Irã denuncia outra incursão dos EUA, também suspeitos de ciberataque
O Irã informou neste domingo sobre um incidente anterior referente a "um drone espião americano" que teria invadido seu espaço aéreo no final de maio.
Em uma mensagem postada no Twitter, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohamad Javad Zarif, disse que se tratou de um aparelho "MQ9" (código do drone de vigilância e ataque americao Predator B) e que o incidente ocorreu em 26 de maio.
Zarif publicou em seu tuíte um "mapa itinerário do drone espião MQ9 na data de 26 de maio de 2019".
O mapa oferece uma lista precisa da evolução de um dispositivo naquele dia entre 19h12 e 9 segundos e 22H52 e 7 segundos, sem especificar o fuso horário.
De acordo com o mapa, a aeronave entrou no espaço aéreo iraniano, localizado acima das águas territoriais do país, na costa de Asaluyeh, uma cidade portuária no sul do Irã, às 20h29 e partiu entre 21h21 e 21h29, após receber um aviso do Irã por volta das 20h30.
Sempre de acordo com o gráfico, o aparelho recebeu mais dois "avisos" entre 21h31 e 21h33, quando se aproximou bastante da fronteira marítima iraniana.
Por outro lado, a imprensa americana informou no sábado que os Estados Unidos realizaram durante a semana passada ataques cibernéticos contra sistemas de lançamento de mísseis e uma rede de espionagem do Irã, após a destruição por parte de Teerã de um drone americano.
Segundo este último o "Washington Post", um dos ataques teve como alvo computadores que controlam os lançamentos de mísseis e foguetes.
O outro, de acordo com o Yahoo! News, visou a uma rede de espionagem iraniana reponsável por vigiar a passagem de embarcações pelo Estreito de Ormuz.
O Washington Post afirma que os ataques cibernéticos, planejados há várias semanas, teriam sido inicialmente propostos pelos militares americanos, em resposta a ataques contra navios petroleiros no Estreito de Ormuz em meados do mês, nos quais Teerã negou participação.
Procurado pela AFP, o Pentágono não quis comentar o assunto.
A agência de notícias iraniana Fars, próxima aos conservadores, disse neste domingo que Teerã ainda não reagiu às informações da imprensa norte-americana.
"Não está claro se os ataques foram realizados ou não", afirma a Fars, sugerindo que essa informação dos Estados Unidos poderia ser um "blefe destinado à opinião pública para melhorar a imagem da Casa Branca" após a destruição do drone.
Em 2010, Teerã acusou os Estados Unidos e Israel de criarem, em plena crise envolvendo o programa nuclear iraniano, o poderoso vírus Stuxnet, com o qual infectaram milhares de computadores iranianos e bloquearam centrífugas usadas no enriquecimento de urânio.
Prudência e não fraqueza
Neste domingo, em Israel, John Bolton, assessor de segurança nacional do presidente americano, alertou ao Irã para que não confunda a "prudência" de seu país com "fraqueza".
"Nem o Irã nem qualquer outro ator hostil deve confundir prudência e discrição dos EUA com fraqueza", disse Bolton antes de se reunir em Jerusalém com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Já o emissário americano para o Irã, Brian Hook, pediu a "todos os países que convençam Teerã a aliviar a tensão".
Em uma entrevista coletiva, o diplomata disse que os Estados Unidos "não têm interesse em um confronto militar com o Irã, e reforçamos nosso dispositivo na região (do Golfo) apenas por razões defensivas".
Trump, por sua vez, anunciou no sábado que haverá novas e importantes sanções contra Teerã.
O Irã não hesitou em advertir que qualquer ataque contra seu território terá consequências devastadoras para os interesses dosEstados Unidos na região.
O Irã diz que tem "evidências irrefutáveis" mostrando que o drone entrou em seu espaço aéreo e escreveu ao secretário-geral e ao Conselho de Segurança da ONU para denunciar o que considera uma "ação de provocação" dos Estados Unidos.
Washington negou estas afirmações categoricamente e afirmou que o drone foi abatido no espaço aéreo internacional.
Os Estados Unidos convocaram uma reunião a portas fechadas do Conselho de Segurança da ONU nesta segunda-feira.
As tensões entre os dois países não param de aumentar desde a retirada americana, em maio de 2018, do acordo internacional sobre a energia nuclear do Irã, seguida pela reintrodução das sanções contra o Irã.
Apesar de repetirem que não querem uma guerra, a escalada e os vários incidentes no Golfo fazem temer um confronto direto entre Estados Unidos e Irã.
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