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A autoflagelação sangrenta da Sexta-Feira Santa nas Filipinas

30.mar.2018 - Ritual de Páscoa nas Filipinas - Noah Seelam/AFP
30.mar.2018 - Ritual de Páscoa nas Filipinas Imagem: Noah Seelam/AFP

30/03/2018 09h46Atualizada em 30/03/2018 10h44

Alguns fiéis optam pela crucificação, outros pela autoflagelação até sangrar durante os rituais tradicionais da Sexta-Feira Santa nas Filipinas, que ilustram o fervor religioso deste país de maioria católica da Ásia.

Várias cidades celebram durante a Semana Santa um dos momentos mais emblemáticos da Paixão de Cristo. As representações, que não têm o apoio da Igreja católica local, atraem muitos fiéis e turistas em um ambiente quase carnavalesco e propício para os negócios.

Ao menos três pessoas utilizaram cruzes de madeira em localidades ao norte de Manila.

Os penitentes fixam as mãos e os pés com pregos de oito centímetros.

Mas eles passam poucos minutos crucificados e apoiados em uma pequeno degrau que ajuda a suportar o peso do corpo, antes de descer e receber atendimento.

Outro momento aguardado do dia é a procissão de penitentes que flagelam as costas até deixá-las em carne viva, diante de um público que tira selfies.

Na passagem, os veículos, muros e até as garrafas de refrigerante vendidas pelos ambulantes são atingidas por gotas de sangue.

"É o que alguém faz quando um parente fica doente", explica Norman Lapuot, de 25 anos, enquanto golpeia o corpo com um chicote com pontas de bambu.

Este católico fervoroso explica que é a quarta vez que participa na cerimônia. Ele está convencido de que foi isto que possibilitou a recuperação de seu avô de um acidente vascular cerebral.

A maior parte dos 80 milhões de católicos das Filipinas passa o dia na igreja ou com suas famílias, mas os devotos que se submetem a tais 'castigos' desejam o perdão para seus pecados ou expressar o agradecimento por intervenções divinas.

A Igreja filipina afirma que Jesus Cristo já viveu estes momentos pelos homens e que, portanto, não há motivo para repetir o sofrimento.

"A Igreja não estimula a autoflagelação e menos ainda a crucificação", afirmou Roy Bellen, porta-voz da arquidiocese de Manila.

"Os sacrifícios exigidos aos católicos durante a Quaresma e a Semana Santa devem resultar em ações que ajudem os pobres e os necessitados",, disse.