A revolução de 1917 mexeu com os costumes na Rússia
Puchkino, Russie, 28 Out 2017 (AFP) - A revolução de 1917 provocou grandes mudanças nos costumes durante os primeiros anos da Rússia soviética, com a emancipação das mulheres e a propaganda a favor do amor livre, antes de uma rápida volta à ordem moral.
"As revoluções sexuais geralmente acompanham os grandes cataclismos históricos", explica o historiador Vladislav Axionov, do Instituto de História Russa.
Depois da revolução, as russas começaram a lutar por seus direitos políticos, pela possibilidade de eleger livremente seus pares sexuais e pela legalização do aborto.
As mulheres contavam então com o apoio decidido dos bolcheviques que clamavam "Abaixo o pudor!" e defendem que "fazer amor deve ser tão simples como beber um copo de água".
Em dezembro de 1917, em um claro sinal da evolução dos costumes, os bolcheviques adotaram um decreto para oficializar o casamento civil e o casamento religioso deixaram de ser obrigatórios.
A família tradicional foi logo considerada um vestígio do passado.
O lar e as crianças eram vistos então como obstáculos para a edificação do "futuro radiante" do comunismo. Para liberar as mulheres, foram abertas creches e lavanderias em todo o país.
Em 1917, a Rússia "se antecipou à Europa e aos Estados Unidos ao conceder às mulhers dieito ao voto", recorda Axionov. As americanas tiveram de esperar até 1920, e as francesas até 1944 para poder votar.
- Pioneiras -Tantos avanços foram possíveis graças ao papel que desempenharam na revolução russa.
Foi o caso da esposa de Lênin, Nadejda Krupskaïa, ou de Alexandra Kolontái. Esta última, ministra dos Assuntos Sociais do primeiro governo comunista e contrária ao casamento, logo se converteu em uma das primeiras mulheres embaixadoras do mundo.
Entre essas pioneiras cabe destacar a francesa Inès Armand, cuja biografia reflete as mudanças na sociedade russa.
No início do século XX, Armand abandonou seu marido, seus quatro filhos e sua vida burguesa em Puchkino, uma cidade do norte de Moscou, para viver com seu cunhado Vladimir, nove anos mais novo que ela.
Depois da morte dele em 1909, Armand conheceu Lênin, a quem admirava. Logo se converteu em seu braço direito, e o revolucionário no exílio muitas vezes a enviou para participar em conferências internacionais, uma vez que ela falava muitos idiomas.
Em 1914, fundaram juntos o jornal "Rabotnitsa" ("A trabalhadora" em russo), dedicado à luta feminista. Sua ideia fundamental era a seguinte: as mulheres são escravas oprimidas pelo trabalho e a vida familiar, e a revolução é a única forma de ajudá-las a obter os mesmos direitos que os homens.
A reação conservadora foi rápida. Sob a liderança de Stálin, foram conservados alguns dos avanços conquistados pelas mulheres, mas o Estado se esforçou em controlar a vida privada de seus cidadãos e voltar a defender a família tradicional como modelo.
Em 1986, no início da perestroika, durante um programa de televisão em que americanas conversavam com soviéticas, uma russa disse: "Não há sexo em nossa casa, somos completamente contra!".
Uma frase que fez rir milhões de soviéticas, mas que ilustrou a sua maneira as dezenas de anos de pudicícia que viveu o país depois da queda da URSS, algo muito distante dos primeiros anos pós-revolucionários.
"As revoluções sexuais geralmente acompanham os grandes cataclismos históricos", explica o historiador Vladislav Axionov, do Instituto de História Russa.
Depois da revolução, as russas começaram a lutar por seus direitos políticos, pela possibilidade de eleger livremente seus pares sexuais e pela legalização do aborto.
As mulheres contavam então com o apoio decidido dos bolcheviques que clamavam "Abaixo o pudor!" e defendem que "fazer amor deve ser tão simples como beber um copo de água".
Em dezembro de 1917, em um claro sinal da evolução dos costumes, os bolcheviques adotaram um decreto para oficializar o casamento civil e o casamento religioso deixaram de ser obrigatórios.
A família tradicional foi logo considerada um vestígio do passado.
O lar e as crianças eram vistos então como obstáculos para a edificação do "futuro radiante" do comunismo. Para liberar as mulheres, foram abertas creches e lavanderias em todo o país.
Em 1917, a Rússia "se antecipou à Europa e aos Estados Unidos ao conceder às mulhers dieito ao voto", recorda Axionov. As americanas tiveram de esperar até 1920, e as francesas até 1944 para poder votar.
- Pioneiras -Tantos avanços foram possíveis graças ao papel que desempenharam na revolução russa.
Foi o caso da esposa de Lênin, Nadejda Krupskaïa, ou de Alexandra Kolontái. Esta última, ministra dos Assuntos Sociais do primeiro governo comunista e contrária ao casamento, logo se converteu em uma das primeiras mulheres embaixadoras do mundo.
Entre essas pioneiras cabe destacar a francesa Inès Armand, cuja biografia reflete as mudanças na sociedade russa.
No início do século XX, Armand abandonou seu marido, seus quatro filhos e sua vida burguesa em Puchkino, uma cidade do norte de Moscou, para viver com seu cunhado Vladimir, nove anos mais novo que ela.
Depois da morte dele em 1909, Armand conheceu Lênin, a quem admirava. Logo se converteu em seu braço direito, e o revolucionário no exílio muitas vezes a enviou para participar em conferências internacionais, uma vez que ela falava muitos idiomas.
Em 1914, fundaram juntos o jornal "Rabotnitsa" ("A trabalhadora" em russo), dedicado à luta feminista. Sua ideia fundamental era a seguinte: as mulheres são escravas oprimidas pelo trabalho e a vida familiar, e a revolução é a única forma de ajudá-las a obter os mesmos direitos que os homens.
A reação conservadora foi rápida. Sob a liderança de Stálin, foram conservados alguns dos avanços conquistados pelas mulheres, mas o Estado se esforçou em controlar a vida privada de seus cidadãos e voltar a defender a família tradicional como modelo.
Em 1986, no início da perestroika, durante um programa de televisão em que americanas conversavam com soviéticas, uma russa disse: "Não há sexo em nossa casa, somos completamente contra!".
Uma frase que fez rir milhões de soviéticas, mas que ilustrou a sua maneira as dezenas de anos de pudicícia que viveu o país depois da queda da URSS, algo muito distante dos primeiros anos pós-revolucionários.
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