PT lança Lula como pré-candidato presidencial
São Paulo, 25 Jan 2018 (AFP) - O Partido dos Trabalhadores lança nesta quinta-feira (25) a pré-candidatura de Lula para as eleições presidenciais de outubro, empenhando todo o seu apoio ao seu líder histórico, condenado na véspera em segunda instância a 12 anos de prisão.
"Estamos aqui para reafirmar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva. Será nosso candidato", disse a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, durante a abertura de uma reunião da executiva nacional do partido em São Paulo.
Lula, de 72 anos, chegou ao edifício da Central Única dos Trabalhadores (CUT), sede da reunião, acompanhado pela ex-presidente Dilma Rousseff, sua afilhada política destituída em 2016, no maior dos muito reveses sofridos pelo partido nos últimos anos.
Um cartaz gigante na porta definia o tom da reunião: "Em defesa da democracia e de Lula". Dentro do local os partidários se amontoavam e cantavam "Lula guerreiro do povo brasileiro".
"A decisão de ontem foi política. Obviamente que não estou feliz. Mas eu duvido que aqueles que me julgaram estão com a consciência tranquila", afirmou Lula, que trava um dos combates mais difíceis de sua vida e ostenta a contraditória posição de ser o candidato favorito e um dos que mais gera rejeição entre os brasileiros.
"Sem nenhuma arrogância, quero dizer pra vocês que quero ser candidato pra ganhar as eleições! Nada de baixar a cabeça", acrescentou o ex-dirigente sindical, que em sua infância foi engraxate e perdeu três eleições antes de vencer dois mandatos consecutivos (2003-2010).
O tribunal de apelação ratificou na quarta-feira a condenação de Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, e aumentou sua pena de prisão para 12 anos e um mês (em primeira instância era de nove anos e meio).
Segundo os juízes, o ex-presidente era proprietário de fato de um tríplex no Guarujá, em São Paulo, recebido da construtora OAS em troca de sua mediação para obter contratos na Petrobras.
Lula enfrenta outros seis processos judiciais, mas se declara inocente em todos e denuncia uma ofensiva judicial para impedir o retorno do PT ao poder.
A sentença aumentou a incerteza sobre o destino político imediato do país.
A indicação de Lula como candidato à Presidência do Brasil por enquanto é simbólica, já que as leis eleitorais apenas habilitam os partidos a inscrever seus candidatos a partir de 20 de julho.
E apesar de dispor de vários recursos para apelar a sentença, sua condenação em segunda instância pode bloquear a sua candidatura.
Mas seu partido não tem, e nem quer, um "plano B".
- Até a vitória -Histriônico e com uma aparência abatida, Lula abriu seu discurso falando sobre Jesus e criticando os juízes por terem se "comportado como se fossem líderes de um partido político".
Depois, anunciou que viajará para a Etiópia à noite para participar de uma cúpula onde será abordada a erradicação da fome no continente.
A visita a Adis Abeba levou dois advogados particulares a solicitarem ao Tribunal Regional de Porto Alegre, que o condenou na quarta-feira, que retenha seu passaporte para evitar um pedido de asilo. O tribunal confirmou as apresentações, mas disse que não tinha prazo para expedi-las.
Durante o ato do PT, a senadora Hoffmann, também acusada de corrupção, antecipou que o PT sairá às ruas e organizará greves como parte de um programa de lutas para manter a candidatura de Lula viva.
"A perseguição política expressada na condenação impede o restabelecimento da normalidade democrática e a pacificação do país. Uma eleição que impeça o ex-presidente Lula de concorrer não terá legitimidade", assegurou Dilma em nota.
O ex-presidente também recebeu o apoio de líderes do chamado bloco socialista latino-americano.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, tuitou: "desta injustiça miserável você sairá mais forte". O boliviano Evo Morales falou de "uma conspiração que busca impedir que seja candidato", em um tom similar ao adotado pela Chancelaria cubana.
A ex-presidente argentina Cristina Fernández publicou uma foto do ex-presidente em preto e branco junto com a frase "acompanhamos Lula e o povo do Brasil". Todos foram reproduzidos esta tarde na conta oficial "LulapeloBrasil".
Para o sociólogo Alberto Almeida, do Instituto Análise, o cenário político caminha para uma polarização entre a esquerda e as forças de centro direita e direita que buscarão o poder em outubro.
"O que vem agora é uma grande divisão no país, porque há muitas pessoas que querem que Lula seja condenado e não consiga ser candidato, embora, ao mesmo tempo, esteja em primeiro nas intenções de voto. Vamos ver muita polarização e uma grande incerteza", disse à AFP.
pr-dw-js/cb/cc
"Estamos aqui para reafirmar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva. Será nosso candidato", disse a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, durante a abertura de uma reunião da executiva nacional do partido em São Paulo.
Lula, de 72 anos, chegou ao edifício da Central Única dos Trabalhadores (CUT), sede da reunião, acompanhado pela ex-presidente Dilma Rousseff, sua afilhada política destituída em 2016, no maior dos muito reveses sofridos pelo partido nos últimos anos.
Um cartaz gigante na porta definia o tom da reunião: "Em defesa da democracia e de Lula". Dentro do local os partidários se amontoavam e cantavam "Lula guerreiro do povo brasileiro".
"A decisão de ontem foi política. Obviamente que não estou feliz. Mas eu duvido que aqueles que me julgaram estão com a consciência tranquila", afirmou Lula, que trava um dos combates mais difíceis de sua vida e ostenta a contraditória posição de ser o candidato favorito e um dos que mais gera rejeição entre os brasileiros.
"Sem nenhuma arrogância, quero dizer pra vocês que quero ser candidato pra ganhar as eleições! Nada de baixar a cabeça", acrescentou o ex-dirigente sindical, que em sua infância foi engraxate e perdeu três eleições antes de vencer dois mandatos consecutivos (2003-2010).
O tribunal de apelação ratificou na quarta-feira a condenação de Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, e aumentou sua pena de prisão para 12 anos e um mês (em primeira instância era de nove anos e meio).
Segundo os juízes, o ex-presidente era proprietário de fato de um tríplex no Guarujá, em São Paulo, recebido da construtora OAS em troca de sua mediação para obter contratos na Petrobras.
Lula enfrenta outros seis processos judiciais, mas se declara inocente em todos e denuncia uma ofensiva judicial para impedir o retorno do PT ao poder.
A sentença aumentou a incerteza sobre o destino político imediato do país.
A indicação de Lula como candidato à Presidência do Brasil por enquanto é simbólica, já que as leis eleitorais apenas habilitam os partidos a inscrever seus candidatos a partir de 20 de julho.
E apesar de dispor de vários recursos para apelar a sentença, sua condenação em segunda instância pode bloquear a sua candidatura.
Mas seu partido não tem, e nem quer, um "plano B".
- Até a vitória -Histriônico e com uma aparência abatida, Lula abriu seu discurso falando sobre Jesus e criticando os juízes por terem se "comportado como se fossem líderes de um partido político".
Depois, anunciou que viajará para a Etiópia à noite para participar de uma cúpula onde será abordada a erradicação da fome no continente.
A visita a Adis Abeba levou dois advogados particulares a solicitarem ao Tribunal Regional de Porto Alegre, que o condenou na quarta-feira, que retenha seu passaporte para evitar um pedido de asilo. O tribunal confirmou as apresentações, mas disse que não tinha prazo para expedi-las.
Durante o ato do PT, a senadora Hoffmann, também acusada de corrupção, antecipou que o PT sairá às ruas e organizará greves como parte de um programa de lutas para manter a candidatura de Lula viva.
"A perseguição política expressada na condenação impede o restabelecimento da normalidade democrática e a pacificação do país. Uma eleição que impeça o ex-presidente Lula de concorrer não terá legitimidade", assegurou Dilma em nota.
O ex-presidente também recebeu o apoio de líderes do chamado bloco socialista latino-americano.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, tuitou: "desta injustiça miserável você sairá mais forte". O boliviano Evo Morales falou de "uma conspiração que busca impedir que seja candidato", em um tom similar ao adotado pela Chancelaria cubana.
A ex-presidente argentina Cristina Fernández publicou uma foto do ex-presidente em preto e branco junto com a frase "acompanhamos Lula e o povo do Brasil". Todos foram reproduzidos esta tarde na conta oficial "LulapeloBrasil".
Para o sociólogo Alberto Almeida, do Instituto Análise, o cenário político caminha para uma polarização entre a esquerda e as forças de centro direita e direita que buscarão o poder em outubro.
"O que vem agora é uma grande divisão no país, porque há muitas pessoas que querem que Lula seja condenado e não consiga ser candidato, embora, ao mesmo tempo, esteja em primeiro nas intenções de voto. Vamos ver muita polarização e uma grande incerteza", disse à AFP.
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