Pobreza na Venezuela chega a 81,8%, aponta estudo
A pobreza aumentou na Venezuela quase nove pontos de 2015 para 2016, atingindo 81,8% dos lares, segundo uma pesquisa que difere amplamente da cifra oficial, de 22,7%.
O percentual de famílias em situação de pobreza saltou de 23,1% em 2015 para 30,26% em 2016. Enquanto isso, o de pobreza extrema passou de 49,9% para 51,51%, detalhou a Pesquisa sobre Condições de Vida na Venezuela (Encovi).
Em meio a uma crise econômica que se agravou em 2014 pela queda dos preços do petróleo, 80% dos consultados disseram precisar de assistência social.
Apesar de a cobertura dos programas oficiais para suprir necessidades básicas como alimentação, saúde e habitação tenha aumentado três pontos com relação a 2015, beneficia apenas 28% da população.
As cifras da Encovi diferem muito das oficiais. Em seu informe anual de trabalhos, em 15 de janeiro, o presidente Nicolás Maduro assegurou que a pobreza em 2016 diminuiu de 19,7% para 18,3%, e a miséria, de 4,9% para 4,4%, apesar da grave crise econômica.
A pesquisa, realizada pelas universidades Central da Venezuela, Católica Andrés Bello e Simón Bolívar, junto com várias ONGs, considera que um lar está na pobreza extrema quando sua renda não cobre a cesta básica de alimentos.
Enquanto isso, a pobreza se dá quando a renda não chega ao dobro do valor da cesta, explicou à AFP Marino González, um dos autores do estudo.
O valor da cesta básica na Venezuela aumentou 433,9% em 2016 e para poder custeá-la, os venezuelanos precisavam de 18 salários mínimos no fim de janeiro, segundo um informe do Centro de Documentação e Análise da Federação Venezuelana de Professores (Cendas-FVM).
O governo não informa dados de inflação há um ano, mas o FMI estima que em 2016 foi de 475% e chegará a 1.660% este ano.
A Encovi estabeleceu, ainda, que 9,6 milhões de pessoas - quase um terço da população - ingerem duas ou menos refeições por dia. O percentual de quem come três vezes por dia baixou de 88,7% a 67,5% entre 2015 e 2016, e os que fazem duas ou menos refeições aumentaram de 11,3% para 32,5%.
Nove em dez famílias afirmam que sua renda é insuficiente para comprar alimentos, enquanto que sete em cada dez entrevistados reportaram ter perdido peso, 8,7 quilos em média, no período analisado.
"Os mais pobres sobrevivem com farinhas, arroz, hortaliças e tubérculos", em uma cesta em que está em baixa o consumo de proteínas animais e praticamente desapareceu o de frutas, destacou o estudo.
A pesquisa foi realizada entre agosto e outubro de 2016 com 6.413 lares em nível nacional. A margem de erro não foi informada.
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