Comerciantes de Hong Kong se unem a movimento de protesto
Hong Kong, 11 Jun 2019 (AFP) - Dezenas de empresas e estabelecimentos comerciais de Hong Kong anunciaram, nesta terça (11), sua intenção - incomum na ex-colônia britânica - de fechar as portas na quarta-feira para protestar contra o projeto altamente controverso do governo local de permitir extradições para a China.
Os manifestantes também convocaram uma mobilização a partir desta terça à noite perto do Parlamento, o que pode levar a confrontos semelhantes aos que ocorreram na madrugada de segunda-feira ao final da passeata.
No domingo, a ex-colônia britânica foi palco do maior protesto ocorrido desde sua transferência para a China em 1997. De acordo com os organizadores, mais de um milhão de pessoas foram às ruas pedir ao Executivo de Hong Kong que desista de seu projeto de lei.
O texto provocou críticas de países ocidentais, bem como o clamor de alguns em Hong Kong, que temem uma Justiça chinesa opaca e politizada e acreditam em que essa reforma prejudicará a imagem internacional e a atratividade do território semiautônomo.
A escala do protesto não intimidou, porém, a chefe do Executivo local, Carrie Lam. Ela reiterou que o Conselho Legislativo (LegCo) - o "Parlamento" de Hong Kong - analisaria, como previsto, este texto em segunda e terceira leitura.
A segurança foi reforçada em torno do LegCo.
- #greve1206 -Vários comerciantes já se mobilizaram nas redes sociais, sob a hashtag que pode ser traduzida como "#greve1206", para anunciar que sua loja fechará suas portas para permitir que seus funcionários possam protestar.
São, principalmente, empresas familiares e pequenas lojas no coração da economia local, mas raramente ouvidas no debate político.
Nesta terça-feira, mais de 100 empresas anunciaram sua intenção de fechar as portas, entre elas cafés e restaurantes, lojas de câmeras e de brinquedos, salões de beleza, estúdios de ioga e até mesmo uma sex shop.
"Hong Kong foi construída pelo trabalho duro de gerações", diz o estúdio Meet Yoga em sua conta no Instagram.
No acordo de 1984 entre Londres e Pequim, que selou sua retrocessão em 1997, Hong Kong desfruta de uma semiautonomia e liberdades que não existem na China continental e, em tese, até 2047.
A ex-colônia britânica tem sido, no entanto, palco de intensa agitação política na última década, devido à preocupação com a crescente interferência de Pequim em seus assuntos internos e com a sensação de que a retrocessão e o famoso princípio "Um país, dois sistemas" não são mais respeitados.
- "Atos radicais" -Mais de 1.600 funcionários de companhias aéreas assinaram um abaixo-assinado, pedindo a seu sindicato que entre em greve.
Um sindicato de motoristas de ônibus convida seus membros a dirigirem muito lentamente na quarta-feira para mostrar seu apoio aos manifestantes.
Professores, enfermeiros e assistentes sociais também expressaram sua disposição em interromper o trabalho.
Lam protestou contra as greves, um método raramente usado no grande centro financeiro e comercial de Hong Kong.
"Peço às escolas, pais, grupos, empresas e sindicatos, que, antes de convocarem esses atos radicais, perguntem sobre o bem que podem fazer à sociedade e aos jovens de Hong Kong", disse.
O projeto de lei deve permitir extradições para todas as jurisdições, com as quais não exista acordo bilateral, incluindo a China continental.
O texto - dizem as autoridades - deve preencher um vácuo legal e fazer que a cidade deixe de ser um refúgio para alguns criminosos. As autoridades garantem que existem salvaguardas em relação aos direitos humanos e que não terá adversários políticos da China como alvo.
Depois de anos de tensão política, porém, muitos moradores de Hong Kong não acreditam mais nas promessas de seus políticos e desconfiam das intenções do governo chinês.
No final de 2014, o centro de Hong Kong foi bloqueado durante várias semanas pelo "Movimento dos Guarda-chuvas", uma mobilização para exigir que a eleição do chefe do Executivo acontecesse por sufrágio universal. Pequim não deixou passar.
A oposição ao projeto de lei une segmentos muito diversos da população de Hong Kong, incluindo a diocese católica de Hong Kong, que pediu à Lam, uma católica fervorosa, que renuncie.
Por coincidência de calendário, a Justiça da Nova Zelândia se opôs, nesta terça-feira (11), à extradição para a China de um homem procurado por homicídio, evocando o risco de ser torturado.
Os Estados Unidos manifestaram sua preocupação com o ambiente econômico em Hong Kong e com os americanos de passagem, ou instalados localmente, que estarão "sujeitos aos caprichos do sistema judiciário chinês".
A China criticou nesta terça-feira "comentários irresponsáveis e equivocados".
ey-jta/jac/phv/mr/tt
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.