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EUA acusam chineses de colaboração com programa militar norte-coreano

O líder norte-coreano, Kim Jong Un, e o presidente dos EUA, Donald Trump, se encontraram em Hanói, capital vietnamita  - KCNA VIA KNS/AFP
O líder norte-coreano, Kim Jong Un, e o presidente dos EUA, Donald Trump, se encontraram em Hanói, capital vietnamita Imagem: KCNA VIA KNS/AFP

Em Washington

24/07/2019 08h06

Uma empresa chinesa e quatro de seus dirigentes foram indiciados nos Estados Unidos acusados de colaboração com o programa militar da Coreia do Norte, informou hoje o Departamento de Justiça americano.

"Através de mais de 20 empresas de fachada, os processados são acusados de terem procurado esconder transações financeiras ilegais em nome de entidades norte-coreanas sancionadas que estavam envolvidas na proliferação de armas de destruição em massa", disse o procurador-geral adjunto John Demers, citado em um comunicado.

A Dandong Hongxiang Industrial Development Co. Ltd (DHID), seu proprietário Ma Xiaohong, seu diretor-geral Zhou Jianshu, seu vice-diretor-geral Hong Jinhua e seu diretor financeiro Luo Chuanxue foram indiciados na segunda-feira por um Grande Júri federal em Nova Jersey, de acordo com um comunicado da procuradoria.

Os quatro não foram detidos e provavelmente estão na China, segundo o Departamento de Justiça.

Segundo a acusação, DHID trabalhou com a empresa norte-coreana Korea Kwangson Banking Corp. (KKBC), que tem laços com outras duas empresas norte-coreanas sancionadas, Tanchon Commercial Bank (Tanchon) e Korea Hyoksin Trading Corporation (Hyoksin).

Tanchon e Hyoksin são objeto de sanções devido a seus vínculos com a Korea Mining Development Trading Co. (KOMID), considerada pelos Estados Unidos como principal comerciante de armas e exportadora de bens e equipamentos relacionados com mísseis balísticos e armas convencionais da Coreia do Norte.

Os réus enfrentam uma sentença máxima de 20 anos de prisão e uma multa de um milhão de dólares por violar a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA, pela sigla em inglês).

Também podem ser punidos com até cinco anos de prisão por conspiração para violar a IEEPA e a mais 20 anos por conspiração para lavagem de dinheiro.

A porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, disse hoje que as autoridades chinesas estão "investigando" o caso.

"A China é contra os Estados Unidos usarem suas leis nacionais para estender sua jurisdição a entidades e indivíduos chineses", declarou em uma coletiva de imprensa.

Já em 2016, o ministério das Relações Exteriores chinês afirmou que estava conduzindo uma investigação sobre a DHID em razão de supostos "crimes econômicos e outras atividades ilegais".

Os Estados Unidos impuseram pesadas sanções à Coreia do Norte como parte de uma campanha internacional para forçá-la a desistir de seus programas nuclear e balístico.

Apesar dos duros efeitos dessas sanções sobre a economia norte-coreana, Pyongyang ainda não interrompeu esses programas.

Desde 2018, o presidente americano Donald Trump tenta negociar com o líder norte-coreano Kim Jong-un. E apesar de um relaxamento das relações bilaterais, simbolizado por um encontro histórico em 30 de junho entre os dois líderes na zona desmilitarizada entre as duas Coreias, as discussões patinam.

Washington exige que Pyongyang desista de seu programa nuclear antes de considerar suspender as sanções internacionais. A Coreia do Norte, por sua vez, quer um alívio imediato das sanções, bem como garantias a respeito de sua segurança em troca do abandono de suas armas estratégicas.

A China, principal apoio diplomático e comercial da Coreia do Norte, aprovou sanções internacionais nos últimos anos, mas vem pedindo há alguns meses para amenizá-las.