, consultor da companhia americana ICF.
"No México e no Brasil, parte do público usava ônibus, mas uma vez que voam não querem voltar às estradas", acrescentou Ozores.
"Nós queremos fazer que o mercado cresça. Estamos trabalhando para que um cliente do interior da Argentina possa viajar ao interior do Brasil", afirmou Eduardo Bernardes, vice-presidente comercial da brasileira Gol, que defende a flexibilização das regulamentações de voo.
tup/ka/lp/gm/ll/cc/mvv
* Preços localizados nos comparadores de tarifas e nos sites das companhias para uma viagem de ida e volta na semana de 13 a 19 de março.
Uma comparação revela tarifas muito mais altas do que em outros lugares do mundo, seja para recorrer 1.000, 2.000 ou 3.000 quilômetros.
1.000 km: Paris-Madri = US$ 106 (Transavia), Lima-La Paz = US$ 599 (Latam)Martin Rötig e Hélène Le Bras, um casal de arquitetos na casa dos 30 anos, deram um tempo na vida parisiense para fazer uma viagem pelo mundo. Depois de visitar a Ásia, querem explorar a América do Sul no início de 2017, mas usarão, sobretudo, ônibus apesar das longas distâncias.
"Vamos tomar o menor número de aviões possível porque são muito mais caros do que na Ásia", contou à AFP Martin, que lembrou ter feito uma viagem de "ida e volta entre Kuala Lumpur e Osaka, um voo de sete horas, por 450 euros os dois pela Air Asia".
Esses mochileiros não são um caso isolado. Fóruns e blogs turísticos advertem sobre os altos preços dos voos na América Latina, por causa de um desenvolvimento insuficiente das companhias de baixo custo, as chamadas "low cost".
É fácil identificar os motivos: menos aeroportos secundários, distâncias mais longas e regulamentos mais rígidos por falta de um mercado comum como na Europa.
Na região, apenas Brasil, México e Colômbia têm companhias "low cost", mas com conexões principalmente locais e a preços menos econômicos dos que os da Europa.
Na América Latina, "o clima é bem pouco favorável, mas está evoluindo", resume Bertrand Mouly-Aigrot, sócio na empresa parisiense especializada em transporte aéreo, Archery Strategy Consulting.
A região "tem uma base de população importante, economias globais em crescimento, de uma verdadeira classe média, onde o turismo se desenvolve. Não há razão para que o fenômeno "low cost", que se impôs nas demais regiões do mundo, não se imponha na América Latina", avaliou o especialista.
2.000 km: Dallas-Los Angeles = US$ 293 (Spirit Airlines), Rio de Janeiro-Buenos Aires = US$ 475 (Gol)A guinada liberal adotada em Brasil e Argentina, dois mercados até agora muito regulados, os analistas ressaltam que uma densificação está em curso na rede de companhias "low cost".
Na Argentina, a companhia Flybondi, cujo acionista majoritário é Julian Cook, fundador da suíça Flybaboo, prevê lançar em breve uma dezena de rotas nacionais.
O grupo Viva, implantado no México com o VivaAerobus, e na Colômbia com a VivaColombia, acaba de inaugurar em novembro a Viva Air no Peru.
Um de seus acionistas é a Irelandia Aviation, a sociedade de investimentos de Declan Ryan, co-fundador da companhia irlandesa Ryanair e cujo modelo dobrou na Ásia (Tiger Airways) e nos Estados Unidos (Allegiant).
"Hoje, uma em cada quatro pessoas que viaja em companhias aéreas no mundo o faz em uma "low cost". No entanto, a América Latina ainda tem tarifas exorbitantes para trajetos muito curtos, é lamentável!", disse à AFP William Shaw, fundador e presidente da VivaColombia.
Para seu desenvolvimento, "estamos vendo Chile, Argentina, Venezuela e a região da América Central".
3.000 km: Kuala Lumpur-Taiwan = US$ 86 (AirAsia), Bogotá-Mexico = US$ 470 (Avianca)Segundo a Organização Mundial do Turismo, 96,6 milhões de turistas visitaram a América Latina em 2015 com um crescimento estimado entre 4% e 5% em 2016.
No tráfego de passageiros, a Boeing prevê uma alta de 5,8% na região durante os próximos 20 anos, informou à AFP Donna Hrinak, sua presidente para a América Latina, com a maior parte de voos na classe econômica, "refletindo um contínuo crescimento de transportes de baixo custo e a expansão de redes na América Latina e no Caribe".
"Definitivamente, há muito potencial na América Latina", confirmou Carlos Ozores, consultor da companhia americana ICF.
"No México e no Brasil, parte do público usava ônibus, mas uma vez que voam não querem voltar às estradas", acrescentou Ozores.
"Nós queremos fazer que o mercado cresça. Estamos trabalhando para que um cliente do interior da Argentina possa viajar ao interior do Brasil", afirmou Eduardo Bernardes, vice-presidente comercial da brasileira Gol, que defende a flexibilização das regulamentações de voo.
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* Preços localizados nos comparadores de tarifas e nos sites das companhias para uma viagem de ida e volta na semana de 13 a 19 de março.
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