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Presidente do Peru estuda denunciar Odebrecht por perdas e danos

31/12/2016 17h16

Lima, 31 dez 2016 (AFP) - O presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, disse neste sábado que estuda a possibilidade de denunciar por perdas e danos a empreiteira Odebrecht, que admitiu ter pago propina a funcionários de vários países, entre eles o Peru, para vencer licitações de obras públicas.

"Nós estamos analisando várias alternativas, sem dúvida uma delas é esta (denúncia), mas devemos ver caso a caso porque senão vamos entrar em complicações terríveis de julgamentos intermináveis", disse Kuczynski à emissora RPP ao ser questionado se o Peru apresentaria uma demanda contra a construtora brasileira.

A Odebrecht admitiu - segundo informou a Justiça dos Estados Unidos - o pagamento de 29 milhões de dólares a funcionários do Estado peruano em troca de contratos para obras entre os anos de 2005 e 2014.

Kuczynski explicou que para realizar qualquer denúncia deve-se estar bem preparado para não se lançar em algo que depois possa ser contraproducente para o país.

"A Justiça peruana deve se inteirar do assunto e ver os detalhe para, com base nisso, tomar uma decisão", afirmou o presidente.

Kuczynski falou com a Procuradoria para entregarem os nomes dos funcionários e executivos envolvidos no caso de subornos.

"Se há acusados, que sem dúvidas há, devem passar pelo sistema judiciário e terem seus nomes conhecidos", comentou.

Na sexta-feira, a Odebrecht assinalou que está disposta a assinar um acordo com a justiça no Peru, tal como fez nos Estados Unidos, para poder continuar ativa, segundo um comunicado interno da empresa a seus funcionários e que a AFP teve acesso.

"Baseados na experiência que tivemos nos países como Estados Unidos, Brasil e Suíça, reconhecemos a importância do uso de mecanismos de cooperação com a justiça procurando reparar danos", assinalou no comunicado o novo representante da empresa em Lima, Mauricio Cruz.

A construtora participou de mais de 40 projetos de investimento no período investigado (2005-2014), os quais envolveram mais de 12 bilhões de dólares em gastos públicos para a execução. Os fatos ocorreram durante os governos dos presidentes Alejandro Toledo, Alan García e Ollanta Humala.