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Delatora que vazou dados sobre ingerência russa nos EUA ficará 5 anos presa

23/08/2018 18h31

Miami, 23 Ago 2018 (AFP) - Uma ex-funcionária terceirizada da Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês) dos Estados Unidos, que vazou informações a jornalistas sobre a atuação de hackers russos em sistemas eleitorais no país, foi sentenciada nesta quinta-feira (23) a mais de cinco anos de prisão, uma pena inédita por sua severidade.

Depois de Reality Winner, de 26 anos, se declarar culpada, um juiz federal de Augusta (Geórgia) a sentenciou a 63 meses de prisão.

De acordo com seus advogados, esta é a pena mais rigorosa proferida até o momento por vazamento de informação sigilosa à imprensa, e foi imposta mesmo após os dados terem sido oficialmente divulgados por Washington.

"A acusada conspirou para obter e divulgar informação sigilosa que havia jurado guardar, e o fez assim que teve a oportunidade", disse o procurador-geral adjunto John Demers em um comunicado.

A ex-linguista da Força Aérea foi presa em junho de 2017, horas antes de The Intercept, uma publicação on-line que costuma dar informações sobre questões de segurança nacional, publicar uma reportagem baseada nos documentos que ela havia obtido.

Esses documentos continham detalhes sobre os esforços da Inteligência militar russa de penetrar em uma empresa que vende software de registro de eleitores, bem como os computadores de funcionários do sistema eleitoral.

Três meses após a prisão de Winner, o Departamento de Segurança Interna revelou que os russos tentaram hackear os sistemas de 21 dos 50 estados dos Estados Unidos em 2016.

Os advogados de Winner disseram ao tribunal que a sentença discutida neste caso era muito maior do que a imposta em casos anteriores de vazamento de informações confidenciais.

"Isto não foi um download maciço de dados sensíveis como o caso do WikiLeaks, nem foi uma revelação de segredos militares", disseram.

Referiam-se ao caso de Chelsea Manning - anteriormente conhecida como Bradley Manning -, então um analista da Inteligência que vazou uma enorme quantidade de documentos ultrassecretos da Defesa e diplomacia americanas em 2010.

Manning foi sentenciada em fevereiro de 2013 a 35 anos de prisão pelas 17 acusações, embora o presidente Barack Obama posteriormente tenha comutado sua sentença argumentando que era desproporcional.

A Agência de Segurança Nacional ainda está lidando com vários vazamentos depois que seu ex-analista Edward Snowden divulgou em 2013 seus programas de vigilância global.

Ativistas de direitos humanos criticaram a sentença como excessiva.

De acordo com Trevor Timm, diretor executivo da Freedom of the Press Foundation, Reality Winner "alertou o público para uma ameaça crítica à segurança eleitoral".