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Santos assina adesão à OCDE e promete continuar a trabalhar pela paz

30/05/2018 12h49

Paris, 30 Mai 2018 (AFP) - O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, assinou nesta quarta-feira (30) o acordo de adesão à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em uma cerimônia em Paris, na sede da instituição.

Santos, que assinou o documento em uma cerimônia junto com Ángel Gurría, o secretário-geral do organismo, disse que se sentia "muito orgulhoso" e afirmou que a cooperação internacional é "mais importante do que nunca".

"A assinatura do acordo de paz que acabou com mais de 50 anos de conflito interno foi outro grande momento (para a Colômbia) e uma condição necessária para que o nosso desenvolvimento decolasse. As duas conquistas são as fundações de um país moderno que agora pode dedicar toda a sua energia e todo o seu talento a melhorar a vida dos colombianos", assegurou.

A entrada da Colômbia na OCDE se tornará efetiva quando forem aplicadas a nível nacional as medidas necessárias para se unir à Convenção da OCDE e tiverem entregado a solicitação de adesão às autoridades francesas, depositárias da Convenção.

Esta manhã, Santos, vencedor do Nobel da Paz em 2016, fez um comparecimento solene no Parlamento europeu em Estrasburgo, na França, onde disse que a paz é "irreversível" e agradeceu "de coração" à União Europeia (UE) por seu apoio no processo.

"Hoje estou aqui diante de vocês para ratificar nossa vontade de trabalhar pela paz, mas, sobretudo, para dizer obrigado, muito obrigado ao generoso povo europeu", disse Santos entre aplausos dos eurodeputados em Estrasburgo.

Na terça-feira, Bruxelas confirmou o estatuto da Colômbia como "sócio global" da Otan.

Santos, que vai deixar o poder em agosto, destacou que a eleição presidencial em curso é a primeira depois de meio século sem a "ameaça" da guerrilha das Farc.

E embora tenha destacado que "o avanço até a paz é definitivo e irreversível", considerou que várias ameaças continuam sobre seu país, como a guerrilha Exército de Libertação Nacional (ELN), com a qual negocia a paz, e grupos vinculados ao narcotráfico.

"Não venho dizer a vocês que a Colômbia já alcançou a paz completa, pois não é assim", indicou o presidente que, contudo, defendeu seu "modelo bem-sucedido de processo de paz" com as Farc "em um mundo cheio de conflitos a serem resolvidos".

Santos aproveitou para reiterar seu agradecimento à UE por seu envolvimento no processo de paz, ao qual destinou Eamon Gilmore como enviado especial, mas também no período pós-conflito. "Agradeço de coração pelo apoio ao nosso presente e ao nosso futuro".

Os europeus criaram um Fundo Fiduciário para o futuro colombiano com uma doação inicial de 95 milhões de euros, dos quais já foram comprometidos 62 milhões em projetos, e habilitaram outros 85 milhões para o processo de desminar, explicou o presidente.

Antes de começar seu discurso, Santos saudou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, a quem, no passado, qualificou de "anjo da guarda" por seu compromisso com o processo de paz colombiano.

Em declaração à imprensa, o chefe de Estado também agradeceu a oferta europeia de ajudar na atenção do fluxo de pessoas que fogem da Venezuela, uma situação que pode chegar "a uma verdadeira crise de refugiados", segundo o presidente da Eurocâmara, Antonio Tajani.

A Colômbia se tornará o terceiro país latino-americano membro da OCDE, depois de Chile e México. Outros países da região, como Brasil e Costa Rica, também apresentaram uma demanda de adesão.

Após destacar a entrada na OCDE e a colaboração com a Otan como o primeiro "sócio global" da América Latina, Santos destacou que deixará para seu sucessor um país "sem conflito armado com as Farc, com menos pobreza e com mais igualdade". "Que bom poder deixar este legado", acrescentou.