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Ao menos 40 civis mortos na Síria em ataque atribuído à coalizão

22/03/2017 20h45

Beirute, 22 Mar 2017 (AFP) - Vários bombardeios provavelmente realizados pela coalizão anti-extremista na Síria deixaram, pelo menos, 40 civis mortos, enquanto os Estados Unidos enviavam reforços para o reduto extremista em Raqqa.

Estas forças americanas apoiam a ofensiva árabe-curda para retomar a represa estratégica de Tabqa, próximo a Raqqa, do grupo extremista Estado Islâmico (EI), anunciou nesta quarta-feira o Pentágono.

O secretário de Estado, Rex Tillerson, prometeu que em breve morrerá o chefe do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, ao receber na capital americana outros 67 países-membros da coalizão que luta contra o grupo na Síria e no Iraque.

A nova rodada de negociações sob a supervisão da ONU dá poucas esperanças à possibilidade de encontrar uma saída para o conflito que deixou mais de 320.000 mortos em seis anos.

A coalizão internacional comandada pelos Estados Unidos matou 33 civis na terça-feira pela manhã, ao bombardear uma escola que servia como centro de acolhida para deslocados em Raqqa, indicou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

A escola fica no sul de Al-Mansora, uma cidade nas mãos do EI, que costuma ser alvo dos ataques da coalizão.

"Podemos confirmar que 33 pessoas morreram. Eram deslocados de Raqqa, Aleppo e Homs", afirmou o diretor da ONG, Rami Abdel Rahman. "Ainda estão retirando corpos dos escombros. Apenas duas pessoas foram resgatadas com vida".

A ONG, que tem sede no Reino Unido, conta com uma ampla rede de informações e de fontes médicas na Síria, indicou que pode determinar quem foi o responsável pelo ataque por meio do tipo de avião utilizado, sua localização e munição empregada.

O coletivo contra o EI "Raqa is Being Slaughtered Silently", que divulga informações da cidade, confirmou o bombardeio contra a escola que, segundo suas informações, abrigava 50 famílias deslocadas.

À tarde, na província de Raqqa, controlada em sua maioria pelo EI, "oito civis morreram nesta quarta-feira e 15 ficaram feridas em ataques da coalizão", indicou o OSDH.

"Os ataques atingiram uma padaria e mercados próximos à cidade de Tabqa [controlada pelo EI]. Há pessoas desaparecidas e talvez mortos sob os escombros", acrescentou a ONG.

"Destruir" os extremistasAs Forças Democráticas Sírias (FDS), uma aliança árabe-curda apoiada pela coalizão internacional, executam uma ofensiva para tentar reconquistar Raqqa.

O grupo extremista sofreu inúmeros reveses nos últimos meses por conta das três ofensivas no país: a das FDS, do Exército sírio apoiado pela Rússia e a dos rebeldes ajudados pela Turquia.

Segundo o Pentágono, o EI perdeu 65% dos territórios que possuíam em seu período de maior domínio, em 2014.

A coalizão internacional, que também ataca os extremistas no Iraque, admitiu no início de março que provocou a morte de 220 civis desde 2014 nos dois países. Alguns especialistas suspeitam que o número seja muito maior.

Os 68 países da coalizão se reuniram em Washington nesta quarta-feira, onde o presidente americano Donald Trump prometeu "destruir" os extremistas apesar das divergências estratégicas que enfraquecem a aliança.

Entretanto,

os rebeldes e seus aliados extremistas da Fatah al-Sham combatiam pelo quarto dia consecutivo as tropas do governo no leste de Damasco.

Os confrontos, que se concentram nos bairros de Jobar e Qabun, são os mais violentos na capital há dois anos.

"Preocupação" da ONUNo centro do país, outros grupos rebeldes e seus aliados extremistas avançavam na província de Hama, onde lançaram na terça-feira uma nova ofensiva contra o governo.

Esta aliança conquistou vários povoados desde então, assim como a localidade estratégica de Suran, onde se situa uma das primeiras linhas de defesa do governo diante dos rebeldes procedentes da província vizinha de Idleb.

"Há algumas evoluções na Síria que geram preocupação", disse nesta quarta-feira o emissário da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, após seu encontro em Moscou com o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

"Devemos tentar chegar a um processo político com a maior rapidez possível", acrescentou na véspera da abertura da quinta rodada de negociações entre o governo e os rebeldes em Genebra.