Continuísmo socialista e futuro de Assange e Unasul em jogo no Equador
Quito, 31 Mar 2017 (AFP) - Com visões antagônicas do país, o governista Lenín Moreno e o conservador Guillermo Lasso disputam este domingo o segundo turno da eleição presidencial no Equador, em que a continuidade da esquerda latino-americana, o futuro de Julian Assange e da Unasul estão em jogo.
- Esquerda à prova -A eleição no Equador, marcada por uma situação econômica delicada e alegações de corrupção contra o governo de Rafael Correa, poderia pender a balança a favor da direita, que retornou na Argentina, Brasil e Peru, no que alguns chamam de "restauração conservadora".
Vai "emitir um sinal claro de que há uma mudança ideológica na região" se Moreno não ganhar, acredita Katalina Barreiro, do Instituto de Altos Estudos Nacionais (Iaen).
Para Barreiro, a vitória do candidato da direita significaria a "morte" de um processo iniciado por Correa, um economista, de 53 anos que desde 2007 conduziu a década mais estável da história recente equatoriana.
"Quando 'morrem' os líderes de processos como esse, muito provavelmente estes processos são interrompidos. Quando falo de morte pode ser esta mudança à direita", explica.
Outros analistas apontam, no entanto, que, apesar do desgaste dos governos de esquerda, um possível triunfo de Lasso no Equador não vai acabar com a onda progressista na região.
"Estamos em um período de virada, onde já existe um enfraquecimento da hegemonia dos governos progressistas. Isso não significa que eles vão acabar", afirma o cientista político Napoleon Saltos.
"Não concordo com este critério de que o fim do ciclo se dá por uma derrota eleitoral", diz este especialista da Universidade Central.
- Hóspede incômodo e Unasul -O resultado da eleição também será decisivo para o fundador do WikiLeaks. O australiano Julian Assange permanece na embaixada do Equador em Londres desde 2012, quando recebeu asilo para evitar a extradição para a Suécia por crimes sexuais que ele nega.
Enquanto Moreno é a favor da manutenção do asilo, Lasso defende o oposto.
Correa questionou a "entreguismo" da direita e seu desejo de "violar os direitos humanos", após o anúncio do candidato da oposição de não manter uma situação que considera insustentável. "A embaixada do Equador não é um hotel", afirma à AFP.
Queridos pelos governos progressistas, duas iniciativas voltaram à tona na última década na América Latina: a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) e a rede de TV Telesur, ambas com escritórios em Quito.
Lasso disse que expulsará a Unasul, que tem sua sede nos arredores da capital equatoriana, e chegou a afirmar que instalaria a presidência no edifício da organização. Moreno, por sua vez, deverá manter uma postura de integração regional.
"Se Guillermo Lasso vencer, enfraquecerá a Unasul e o governo do Equador dará menos importância para a aliança", afirma o analista político Paolo Moncagatta, da Universidade de San Francisco.
"Se Moreno vencer, seguirá dando o mesmo apoio, mas provavelmente dedicando menos recursos (...) mas a importância simbólica vai continuar", acrescenta.
Para Barreiro, o mais provável é que com um governo de direita haja "uma mudança de agenda" na Unasul, orientada para questões comerciais e de investimento.
Quanto à Telesur, uma cadeia de televisão multiestatal com sede central em Caracas e escritórios no Equador, os candidatos não se pronunciaram, mas Lasso é crítico da mídia estatal, por considerar que faz uma "campanha de difamação" contra ele .
E após a retirada do apoio financeiro à rede por parte do governo de Mauricio Macri na Argentina, alguns especulam que no Equador, com Lasso presidente, a Telesur pode ter o mesmo destino.
- Esquerda à prova -A eleição no Equador, marcada por uma situação econômica delicada e alegações de corrupção contra o governo de Rafael Correa, poderia pender a balança a favor da direita, que retornou na Argentina, Brasil e Peru, no que alguns chamam de "restauração conservadora".
Vai "emitir um sinal claro de que há uma mudança ideológica na região" se Moreno não ganhar, acredita Katalina Barreiro, do Instituto de Altos Estudos Nacionais (Iaen).
Para Barreiro, a vitória do candidato da direita significaria a "morte" de um processo iniciado por Correa, um economista, de 53 anos que desde 2007 conduziu a década mais estável da história recente equatoriana.
"Quando 'morrem' os líderes de processos como esse, muito provavelmente estes processos são interrompidos. Quando falo de morte pode ser esta mudança à direita", explica.
Outros analistas apontam, no entanto, que, apesar do desgaste dos governos de esquerda, um possível triunfo de Lasso no Equador não vai acabar com a onda progressista na região.
"Estamos em um período de virada, onde já existe um enfraquecimento da hegemonia dos governos progressistas. Isso não significa que eles vão acabar", afirma o cientista político Napoleon Saltos.
"Não concordo com este critério de que o fim do ciclo se dá por uma derrota eleitoral", diz este especialista da Universidade Central.
- Hóspede incômodo e Unasul -O resultado da eleição também será decisivo para o fundador do WikiLeaks. O australiano Julian Assange permanece na embaixada do Equador em Londres desde 2012, quando recebeu asilo para evitar a extradição para a Suécia por crimes sexuais que ele nega.
Enquanto Moreno é a favor da manutenção do asilo, Lasso defende o oposto.
Correa questionou a "entreguismo" da direita e seu desejo de "violar os direitos humanos", após o anúncio do candidato da oposição de não manter uma situação que considera insustentável. "A embaixada do Equador não é um hotel", afirma à AFP.
Queridos pelos governos progressistas, duas iniciativas voltaram à tona na última década na América Latina: a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) e a rede de TV Telesur, ambas com escritórios em Quito.
Lasso disse que expulsará a Unasul, que tem sua sede nos arredores da capital equatoriana, e chegou a afirmar que instalaria a presidência no edifício da organização. Moreno, por sua vez, deverá manter uma postura de integração regional.
"Se Guillermo Lasso vencer, enfraquecerá a Unasul e o governo do Equador dará menos importância para a aliança", afirma o analista político Paolo Moncagatta, da Universidade de San Francisco.
"Se Moreno vencer, seguirá dando o mesmo apoio, mas provavelmente dedicando menos recursos (...) mas a importância simbólica vai continuar", acrescenta.
Para Barreiro, o mais provável é que com um governo de direita haja "uma mudança de agenda" na Unasul, orientada para questões comerciais e de investimento.
Quanto à Telesur, uma cadeia de televisão multiestatal com sede central em Caracas e escritórios no Equador, os candidatos não se pronunciaram, mas Lasso é crítico da mídia estatal, por considerar que faz uma "campanha de difamação" contra ele .
E após a retirada do apoio financeiro à rede por parte do governo de Mauricio Macri na Argentina, alguns especulam que no Equador, com Lasso presidente, a Telesur pode ter o mesmo destino.
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