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Muçulmanos se manifestam na Espanha contra terrorismo após ataques

24/08/2017 06h36

Granada, Espanha, 24 Ago 2017 (AFP) - Cerca de 200 muçulmanos se manifestaram nesta quarta-feira nas ruas de Granada em repúdio ao terrorismo, após os ataques extremistas na Catalunha, a partir dos quais houve um aumento de incidentes anti-islâmicos na Espanha.

"É um ato para transmitir uma mensagem de paz e carinho às vítimas" dos atropelamentos em massa em Barcelona e Cambrils, na quinta e sexta-feira, que deixaram 15 mortos e mais de 120 feridos, disse à AFP Nizar Liemlahi, diretor da associação cultural muçulmana Dar Loughat, co-organizadora da manifestação.

Os manifestantes carregavam cartazes com frases como "sou muçulmano e quero crescer em paz" e "nós também somos vítimas", constatou um fotógrafo da AFP.

Na segunda-feira, mais de 1.000 muçulmanos marcharam em Barcelona, um dos dois locais onde ocorreram os ataques na Catalunha, reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

"É muito importante para nós afirmar com determinação que nossos valores como muçulmanos são valores que qualquer ser humano nesse planeta possui", disse Liemlah, psicólogo marroquino residente na Espanha desde 2010.

A manifestação em Granada foi convocada depois que, no sábado, um grupo de membros do Hogar Social, associação de extrema direita conhecida por suas ações contra imigrantes, rodeou a principal mesquita da cidade.

"Quem financiou essa mesquita, financia o terrorismo. Por que as autoridades se calam?", dizia um cartaz do grupo, que jogou rojões e sinalizadores, segundo mostraram vídeos e fotos da imprensa espanhola.

Desde os ataques, houve um aumento de atos de vandalismo contra mesquitas, como danos a suas fachadas e pinturas, enquanto circulam vídeos nas redes sociais que pedem a expulsão dos muçulmanos, assinalou Mounir Benjelloun, da Federação Espanhola de Entidades Religiosas Islâmicas (FEERI).

"Infelizmente, depois do que aconteceu, houve uma avalanche de casos que eu - em 25 anos de Espanha - nunca tinha visto", contou Benjelloun à AFP.

Houve um crescimento nos incidentes islamofóbicos após os ataques na França e Bélgica, mas nada "como agora", assegurou.

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