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Maduro faz vídeo em língua de sinais pedindo paz e causa irritação em meio a crise

Em Caracas

20/02/2018 10h52

"Temos uma surpresa para vocês, fiquem atentos": o anúncio de Nicolás Maduro gerou grande expectativa na Venezuela em meio à precariedade econômica, mas tudo acabou sendo um vídeo do presidente em língua de sinais que provocou irritação e piadas.

"Queremos paz!", "Queremos uma Venezuela para todos!", gesticulou Maduro no vídeo de pouco mais de um minuto divulgado na noite de domingo (18), um dia depois de sua enigmática mensagem no Twitter.

A propaganda, da qual participam os colaboradores mais próximos de Maduro, mostra um presidente afável, que sua esposa, Cilia Flores, define como um "grande líder", sendo vinculada a sua campanha pela reeleição.

O vídeo gerou uma onda de reações nas redes sociais, entre elas a de uma jovem aparentemente surda-muda que gravou sua resposta em vídeo.

"Presidente Maduro: a comunidade surda quer te dizer que estamos cansados de mentiras, de tanta repressão, de tanta fome. Temos apenas um sinal para você", expressou a mulher antes de levantar seu dedo médio.

Vários dirigentes opositores também criticaram a peça publicitária. "Maduro e sua equipe aprenderam a dizer palavras na língua de sinais, mas não dizem que amam o povo, e sim que zombam dele", opinou no Twitter a deputada Delsa Solórzano.

Além de muitos memes, seguidores e adversários do governo manifestaram sua frustração porque esperavam anúncios para resolver a aguda escassez de alimentos e remédios, além da hiperinflação.

"O país não está para essas mensagens, queremos mais ação, a hiperinflação está nos afundando", tuitou Luis Martínez.

Como ferramenta publicitária, "o vídeo está bem feito, tem uma mensagem válida e interessante", disse o especialista em Comunicação Andrés Cañizalez. Mas o problema, destacou, "foi a expectativa que gerou, pois o país estava esperando anúncios econômico, por isso causou decepção. Além disso, interrompeu o 'prime time' dos domingos, esse espaço íntimo, causando esgotamento".

As eleições presidenciais, que deveriam ser realizadas em dezembro, foram antecipadas para 22 de abril por decisão da governista Assembleia Constituinte.