Itália mergulhada nas incertezas às vésperas das legislativas
Roma, 26 Fev 2018 (AFP) - A Itália encara as eleições legislativas de 4 de março próximo com três grandes forças políticas em disputa e, de acordo com as pesquisas, a vantagem está com a direita.
Ainda assim, nenhum partido deve obter a maioria necessária para compor o governo, gerando um clima de total incerteza.
A coalizão de direita - na qual brilha o magnata e três vezes primeiro-ministro Silvio Berlusconi e seu partido Forza Italia, aliado dos xenófobos da Liga Norte e dos neofascistas Irmãos da Itália - teria apenas 35% dos votos, percentual insuficiente para governar, já que o mínimo necessário é 40%.
Se essas estimativas se confirmarem, a coalizão de direita terá de negociar com outras siglas para conseguir formar um Executivo.
As negociações podem ser bem difíceis, lembrando muitos italianos dos anos mais negros de sua história recente, marcados por disputas que geraram governos frágeis de curta duração.
"Estamos prontos para governar. Já tenho o nome do primeiro-ministro", afirma o sempre otimista magnata, que dá entrevistas, recebe correspondentes e aparece na televisão, em um retorno inédito à política após sua condenação na Justiça para dar nova vida à direita.
Segundo as últimas pesquisas, a indecisão reina entre milhões de eleitores, que serão chave para o futuro da terceira economia da União Europeia. Com dificuldade, o país começa a sair do estancamento.
Os especialistas calculam que dez milhões dos cerca de 50 milhões de eleitores ainda não decidiram se vão votar. Nesse sentido, neste momento, é impossível fazer estimativas confiáveis.
O panorama se complica, devido à polêmica reforma eleitoral adotada em outubro, a qual favorece as alianças políticas e penaliza legendas independentes como o Movimento 5 Estrelas, que se apresenta sozinho.
A Itália mudou muito na última década. Além de ter sofrido uma grave crise econômica e social, surgiu o M5E, uma formação antissistema, que se diz "sem ideologia", apoiada, sobretudo, por jovens dispostos a quebrar a tradicional bipolaridade entre direita e esquerda.
- Um M5E sem aliados -Confirmando-se as pesquisas, o movimento antissistema, que se nega a negociar alianças, seria o maior partido do país, com 27,8% das intenções de voto. Os indignados "à italiana" lideram há meses as enquetes e estão dispostos a governar pela primeira vez o país, se conseguirem a façanha dos 40% e apesar da falta de experiência, das divisões e dos escândalos internos que explodiram nas últimas semanas de campanha eleitoral.
Em um país com um sistema parlamentar tão diferente do presidencial, os governos se formam e morrem no Parlamento, onde é necessário contar com amplos e até censuráveis apoios.
A situação também é complicada para a coalizão governista de centro-esquerda, a qual teria 27,4% das intenções de voto, com o outrora maior partido da Itália - o Partido Democrático (PD) - aparecendo com 22,9%. Este é um resultado decepcionante, ainda que o atual premiê, Paolo Gentiloni, esteja entre os políticos mais estimados do país, como apontam pesquisas recentes.
Não se exclui, portanto, que o PD e o partido de Berlusconi - que se apresenta aos 81 anos como o sábio pai da pátria mesmo inabilitado para exercer cargos públicos até 2019 - formem uma "grande coalizão", uma espécie de aliança entre ex-democrata-cristãos e ex-socialdemocratas, como a forjada pela chanceler Angela Merkel na Alemanha.
A aliança entre inimigos ferrenhos é um cenário que causaria muito desconforto e deixaria vários partidos de fora. Entre eles, vários da extrema direita, como a Liga Norte, de Matteo Salvini, no limite da ideologia racista, além do M5E.
Também surpreende a força que o partido de extrema direita fascista CasaPound vem ganhando. Esse nanico espera obter pelo menos os 3% necessários para entrar no Parlamento. Foi o movimento de extrema direita que mais cresceu na Europa, graças à exaltação do ódio ao imigrante negro e à defesa da própria "raça e cultura".
As principais forças políticas prometeram baixar impostos, fazer mais investimentos, aumentar a aposentadoria e expulsar milhares de imigrantes em situação ilegal.
"1 bilhão, a cifra astronômica das promessas eleitorais", calculou o jornal "La Stampa".
Todas as siglas voltam seu discurso para os jovens sem futuro, para os afetados pela crescente desigualdade, para os que perderam a rede de proteção social, já que o país viu a pobreza aumentar nos últimos dez anos. Em 2017, quase cinco milhões de italianos viviam na "pobreza absoluta".
Ainda assim, nenhum partido deve obter a maioria necessária para compor o governo, gerando um clima de total incerteza.
A coalizão de direita - na qual brilha o magnata e três vezes primeiro-ministro Silvio Berlusconi e seu partido Forza Italia, aliado dos xenófobos da Liga Norte e dos neofascistas Irmãos da Itália - teria apenas 35% dos votos, percentual insuficiente para governar, já que o mínimo necessário é 40%.
Se essas estimativas se confirmarem, a coalizão de direita terá de negociar com outras siglas para conseguir formar um Executivo.
As negociações podem ser bem difíceis, lembrando muitos italianos dos anos mais negros de sua história recente, marcados por disputas que geraram governos frágeis de curta duração.
"Estamos prontos para governar. Já tenho o nome do primeiro-ministro", afirma o sempre otimista magnata, que dá entrevistas, recebe correspondentes e aparece na televisão, em um retorno inédito à política após sua condenação na Justiça para dar nova vida à direita.
Segundo as últimas pesquisas, a indecisão reina entre milhões de eleitores, que serão chave para o futuro da terceira economia da União Europeia. Com dificuldade, o país começa a sair do estancamento.
Os especialistas calculam que dez milhões dos cerca de 50 milhões de eleitores ainda não decidiram se vão votar. Nesse sentido, neste momento, é impossível fazer estimativas confiáveis.
O panorama se complica, devido à polêmica reforma eleitoral adotada em outubro, a qual favorece as alianças políticas e penaliza legendas independentes como o Movimento 5 Estrelas, que se apresenta sozinho.
A Itália mudou muito na última década. Além de ter sofrido uma grave crise econômica e social, surgiu o M5E, uma formação antissistema, que se diz "sem ideologia", apoiada, sobretudo, por jovens dispostos a quebrar a tradicional bipolaridade entre direita e esquerda.
- Um M5E sem aliados -Confirmando-se as pesquisas, o movimento antissistema, que se nega a negociar alianças, seria o maior partido do país, com 27,8% das intenções de voto. Os indignados "à italiana" lideram há meses as enquetes e estão dispostos a governar pela primeira vez o país, se conseguirem a façanha dos 40% e apesar da falta de experiência, das divisões e dos escândalos internos que explodiram nas últimas semanas de campanha eleitoral.
Em um país com um sistema parlamentar tão diferente do presidencial, os governos se formam e morrem no Parlamento, onde é necessário contar com amplos e até censuráveis apoios.
A situação também é complicada para a coalizão governista de centro-esquerda, a qual teria 27,4% das intenções de voto, com o outrora maior partido da Itália - o Partido Democrático (PD) - aparecendo com 22,9%. Este é um resultado decepcionante, ainda que o atual premiê, Paolo Gentiloni, esteja entre os políticos mais estimados do país, como apontam pesquisas recentes.
Não se exclui, portanto, que o PD e o partido de Berlusconi - que se apresenta aos 81 anos como o sábio pai da pátria mesmo inabilitado para exercer cargos públicos até 2019 - formem uma "grande coalizão", uma espécie de aliança entre ex-democrata-cristãos e ex-socialdemocratas, como a forjada pela chanceler Angela Merkel na Alemanha.
A aliança entre inimigos ferrenhos é um cenário que causaria muito desconforto e deixaria vários partidos de fora. Entre eles, vários da extrema direita, como a Liga Norte, de Matteo Salvini, no limite da ideologia racista, além do M5E.
Também surpreende a força que o partido de extrema direita fascista CasaPound vem ganhando. Esse nanico espera obter pelo menos os 3% necessários para entrar no Parlamento. Foi o movimento de extrema direita que mais cresceu na Europa, graças à exaltação do ódio ao imigrante negro e à defesa da própria "raça e cultura".
As principais forças políticas prometeram baixar impostos, fazer mais investimentos, aumentar a aposentadoria e expulsar milhares de imigrantes em situação ilegal.
"1 bilhão, a cifra astronômica das promessas eleitorais", calculou o jornal "La Stampa".
Todas as siglas voltam seu discurso para os jovens sem futuro, para os afetados pela crescente desigualdade, para os que perderam a rede de proteção social, já que o país viu a pobreza aumentar nos últimos dez anos. Em 2017, quase cinco milhões de italianos viviam na "pobreza absoluta".
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