Trégua segue em vigor pelo segundo dia na Síria
Beirute, 31 dez 2016 (AFP) - As frentes de combate na Síria viviam neste sábado seu segundo dia de calma, apesar de algumas hostilidades, enquanto na ONU, o Conselho de Segurança aprovou a iniciativa russo-turca de um cessar-fogo, abrindo a via para negociações com vistas a por fim ao conflito.
A resolução apoiando o acordo de cessar-fogo proposto por Ancara e Moscou foi aprovada por unanimidade no Conselho de Segurança, e embora preveja o início das negociações, não entrou em detalhes técnicos.
O texto de compromisso, aprovado após a realização de consultas a portas fechadas, diz que o Conselho de Segurança "acolhe com satisfação e apoia os esforços" para a paz feitos por Rússia e Turquia e que "toma nota" do acordo alcançado em 29 de dezembro.
O cessar-fogo, do qual estão excluídos os grupos extremistas Estado Islâmico (EI) e Fateh al-Sham, deve ser o prelúdio das negociações de paz previstas para o fim de janeiro em Astana, capital do Cazaquistão, auspiciadas por Moscou e Teerã, aliados do regime, e Ancara, que apoia os rebeldes.
Pelo segundo dia consecutivo, "a calma reina na maioria das regiões sírias" no âmbito da aplicação de uma trégua, a primeira desde setembro, que entrou em vigor na quinta-feira à meia-noite, informou Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), ONG sediada em Londres.
"Ocorrem apenas alguns confrontos e bombardeios de artilharia do regime na região de Wadi Barada, perto de Damasco, e na cidade de Deraa (sul)", disse à AFP o responsável.
A aviação do regime realizou dez ataques aéreos contra Wadi Barada, segundo o OSDH.
Wadi Barada é uma das principais áreas de abastecimento de água potável para os quatro milhões de habitantes da capital síria e seus arredores. O governo acusa os rebeldes de terem "contaminado com diesel" a água que chega a Damasco.
Aproveitando o cessar-fogo, as crianças puderam voltar à escola na província de Idleb, controlada pelo Fatah al-Sham (ex-Frente al-Nosra, braço da Al-Qaeda na Síria), um grupo considerado "terrorista" por Washington e Moscou.
- Aliança complicada -Desde o início da trégua, dois civis morreram, um deles vítima de um franco-atirador em Duma, perto de Damasco, e o outro em um bombardeio perto de Wadi Barada, onde os confrontos persistem há uma semana entre o regime e os rebeldes aliados do Fateh al-Sham.
Como nas tréguas anteriores, que fracassaram poucos dias depois, a aliança de insurgentes com o Fateh al-Sham complica a implementação do cessar-fogo.
Muito debilitados, estes grupos rebeldes não podem se distanciar da formação extremista, que conta com melhores equipamentos e tem um papel militar chave na batalha contra o regime. Nas regiões sob o seu controle, os rebeldes são seus aliados.
"Não se deve excluir nenhum grupo em Idleb, caso contrário a trégua fracassará", afirmou Mohamad, de 28 anos, que espera que este conflito, que já deixou mais de 310.000 mortos e milhões de refugiados desde 2011, seja resolvido.
O EI, por sua vez, atua sozinho nas regiões que controla, no norte da Síria, e continua sendo o alvo dos bombardeios russos, americanos, turcos e sírios.
De acordo com o Pentágono, o seu líder, Abu Bakr al Baghdadi, ainda está vivo, apesar dos esforços da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos para eliminá-lo.
- 'Diálogo produtivo' -Pela primeira vez desde o início do conflito, os Estados Unidos, que apoiam a oposição, foram excluídos das negociações de cessar-fogo.
Para o emissário da ONU na Síria, Staffan de Mistura, este acordo "abrirá o caminho para um diálogo produtivo", mas reiterou que pretende que as negociações através da ONU persistam no ano que vem.
Em uma entrevista publicada neste sábado, De Mistura declarou que a resolução da ONU que prevê uma transição política na Síria ainda está sobre a mesa.
"Temos agora diante de nós outra situação: uma negociação entre o regime de Assad e os rebeldes", disse ao jornal italiano Corriere della Sera.
As negociações previstas para o fim de janeiro no Cazaquistão devem ocorrer antes das negociações inter-sírias auspiciadas pela ONU, previstas para 8 de fevereiro, em Genebra.
O conflito na Síria, desencadeado em 2011 pela sangrenta repressão das manifestações pacíficas pró-democracia no país, se transformou em uma guerra complexa que envolve muitas potências regionais e internacionais.
Apenas em 2016, cerca de 60.000 pessoas perderam a vida em combates e bombardeios, 13.617 delas civis, segundo um balanço do OSDH.
bur-lar/ram/tp/es/app/ma/mvv
A resolução apoiando o acordo de cessar-fogo proposto por Ancara e Moscou foi aprovada por unanimidade no Conselho de Segurança, e embora preveja o início das negociações, não entrou em detalhes técnicos.
O texto de compromisso, aprovado após a realização de consultas a portas fechadas, diz que o Conselho de Segurança "acolhe com satisfação e apoia os esforços" para a paz feitos por Rússia e Turquia e que "toma nota" do acordo alcançado em 29 de dezembro.
O cessar-fogo, do qual estão excluídos os grupos extremistas Estado Islâmico (EI) e Fateh al-Sham, deve ser o prelúdio das negociações de paz previstas para o fim de janeiro em Astana, capital do Cazaquistão, auspiciadas por Moscou e Teerã, aliados do regime, e Ancara, que apoia os rebeldes.
Pelo segundo dia consecutivo, "a calma reina na maioria das regiões sírias" no âmbito da aplicação de uma trégua, a primeira desde setembro, que entrou em vigor na quinta-feira à meia-noite, informou Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), ONG sediada em Londres.
"Ocorrem apenas alguns confrontos e bombardeios de artilharia do regime na região de Wadi Barada, perto de Damasco, e na cidade de Deraa (sul)", disse à AFP o responsável.
A aviação do regime realizou dez ataques aéreos contra Wadi Barada, segundo o OSDH.
Wadi Barada é uma das principais áreas de abastecimento de água potável para os quatro milhões de habitantes da capital síria e seus arredores. O governo acusa os rebeldes de terem "contaminado com diesel" a água que chega a Damasco.
Aproveitando o cessar-fogo, as crianças puderam voltar à escola na província de Idleb, controlada pelo Fatah al-Sham (ex-Frente al-Nosra, braço da Al-Qaeda na Síria), um grupo considerado "terrorista" por Washington e Moscou.
- Aliança complicada -Desde o início da trégua, dois civis morreram, um deles vítima de um franco-atirador em Duma, perto de Damasco, e o outro em um bombardeio perto de Wadi Barada, onde os confrontos persistem há uma semana entre o regime e os rebeldes aliados do Fateh al-Sham.
Como nas tréguas anteriores, que fracassaram poucos dias depois, a aliança de insurgentes com o Fateh al-Sham complica a implementação do cessar-fogo.
Muito debilitados, estes grupos rebeldes não podem se distanciar da formação extremista, que conta com melhores equipamentos e tem um papel militar chave na batalha contra o regime. Nas regiões sob o seu controle, os rebeldes são seus aliados.
"Não se deve excluir nenhum grupo em Idleb, caso contrário a trégua fracassará", afirmou Mohamad, de 28 anos, que espera que este conflito, que já deixou mais de 310.000 mortos e milhões de refugiados desde 2011, seja resolvido.
O EI, por sua vez, atua sozinho nas regiões que controla, no norte da Síria, e continua sendo o alvo dos bombardeios russos, americanos, turcos e sírios.
De acordo com o Pentágono, o seu líder, Abu Bakr al Baghdadi, ainda está vivo, apesar dos esforços da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos para eliminá-lo.
- 'Diálogo produtivo' -Pela primeira vez desde o início do conflito, os Estados Unidos, que apoiam a oposição, foram excluídos das negociações de cessar-fogo.
Para o emissário da ONU na Síria, Staffan de Mistura, este acordo "abrirá o caminho para um diálogo produtivo", mas reiterou que pretende que as negociações através da ONU persistam no ano que vem.
Em uma entrevista publicada neste sábado, De Mistura declarou que a resolução da ONU que prevê uma transição política na Síria ainda está sobre a mesa.
"Temos agora diante de nós outra situação: uma negociação entre o regime de Assad e os rebeldes", disse ao jornal italiano Corriere della Sera.
As negociações previstas para o fim de janeiro no Cazaquistão devem ocorrer antes das negociações inter-sírias auspiciadas pela ONU, previstas para 8 de fevereiro, em Genebra.
O conflito na Síria, desencadeado em 2011 pela sangrenta repressão das manifestações pacíficas pró-democracia no país, se transformou em uma guerra complexa que envolve muitas potências regionais e internacionais.
Apenas em 2016, cerca de 60.000 pessoas perderam a vida em combates e bombardeios, 13.617 delas civis, segundo um balanço do OSDH.
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