Maduro expulsa representantes dos EUA em resposta a sanções de Trump
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta terça-feira (22) a expulsão de dois dos maiores representantes dos Estados Unidos em Caracas, após repudiar as sanções econômicas de Washington em represália por sua reeleição.
Maduro declarou persona no grata o encarregado de negócios Todd Robnson e o ministro conselheiro. "Devem deixar o país em 48 horas em protesto e defesa da dignidade da pátria venezuelana. Já basta de conspirações!", disse o governante socialista.
A porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, considerou "falsas" as acusações de Maduro, e um funcionário disse à AFP que são avaliadas "medidas recíprocas". Ambos os países estão sem embaixadores desde 2010.
Adiantando-se a uma expulsão de seu encarregado de Negócios em Washington, Carlos Ron, o governo venezuelano o nomeou vice-ministro das Relações Exteriores para América do Norte, segundo anunciou o chanceler Jorge Arreaza.
"Rechaçamos energicamente as acusações contra mim e contra meu ministro-conselheiro", disse Robinson a jornalistas na cidade de Mérida (oeste).
Maduro identificou Naranjo como o representante em Caracas da Agência Central de Inteligência (CIA) e disse ter "provas" da "conspiração" dos Estados Unidos e de sua embaixada nos campos militar, econômico e político. Ambos os países carecem de embaixadores desde 2010.
'Ganhei uma boa disputa'
Maduro foi proclamado oficialmente reeleito para governar até 2025, com um país em ruína e cada vez mais isolado, após a rejeição de vários governos que apoiaram o boicote da opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD).
Com uma abstenção eleitoral recorde de 54%, Maduro foi reeleito com 68% dos votos contra 21% do ex-chavista Henri Falcón, que participou se afastando da linha da MUD e acusou o governo de "compra de votos" e "chantagem" com os programas sociais.
"Ganhei uma boa disputa. Ninguém me deu essa vitória (...) que conquistei com a bravura e coragem com que enfrento o império", expressou na cerimônia ante a cúpula militar, o gabinete e membros da governista Assembleia Constituinte.
Os Estados Unidos descreveram as eleições como uma "farsa" e anunciaram imediatamente sanções, enquanto a União Europeia denunciou "irregularidades" na eleição e analisa medidas.
"Ao governo de Donald Trump, ao governo da Ku Klux Klan, eu digo: nem com sanções nem com ameaças nem conspirações vocês impediram as eleições", disse Maduro, acusando Falcón de ceder à pressão de Washington.
O Grupo Lima, composto por Canadá e 13 países latino-americanos, chamou para consultas seus embaixadores em Caracas e concordou em baixar o nível das relações e bloquear fundos internacionais à Venezuela.
"O que está vindo é um maior isolamento diplomático e comercial, e mais dificuldades de conceder crédito e financiamento", previu o analista Diego Moya-Ocampos, do IHS Markit, com sede em Londres.
Revolução econômica
Os analistas preveem um agravamento do colapso socioeconômico do país com as maiores reservas de petróleo do mundo, refletidas na escassez de alimentos e remédios, na hiperinflação, na brutal queda da economia e na produção de petróleo e no êxodo de centenas de milhares de pessoas.
"Me comprometo a fazer uma revolução econômica", disse o presidente, prometendo prosperidade durante seu segundo mandato, que terá início em janeiro de 2019.
Mas os Estados Unidos, que compram um terço da produção de petróleo venezuelano e ameaçam com um embargo de petróleo, buscam complicar a chegada de recursos em tempos de grave falta de liquidez.
Trump já havia proibido os americanos de negociar novas dívidas do país sul-americano, em default parcial, e na segunda-feira ampliou a medida para ativos e contas a pagar do país e da estatal Pdvsa.
"A Venezuela está começando a sofrer um boicote econômico dos Estados Unidos e de seus aliados. Será fatal para a permanência do regime", disse à AFP o internacionalista Carlos Romero.
Os Estados Unidos, o Canadá e a UE sancionaram dezenas de hierarcas venezuelanos. Na lista de Washington figuram, inclusive, Maduro e o número dois do chavismo, Diosdado Cabello.
Maduro pediu um "diálogo", mas a oposição, profundamente dividida, assegurou que não cairá em "estratégias dilatórias" e pede "eleições verdadeiras".
O Parlamento de maioria opositora, na prática anulado pelo governo através do poder judiciário e da Constituinte, chamou nesta terça-feira Maduro de "usurpador".
"Que fique claro, é um ditador. Não podemos continuar divididos", assegurou a deputada Mariela Magallanes.
Para os especialistas, o desafio da oposição é se reunificar em torno de "uma estratégia" que quebre o chavismo, no poder desde 1999.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.