Reconciliação palestina sob suspeita em Gaza
Gaza, Territórios palestinos, 30 Nov 2017 (AFP) - Os grupos rivais palestinos asseguraram nesta quinta-feira (30) que a esperada transferência de poderes na Faixa de Gaza seguia na ordem do dia, apesar de terem-na adiado sem nenhum plano para salvar um acordo com repercussões humanas e políticas consideráveis.
As duas principais organizações palestinas, Fatah, que governa a Cisjordânia, e Hamas, que comanda Gaza, anunciaram na quarta-feira à noite o adiamento até 10 de dezembro da transferência de poderes prevista para antes de sexta-feira na Faixa.
A decisão deu razão aos inúmeros céticos que previam desde o início o fracasso desta nova tentativa de aproximação entre os movimentos.
O Hamas e a Autoridade Palestina, controlada pelo Fatah, asseguraram nesta quinta que o processo continua em frente.
Hasam Qasem, um porta-voz do Hamas, culpou a Autoridade pelo adiamento, mas assegurou que a "reconciliação não fracassou e não fracassará". "Tomamos uma decisão estratégica e iremos nos ater a ela".
"A reconciliação não foi derrubada", afirmou um responsável de alto escalão da Autoridade sob anonimato.
Os analistas esperam, no melhor dos casos, um processo longo e cheio de obstáculos. No pior, seria o fracasso. Para os moradores de Gaza, após a esperança dos primeiros dias, essas dúvidas são um mau presságio.
"Todo mundo quer que funcione", disse Abdul Latif Abu Abdo, de 45 anos, que vende verduras em um mercado concorrido de Gaza. "Mas mentem dos dois lados. Nenhum responsável nos disse onde estava o erro. O Fatah não quer que funcione, o Hamas não quer que funcione, e os países árabes e Israel, tampouco".
- Disparos israelenses -Em 12 de outubro, o movimento islamita Hamas aceitou no Cairo transferir antes de sexta-feira, 1º de dezembro, os poderes em Gaza à Autoridade Palestina, a quem havia expulsado em 2007.
O Hamas, considerado como "terrorista" por Israel, Estados Unidos e União Europeia, e marginalizado por uma parte da comunidade internacional, governava desde então o enclave localizado entre Israel, Egito e o Mediterrâneo.
A Autoridade Palestina, reconhecida pela comunidade internacional, apenas governava de fato em fragmentos da Cisjordânia, devido às restrições impostas pela ocupação israelense.
O anunciado retorno da Autoridade para Gaza despertou a esperança de um futuro melhor para seus habitantes, esgotados por guerras, pobreza e o isolamento causado pelos bloqueios israelense e egípcio.
Nesta quinta-feira, em outro exemplo da constante instabilidade do enclave, o Exército israelense disparou seis vezes contra posições do Hamas e de seu aliado Jihad Islâmica em Gaza, em resposta aos tiros de morteiro contra seus soldados na fronteira com a Faixa. O ataque deixou três feridos, segundo os serviços médicos palestinos.
A persistência do conflito entre Israel e Palestina serve de pano de fundo para a tentativa de reconciliação entre grupos palestinos. A ONU quer ver nessa aproximação uma oportunidade para retomar o processo de paz com Israel.
- Obstáculos -A transferência de poderes fracassou tão logo quanto foi posta em prática, quando delegados sindicais próximos ao Hamas impediram a entrada de funcionários da Autoridade em Gaza.
A questão dos funcionários é apenas um dos obstáculos para alcançar a reconciliação. A Autoridade exige o controle total da segurança em Gaza, enquanto o Hamas, cujo braço militar poderia dispor de 25 mil homens e milhares de foguetes, se nega a entregar as armas.
Além disso, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, ainda não retirou as sanções financeiras impostas em 2017 para pressionar o Hamas.
O professor universitário e ex-ministro da Autoridade Ghasan al-Khatib duvida que o Hamas e o Fatah consigam superar suas divisões em 10 dias. "O mais provável é que, dentro de 10 dias, anunciem avanços parciais ou um novo adiamento", disse.
Os analistas atribuem um papel-chave ao vizinho egípcio, em função de sua vontade de chegar à reconciliação entre palestinos. Uma delegação egípcia permanecerá em Gaza até a transferência de poder, assegurou um responsável de alto escalão da Autoridade.
bur-lal/hj/gm/me/cb
As duas principais organizações palestinas, Fatah, que governa a Cisjordânia, e Hamas, que comanda Gaza, anunciaram na quarta-feira à noite o adiamento até 10 de dezembro da transferência de poderes prevista para antes de sexta-feira na Faixa.
A decisão deu razão aos inúmeros céticos que previam desde o início o fracasso desta nova tentativa de aproximação entre os movimentos.
O Hamas e a Autoridade Palestina, controlada pelo Fatah, asseguraram nesta quinta que o processo continua em frente.
Hasam Qasem, um porta-voz do Hamas, culpou a Autoridade pelo adiamento, mas assegurou que a "reconciliação não fracassou e não fracassará". "Tomamos uma decisão estratégica e iremos nos ater a ela".
"A reconciliação não foi derrubada", afirmou um responsável de alto escalão da Autoridade sob anonimato.
Os analistas esperam, no melhor dos casos, um processo longo e cheio de obstáculos. No pior, seria o fracasso. Para os moradores de Gaza, após a esperança dos primeiros dias, essas dúvidas são um mau presságio.
"Todo mundo quer que funcione", disse Abdul Latif Abu Abdo, de 45 anos, que vende verduras em um mercado concorrido de Gaza. "Mas mentem dos dois lados. Nenhum responsável nos disse onde estava o erro. O Fatah não quer que funcione, o Hamas não quer que funcione, e os países árabes e Israel, tampouco".
- Disparos israelenses -Em 12 de outubro, o movimento islamita Hamas aceitou no Cairo transferir antes de sexta-feira, 1º de dezembro, os poderes em Gaza à Autoridade Palestina, a quem havia expulsado em 2007.
O Hamas, considerado como "terrorista" por Israel, Estados Unidos e União Europeia, e marginalizado por uma parte da comunidade internacional, governava desde então o enclave localizado entre Israel, Egito e o Mediterrâneo.
A Autoridade Palestina, reconhecida pela comunidade internacional, apenas governava de fato em fragmentos da Cisjordânia, devido às restrições impostas pela ocupação israelense.
O anunciado retorno da Autoridade para Gaza despertou a esperança de um futuro melhor para seus habitantes, esgotados por guerras, pobreza e o isolamento causado pelos bloqueios israelense e egípcio.
Nesta quinta-feira, em outro exemplo da constante instabilidade do enclave, o Exército israelense disparou seis vezes contra posições do Hamas e de seu aliado Jihad Islâmica em Gaza, em resposta aos tiros de morteiro contra seus soldados na fronteira com a Faixa. O ataque deixou três feridos, segundo os serviços médicos palestinos.
A persistência do conflito entre Israel e Palestina serve de pano de fundo para a tentativa de reconciliação entre grupos palestinos. A ONU quer ver nessa aproximação uma oportunidade para retomar o processo de paz com Israel.
- Obstáculos -A transferência de poderes fracassou tão logo quanto foi posta em prática, quando delegados sindicais próximos ao Hamas impediram a entrada de funcionários da Autoridade em Gaza.
A questão dos funcionários é apenas um dos obstáculos para alcançar a reconciliação. A Autoridade exige o controle total da segurança em Gaza, enquanto o Hamas, cujo braço militar poderia dispor de 25 mil homens e milhares de foguetes, se nega a entregar as armas.
Além disso, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, ainda não retirou as sanções financeiras impostas em 2017 para pressionar o Hamas.
O professor universitário e ex-ministro da Autoridade Ghasan al-Khatib duvida que o Hamas e o Fatah consigam superar suas divisões em 10 dias. "O mais provável é que, dentro de 10 dias, anunciem avanços parciais ou um novo adiamento", disse.
Os analistas atribuem um papel-chave ao vizinho egípcio, em função de sua vontade de chegar à reconciliação entre palestinos. Uma delegação egípcia permanecerá em Gaza até a transferência de poder, assegurou um responsável de alto escalão da Autoridade.
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