Topo

Nicarágua impede entrada no país de grupo pró-direitos humanos

26/10/2018 18h17

Manágua, 26 Out 2018 (AFP) - Autoridades migratórias da Nicarágua negaram nesta sexta-feira (26) a entrada no país de uma comitiva do Centro pela Justiça e o Direito Internacional (Cejil), organização defensora dos direitos humanos, denunciou o grupo.

Três ativistas do Cejil chegaram esta manhã ao aeroporto internacional de Manágua, convidados pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), mas não tiveram sua entrada permitida e precisaram voltar para a Costa Rica, reportou a entidade no Twitter.

"Embora tivéssemos um convite formal da CIDH, as autoridades migratórias nos negaram o acesso. Essa ação demonstra mais uma vez a arbitrariedade do governo e sua falta de compromisso com os direitos humanos e a democracia", expressou o Cejil.

"Lamentamos esta atuação das autoridades nicaraguenses. Estamos convencidos de que na Nicarágua há um fechamento absoluto dos espaços democráticos, há milhares de pessoas indefesas nesse país que necessitam do nosso apoio e do apoio internacional", disse depois Marcia Aguiluz, integrante da delegação do Cejil, em entrevista coletiva em San José.

Junto com ela foram deportadas Francisca Stuardo e Paola Limón.

Aguiluz explicou que, na quinta-feira, as três informaram que viajariam para a Nicarágua para fins não turísticos, conforme exigido pelo governo, mas na Imigração, um funcionário informou que eles não poderiam entrar porque não haviam "avisado com antecedência suficiente".

"Vamos continuar com toda a nossa voz e toda nossa energia denunciando o que acontece na Nicarágua", afirmou a ativista.

A ação também foi repudiada por organizações pelo Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh), que questionou o governo do presidente Daniel Ortega e de sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo.

"O regime Ortega-Murillo, mais uma vez, dificulta o trabalho dos defensores dos direitos humanos ao negar a entrada da equipe do Cejil na Nicarágua", tuitou o centro.

"O maior exemplo de que as coisas vão bem em um Estado é quando este tem as portas abertas à fiscalização internacional e, definitivamente, estamos preocupados que essas portas se fechem" na Nicarágua, declarou a ex-procuradora guatemalteca Claudia Paz y Paz, integrante de um grupo de especialistas da CIDH.

A Comissão instalou na Nicarágua, com o aval do governo, dois grupos de trabalho para acompanhar a grave situação de direitos humanos vivida pelo país desde que, há seis meses, iniciaram manifestações contra Ortega.

A repressão dos protestos deixou mais de 320 mortos, 2.000 feridos e centenas de detidos na Nicarágua, segundo grupos humanitários.