TOPSHOTS Um mês após intervenção de Madri, Catalunha volta à calma
Barcelona, 26 Nov 2017 (AFP) - A Catalunha começa a voltar à calma, quase um mês após a intervenção do governo espanhol, com os partidos se preparando para as decisivas eleições de dezembro, nas quais os separatistas querem adotar uma nova estratégia.
Em outubro, a Espanha viveu a maior crise política das últimas décadas: o governo catalão organizou, no dia 1, um referendo de autodeterminação proibido e, no dia 27, o Parlamento regional, dominado pelos separatistas, declarou a independência.
O governo espanhol de Mariano Rajoy respondeu imediatamento assumindo o controle da administração regional e destituindo o Executivo separatista de Carles Puigdemont.
"Foram dias muito difíceis, de preocupação profunda para todos. Dias de ansiedade e inquietação, mas também dias que, felizmente, começam a ficar para trás", afirmou nesta quinta-feira Rajoy.
Puigdemont e seus partidários decidiram não oferecer resistência. Ele e outros quatro membros do governo catalão destituído foram para Bruxelas, onde esperam uma ordem de extradição. Os que ficaram na Espanha foram presos preventivamente, acusados de sedição e rebelião.
Os independentistas mantiveram seus protestos - em 7 de dezembro preparam uma grande marcha em Bruxelas - e há inúmeros laços amarelos nas lapelas, exigindo a libertação de líderes que consideram presos políticos. Mesmo assim, a tensão está arrefecendo nesta região mediterrânea.
A administração regional funciona sem sustos, sob o comando de Madri, e as mobilizações diminuíram de número e tamanho.
A fuga das sedes sociais das empresas para outras partes da Espanha, que supera as 2.700 desde 1 de outubro, começa a se estabilizar.
"As coisas funcionam exatamente como há dois meses: a vida na rua, o comércio, o trabalho... A experiência cidadã é que não mudou nada", garante Joan Botella, professor de Ciência Política da Universidade Autônoma de Barcelona.
"O maior impacto" da intervenção do governo espanhol "é a convocatória das eleições" de 21 de dezembro", acrescenta.
- Mudança de estratégia -O pleito, imposto por Rajoy e aceito de mau grado pelos separatistas, é o foco dos partidos.
As pesquisas estimam um resultado muito similar ao das últimas eleições, de setembro de 2015, quando os independentistas conseguiram maioria absoluta de assentos, mas tiveram menos de 50% dos votos.
Segundo uma pesquisa publicada neste domingo pelo jornal El País, os dois blocos - separatista e constitucionalista - estariam empatados.
"A questão-chave não é quantos eleitores estão a favor da independência, porque isso é mais ou menos estável, mas que estratégias os atores políticos vão adotar", explica Botella.
Os dois grandes partidos separatistas, o DeCAT conservador de Puigdemont e o progressista ERC do vice-presidente destituído Oriol Junqueras (um dos líderes presos), têm candidaturas separadas.
E a via da ruptura unilateral adotada até agora parece ter sido deixada de lado, com diversos líderes separatistas reconhecendo não ter a capacidade de se separar da Espanha à força.
"Quero e devo falar com o presidente do governo (Rajoy) e é preciso falar bilateralmente", disse Puigdemont à rádio alemã Deutschlandfunk.
Contraditoriamente, ele considerou neste sábado que os catalães já mostraram ao mundo que têm "capacidade e vontade" de se tornar "um Estado independente". "E no dia 21 temos que ratificar isso", declarou.
Durante dois anos, os separatistas afirmaram ter um plano para chegar à independência unilateralmente.
Eles não receberam o apoio de nenhum país, e os órgãos que deveriam permitir exercer sua soberania, como uma agência tributária, não foram para frente, algo que agora afirmam ter sido uma decisão para evitar violências.
"Passamos dois anos apoiados em um grande engano", critica a número dois do partido socialista catalão, Eva Granados.
"Colocaram o país em uma miragem, e quando ela desapareceu, perdemos 2.700 empresas, criamos instabilidade política e uma incerteza econômica que vai custar muito para reparar", acrescenta.
Seu partido, que se projeta como alternativa ao governo, aposta na retomada do diálogo após as eleições e na realização de uma reforma constitucional para transformar a Espanha em um Estado federativo.
Essa opção, que muitos especialistas veem como solução para a longa crise catalã, dependeria de um longo processo e do apoio do partido de Rajoy, que, por ora, não demonstrou muito entusiasmo.
Mesmo assim, nesta quarta-feira, em um jantar com empresários em Barcelona, o líder conservador se mostrou disposto a falar com todas as forças políticas catalãs após as eleições, desde que respeitem a lei.
A principal força de oposição aos separatistas, o partido Ciudadanos (centro-direita) faz campanha "por uma nova etapa de reconciliação e de união na Catalunha", que poderia incluir também os socialistas. A agremiação promete, como o Partido Popular, de Rajoy, devolver à região sua grandeza, atacada, segundo a formação, pela visão estreita dos separatistas.
Em outubro, a Espanha viveu a maior crise política das últimas décadas: o governo catalão organizou, no dia 1, um referendo de autodeterminação proibido e, no dia 27, o Parlamento regional, dominado pelos separatistas, declarou a independência.
O governo espanhol de Mariano Rajoy respondeu imediatamento assumindo o controle da administração regional e destituindo o Executivo separatista de Carles Puigdemont.
"Foram dias muito difíceis, de preocupação profunda para todos. Dias de ansiedade e inquietação, mas também dias que, felizmente, começam a ficar para trás", afirmou nesta quinta-feira Rajoy.
Puigdemont e seus partidários decidiram não oferecer resistência. Ele e outros quatro membros do governo catalão destituído foram para Bruxelas, onde esperam uma ordem de extradição. Os que ficaram na Espanha foram presos preventivamente, acusados de sedição e rebelião.
Os independentistas mantiveram seus protestos - em 7 de dezembro preparam uma grande marcha em Bruxelas - e há inúmeros laços amarelos nas lapelas, exigindo a libertação de líderes que consideram presos políticos. Mesmo assim, a tensão está arrefecendo nesta região mediterrânea.
A administração regional funciona sem sustos, sob o comando de Madri, e as mobilizações diminuíram de número e tamanho.
A fuga das sedes sociais das empresas para outras partes da Espanha, que supera as 2.700 desde 1 de outubro, começa a se estabilizar.
"As coisas funcionam exatamente como há dois meses: a vida na rua, o comércio, o trabalho... A experiência cidadã é que não mudou nada", garante Joan Botella, professor de Ciência Política da Universidade Autônoma de Barcelona.
"O maior impacto" da intervenção do governo espanhol "é a convocatória das eleições" de 21 de dezembro", acrescenta.
- Mudança de estratégia -O pleito, imposto por Rajoy e aceito de mau grado pelos separatistas, é o foco dos partidos.
As pesquisas estimam um resultado muito similar ao das últimas eleições, de setembro de 2015, quando os independentistas conseguiram maioria absoluta de assentos, mas tiveram menos de 50% dos votos.
Segundo uma pesquisa publicada neste domingo pelo jornal El País, os dois blocos - separatista e constitucionalista - estariam empatados.
"A questão-chave não é quantos eleitores estão a favor da independência, porque isso é mais ou menos estável, mas que estratégias os atores políticos vão adotar", explica Botella.
Os dois grandes partidos separatistas, o DeCAT conservador de Puigdemont e o progressista ERC do vice-presidente destituído Oriol Junqueras (um dos líderes presos), têm candidaturas separadas.
E a via da ruptura unilateral adotada até agora parece ter sido deixada de lado, com diversos líderes separatistas reconhecendo não ter a capacidade de se separar da Espanha à força.
"Quero e devo falar com o presidente do governo (Rajoy) e é preciso falar bilateralmente", disse Puigdemont à rádio alemã Deutschlandfunk.
Contraditoriamente, ele considerou neste sábado que os catalães já mostraram ao mundo que têm "capacidade e vontade" de se tornar "um Estado independente". "E no dia 21 temos que ratificar isso", declarou.
Durante dois anos, os separatistas afirmaram ter um plano para chegar à independência unilateralmente.
Eles não receberam o apoio de nenhum país, e os órgãos que deveriam permitir exercer sua soberania, como uma agência tributária, não foram para frente, algo que agora afirmam ter sido uma decisão para evitar violências.
"Passamos dois anos apoiados em um grande engano", critica a número dois do partido socialista catalão, Eva Granados.
"Colocaram o país em uma miragem, e quando ela desapareceu, perdemos 2.700 empresas, criamos instabilidade política e uma incerteza econômica que vai custar muito para reparar", acrescenta.
Seu partido, que se projeta como alternativa ao governo, aposta na retomada do diálogo após as eleições e na realização de uma reforma constitucional para transformar a Espanha em um Estado federativo.
Essa opção, que muitos especialistas veem como solução para a longa crise catalã, dependeria de um longo processo e do apoio do partido de Rajoy, que, por ora, não demonstrou muito entusiasmo.
Mesmo assim, nesta quarta-feira, em um jantar com empresários em Barcelona, o líder conservador se mostrou disposto a falar com todas as forças políticas catalãs após as eleições, desde que respeitem a lei.
A principal força de oposição aos separatistas, o partido Ciudadanos (centro-direita) faz campanha "por uma nova etapa de reconciliação e de união na Catalunha", que poderia incluir também os socialistas. A agremiação promete, como o Partido Popular, de Rajoy, devolver à região sua grandeza, atacada, segundo a formação, pela visão estreita dos separatistas.
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