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Líder opositor venezuelano não descarta anistia para Maduro

25/01/2019 02h01

Caracas, 25 Jan 2019 (AFP) - O líder opositor Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela, não descarta uma eventual anistia ao presidente Nicolás Maduro, apesar de considerá-lo responsável pelas vítimas nos protestos.

Em entrevista à rede de TV Univisión, Guaidó avaliou que "em períodos de transição ocorrem coisas similares (...) e não podemos descartar qualquer elemento, mas será preciso ser muito firme com o futuro (...), especialmente para responder à emergência humanitária".

Na entrevista, realizada por Skype de algum lugar não identificado de Caracas, Guaidó responsabilizou Maduro pelas mortes ocorridas esta semana durante os protestos contra o governo chavista.

Segundo ONGs, a repressão aos protestos deixou 26 mortos, todos baleados.

"Isto teria que ser revisto (a anistia), ele também é funcionário público, lamentavelmente é um ditador e o responsável pelas vítimas de ontem na Venezuela", declarou Guaidó.

O Parlamento, único poder controlado pela oposição na Venezuela, prometeu no dia 15 de janeiro passado uma "anistia" para os militares que rejeitarem o governo Maduro, declarado "usurpador" da presidência.

"Vamos avaliar, mas esta anistia e estas garantias são para todos os que estejam dispostos a ficar do lado da Constituição e recuperar a ordem constitucional", acrescentou Guaidó, que descartou qualquer diálogo entre a oposição e o governo de Maduro.

"O diálogo não faz parte do cenário, o que está em discussão são os mecanismos necessários para conseguir o fim da usurpação, um governo de transição e eleições livres". Maduro sempre utiliza o diálogo "para enganar o povo e ganhar tempo".

Onze dos 14 países do Grupo Lima, incluindo o Brasil, assim como os Estados Unidos e o Canadá, reconhecem Guaidó como o atual presidente da Venezuela.

Mais cedo, o vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão, defendeu a criação de um "corredor de escape" para que Maduro abandone a Venezuela.

"Temos que deixar um lugar para o Maduro e a sua turma escapar, deixar ele ir embora e o país se reconstruir a partir daí".

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