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Oxfam investiga mais 26 casos de conduta sexual inapropriada

20/02/2018 08h58

Londres, 20 Fev 2018 (AFP) - A ONG britânica Oxfam investiga 26 novos casos de conduta sexual inapropriada de funcionários, como o pagamento por prostitutas no devastado Haiti, informou o diretor geral da organização no Parlamento britânico.

"Na Oxfam na Grã-Bretanha registramos 26 histórias, denúncias que foram apresentadas e que eram novas ou histórias mais antigas de pessoas que afirmaram 'não informei sobre isto no momento em que aconteceu'", disse Mark Goldring na comissão parlamentar de ajuda internacional.

Goldring explicou que as denúncias envolvem fatos "que se prolongam em um período extenso de tempo".

"Não falo de casos recentes"

"Nós realmente queremos que as pessoas se apresentem, onde quer que estejam, sem importar quando estas coisas aconteceram. Alguns casos têm relação com o Reino Unido, outros com nosso programa internacional", completou.

Goldring pediu desculpas por ter afirmado em uma entrevista que a procura por prostitutas no Haiti não é exatamente como matar bebês.

"Peço desculpas, estava sob estresse, havia dado muitas entrevistas (...) Estava pensando no grande trabalho que vi a Oxfam fazer em todo o mundo".

As explicações foram feitas um dia depois da Oxfam ter apresentado um pedido de desculpas à população haitiana pelo comportamento de alguns de seus funcionários.

A organização também expressou "vergonha" depois de enviar às autoridades do país caribenho o resultado de uma investigação interna.

O relatório de 11 páginas, que teve uma versão parcialmente censurada divulgada, mostra que o ex-diretor da Oxfam no Haiti, o belga Roland Van Hauwermeiren, admitiu que pagou a prostitutas em locais que pertenciam à organização.

O informe não descarta a possibilidade de que algumas prostitutas fossem menores de idade.

Na semana passada, Van Hauwermeiren declarou em carta enviada aos meios de comunicação belgas que nunca organizou orgias com jovens prostitutas, mas admitiu que teve relações sexuais com uma "mulher respeitável e madura", sem entregar dinheiro.

Outros funcionários da ONG foram acusados de assédio e intimidação. Uma testemunha foi ameaçada fisicamente.

De acordo com o relatório, sete funcionários da Oxfam no Haiti deixaram a ONG após a investigação interna, entre eles Roland Van Hauwermeiren. Alguns foram acusados, além de pagar a prostitutas, de perseguir e intimidar outros membros da organização.

A Oxfam justificou sua decisão de publicar o relatório "para ser o mais transparente possível sobre as decisões que foram tomadas durante a investigação".

Oxfam, que no ano fiscal 2016-17 recebeu cerca de 36 milhões de euros do governo britânico, aceitou não pedir mais recursos públicos até cumprir as normas de proteção de pessoas, indicaram as autoridades.

Após as primeiras revelações de abusos, também em países como Sudão do Sul e Libéria, o diretor-geral da Oxfam no Reino Unido, Mark Goldring, afirmou que o escândalo era "desproporcional", mas no domingo admitiu que a organização deveria ter sido mais transparente.